Capítulo VI

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Não sei quanto tempo se passou desde que deitei em minha cama, tampouco lembro-me de quantas vezes reli a carta sobre Mary. Na verdade, a única certeza que tenho neste momento é a de que não preciso me olhar no espelho para saber que meu rosto está inchado, eu tinha total consciência de quantas lágrimas derramei desde que me tranquei neste quarto.

Tentei adormecer inúmeras vezes desde que me encontro aqui, mas nenhuma das tentativas tiveram êxito. Apesar do cansaço estar aparente em meu rosto, o barulho da corte é insuportavelmente alto durante o dia, eu não conseguiria dormir nem se quisesse.

Comecei a me sentar na cama no mesmo momento em que ouvi alguns passos se aproximando da porta principal, e dentro de alguns segundos, Antony estava no batente de meu quarto, juntamente com dois guardas.

- Vossa Alteza? – Seus olhos percorriam o quarto em busca de algo ou alguém que explicasse a cena em sua frente. – O que houve? Alguém entrou aqui? – Sua voz soava preocupada e assustada ao mesmo tempo.

Os guardas deram alguns passos para frente, logo depois que ouviram o que Antony falou. Os três homens me olhavam esperando uma resposta. Eu realmente devo estar lamentável.

- Ninguém entrou. – Falei enquanto passava as mãos pelos meus olhos, que pesavam enquanto eu os massageava. – Uma de minhas Ladies foi capturada pelos opositores. Lady Mary, Vossa Graça deve conhece-la. – Falei finalmente.

Ele balançou as mãos para que os guardas se afastassem e adentrou o quarto, sentando em uma das cadeiras que havia perto de minha cama.

- Vossa Alteza. – Ele esperou alguns segundos para continuar, como se estivesse formulando o que viesse a seguir em sua cabeça. -  Lamento lhe trazer tais notícias agora, vejo que já está muito abalada, mas são ordens de Vossa Majestade.

Assenti com a cabeça, atenta ao que ele tinha para dizer.

- Infelizmente não conseguimos capturar o embaixador Beauffort, ele já havia fugido quando fomos atrás dele.

Senti meu peito encolher no mesmo momento, respirei fundo calmamente antes de voltar a olhar para ele.

- Achávamos que tinha sido pura coincidência, afinal, como ele poderia saber que já sabíamos a verdade? Mas agora... Diante dos fatos, talvez tenham levado sua dama como forma de aviso.

- Mas foi exatamente isso que fizeram. – Falei enquanto me esquivava para o lado para alcançar a carta. – Me enviaram de forma anônima.

Ele pegou a carta de minhas mãos e a analisou brevemente.

- Não possui selo. – Completou. – Como seu mensageiro a recebeu?

- Não tenho a menor ideia, mas Luís é um bom homem, não teria razões para me prejudicar. – Falei.

- Não existem bons homens, Vossa Alteza. – Ele disse guardando a carta no bolso de sua vestimenta. – Farei tudo o que estiver em meu alcance, tentarei meus contatos, mas não se preocupe, iremos achar sua dama, assim como capturaremos aquele maldito homem.

- Obrigada. – Sorri para ele, que assentiu em resposta.

- Vossa Majestade me orientou para lhe dar alguns avisos, Vossa Alteza. – Ele disse esperando uma permissão, a qual concedi por meio de aceno.

- Acreditamos que Beauffort ainda está em solo Inglês, o rei da França nos mostrou o apoio que Vossa Majestade estava esperando, por meio de uma carta, concedeu-nos a liberdade de executar o embaixador como forma de aviso para outros membros da oposição. Se ele pisar na França, é um homem morto, portanto, não tem para onde fugir.

Castle Walls - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora