Capítulo IX

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Olá! Me desculpem a demora, voltou as aulas e a faculdade já está tomando meu tempo, porém esse capítulo ficou maior que os outros, é uma forma de me redimir hahahah.
Pretendo postar outro essa semana, ou semana que vem, tudo depende de como as coisas vão ficar.
Boa leitura gente, aproveitem essa meiguice de capítulo! ❤️🏰✨

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Eu passei praticamente todo o dia sorrindo enquanto as palavras da Condessa passavam pela minha mente. Aguentar a bajulação dos nobres pela manhã se tornou uma tarefa mais fácil, pois tudo que eu conseguia pensar era em quando iria vê-la novamente.

Depois de toda a dor e tristeza que me transbordavam desde que as consequências do noivado começaram a aparecer, estar com Lauren era uma das poucas, se não a única coisa que amenizava tais sentimentos.

Gostaria de entender melhor o que estava se passando em meu peito, tudo que eu sabia era que era errado e que Deus talvez nunca me perdoaria. Passar a eternidade no inferno não parecia ser ruim contanto que pudesse sentir seus doces lábios nos meus novamente.

Quando ela sorria e seus olhos diminuíam até que ficassem quase que fechados, enquanto sua boca revelava seus lindos dentes, céus, eu enfrentaria a ira de Deus somente para olhar para ela todos os dias.

Apesar desses sentimentos serem avassaladores, eles não são totalmente novidade para mim. Aqui sentada no banco do jardim, onde falei com Lauren pela primeira vez, sou forçada a me lembrar todas as vezes que olhei indevidamente para uma dama.

Me recordo que uma de minhas governantas possuía uma filha que a acompanhava alguns dias durante minhas aulas de latim. Seu nome era Julie. Eu tinha apenas dez anos mas me lembro de, em meu tempo livre, brincar com ela pelos arredores da casa. Tínhamos uma espécie de cabana, que ficava entre o porão e a casa de ferramentas. Colocamos uma toalha velha que as servas tinham jogado fora e era ali que passávamos nosso tempo.

Foi ali que tive meu primeiro beijo. Estávamos tentando encenar meu casamento. Eu iria me casar com o Delfim da Espanha na nossa imaginação, e Julie estava fazendo o papel dele. Foi um beijo muito rápido mas a culpa nos assolou logo depois. Depois disso Julie nunca mais apareceu, e presumo que tenha contado para sua mãe o que aconteceu e ela a afastou. Nunca mais tive notícias dela.

É claro que não foi só ela, lembro de ficar admirando as damas de honra de minha mãe, eram tão lindas que até mesmo o rei não conseguia se conter. Perdi as contas de quantas vezes desejei ser ele para tocar nos lindos lábios que elas possuíam. Entretanto, jamais senti a mesma coisa pelos jovens nobres que frequentavam a corte, na verdade, apenas os admirava, mas sem vontade nenhuma de beijá-los.

As coisas mudaram um pouco durante minha adolescência, em alguns bailes, acabava bebendo vinho demais e até me deixava levar por certos garotos. Foram poucos, mas a repulsa que vinha logo depois que eles se afastavam assolava meu corpo por inteiro. Nunca passou disso, de beijos. Mas eles queriam algo mais, felizmente, sempre tive consciência de que isso jamais poderia acontecer antes de meu casamento, quem diria que esse momento estaria tão perto agora.

Pensar na união com a França me trazia calafrios, apesar de que, quando lembro das doces palavras que Francisco me escreveu, essa sensação se esvai quase que por completo. É difícil imaginar que em alguns meses estarei na corte francesa. Alguns informantes dizem que o rei da França está terrivelmente doente e logo irá falecer. Será dever de Francisco, e logo, o meu também, assumir o comando desse reino.

Era mais fácil pensar em meu casamento quando a Condessa Jauregui não estava em minha vida. Presumo que eu tenha me acostumado a reprimir meus desejos por outras damas, e talvez, até me forçado a tal ato.

Castle Walls - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora