Capítulo 16 - fechamento de arco
- O que?! - grito com o desespero tomando conta de mim. - Como?! Ele não... Não pode ser possível! Ele mora no interior, como… impossível!
- É possível sim. Ele tá até com uma caixinha na mão. - sorri de lado. - Acho que vai te pedir em namoro. - eu sinto que vou desmaiar. Isso não pode ser sério! Minha cabeça roda de tão assustada.
- Isso não pode estar acontecendo. Isso não pode estar acontecendo! Cauã, me ajuda! O que eu faço?
- Corre muito. Como se sua vida dependesse disso. - e por acaso acho que realmente minha vida depende disso. O que o Danilo vai achar quando der de cara com um japa, em vez de uma japa? Kami-sama, me ajuda!
E Kami-sama é um jeito de se referir a Deus.
- Não! Eu não posso correr! Se eu fugir ele vai perguntar o porquê de eu não ter ido à escola, aí vai querer vir de novo e vai iniciar um ciclo. Eu tô fodido.
- Mas eu acho que posso te ajudar. Vem. - anda na frente. Eu, sem escolha, sigo meu amigo pelo corredor.
- Mas e a aula? - não acredito que eu estou pensando em aula numa situação dessas!
- Você quer resolver o problema ou estudar?
- Óbvio que quero resolver! Só que o meu pai não quer que eu falte mais. - tinha até me esquecido desse detalhe, que é crucial. Se eu faltar da aula depois de torrar o cartão do meu pai num celular novo, ele vai fazer picadinho de japonês.
- Tá. Eu sei. Esquece e vem logo. - praticamente me arrasta para o ginásio. - Espera aqui.
Sinto um arrepio ao me lembrar do que passei do lado de fora desse ginásio. Não é uma memória legal. Agora eu tenho que pensar em outras coisas, não nisso, tipo… tem um cara atrás de mim, provavelmente apaixonado e pronto para me pedir em namoro. Detalhe: ele pensa que eu sou mulher!
Ah, sério? O que a vida tem contra mim? Só me fode. A vida me fodeu tanto esse ano que a minha retrospectiva vai passar no xvídeos.
Melhor ignorar a piada, eu estou desesperado aqui.
Cauã volta segurando uma roupa.
- Pra que a roupa? - desdobra as peças, só aí percebo que o que são. - Você tá zoando com a minha cara?!
- Você vai ficar lindo nessa saia. - joga a roupa em mim. - Veste logo.
- Nem pensar! Eu não sou menina!
- É só se vestir hoje pra dar um fora no Danilo. Se o fora for bem dado, ele nunca mais vai querer te ver.
- Mas é maldade com ele… - sussurro.
- Prefere que ele passe a mão na sua bunda?
- Claro que não! - fico vermelhinho.
- Para de drama. Sei que você gosta.
- O Danilo pode ser um tarado, mas eu não sou! E pra ele pegar na minha bunda, eu teria que ser menina, ou qual seria a graça? - revira os olhos.
- Não importa se você é homem, o dominante vai querer te apertar em todos os lugares que conseguir.
- Todos lugares? Até… - quase morro de vergonha quando ele confirma. - Depois os casais heteros que são pervertidos!
- O Igor que é pervertido.
- Chega de falar disso. - corto o assunto.
- Certo. Vai se trocar. - Sou empurrado para dentro do vestiário.
- Não! Não quero! - bate a porta. - Cauã!
- Se você não se trocar, eu mesmo vou te vestir. Não estou brincando.
- Gato arisco! - digo irritado.
- Só o Igor me chama de gato, cabeça de repolho. - bufo.
Então não tenho escolha.
Pego a saia azul escura. Também tem uma meia calça e parte de cima, casaco azul e camisa branca por baixo. E a gravata vermelha listrada pra completar.
Coloco as roupas com um pouco de dificuldade e querendo morrer. Não acredito que vou fazer isso. Essa vai ser a maior humilhação de toda a minha vida!
Quando estou pronto, saio andando travado, com muita vergonha. Por que eu estou usando o uniforme feminino? Ele claramente não vai disfarçar que eu sou homem!
Cauã me encara com um olhar divertido.
- Tá aparecendo uma menina mesmo. - inflo as bochechas. - Assim fica ainda mais fofo! Ops, fofa!
- Cala a boca. - Tira algo do bolso, um vidrinho com pincel. - O que é isso?
- Acho que é lip tint o nome. Uma colega da sala esqueceu e eu fiquei de devolver. - abre o vidrinho que parece de esmalte. - Não sei como passar isso em você, mas vamos tentar.
- Que? Você não vai passar isso em mim! É coisa de menina!
- Você é uma menina no momento. Meio feia, mas é uma menina.
- Ah, vá a merda. - estou tão irritado que seria legal matar o Cauã, que passa o negócio em mim, mesmo que eu seja contra. Minha boca fica rosada.
- Agora eu vou lá fora mandar o Danilo vir te ver. Você não pode sair daqui, entendeu?
- Entendi, entendi. Chato.
Sai do ginásio. Sento em um dos bancos de frente para a porta de metal. Daqui alguns minutos vou conhecer o Danilo. Isso é incrivelmente assustador.
Eu queria poder pular nos seus braços, dizer que também sinto atração por ele, que amo sua voz, seu jeito estressado, amo tudo.
É… Akira, acho que você está mesmo apaixonado pelo Danilo. E não é pouco. Sinto meu coração pular no meu peito só de pensar no Danilo.
Não quero dar um fora no Danilo, vai doer mais em mim do que nele. Sinto como se meu coração fosse se partir assim que ele tiver recebido o fora, mas eu não tem outra escolha. Somos dois homens, homens que não são um casal.
Alguns minutos se passam e logo vejo a porta do ginásio abrir lentamente. Meu coração se aquece quando vejo o homem belo de olhos azuis.
É o Danilo
Se ao menos eu fosse mulher, eu poderia aceitar os sentimentos dele e aí seríamos um casal. Mas infelizmente, eu não tenho essa sorte.
- Danilo…
…
Danilo - minutos antes
Minhas mãos estão suando mais que o normal, meu coração está acelerado e sinto que vou ter um ataque cardíaco. Estou muito ansioso pra ver a Japa pela primeira vez. Acho que estou mesmo tendo uma queda por ela.
Quem eu quero enganar? Eu tô super afim da Japa. Mas não posso chegar já beijando a coitada, vou acabar matando ela do coração.
Inocente e fofa. Perfeita.
- Igor! - um loiro se aproxima.
- Sim, meu amor? - diz carinhoso e abraça o garoto. Acho que esse é o namorado o Igor.
- A Japa tá lá no ginásio te esperando. - penso nas coisas que a Japa me contou sobre esses dois, fico até com vergonha. Eles querem que eu encontre com a Japa no ginásio que eles trepam? Não tinha nenhum lugar mais romântico, não?
- Onde fica o ginásio? - aponta para a direção que devo ir. - Eu posso entrar mesmo? Não vou ter problemas?
- Só ir rápido. Anda.- dá um tapa nas minhas costas. - Boa sorte, Danilo!
- Acho que vou precisar.
Sigo para o ginásio. A portal de metal está fechada, então abro lentamente. Olho pelo lugar, até meus olhos pararem numa garota japonesa, com aqueles olhos puxados lindos sentada no banco, me observando com aqueles olhos negros.
Paro bem na frente dela, afastado só por alguns centímetros.
- Danilo… - ela sussurra.
O silêncio depois que ela se pronuncia, me deixa ainda mais nervoso. Acho que preciso dizer alguma coisa…
- O-Oi. - tento sorrir de um jeito amigável, mas pelo jeito não consegui. Eu não sei se já comentei, mas o meu sorriso é meio assustador. Já assustei tantas crianças assim…
- Danilo, não sorri! - suspiro triste. Bem que eu poderia ter um sorriso de galã de novela. – Não faz essa cara! - levanta. Estamos quase colados. - Eu…
- Japa, não é? - assente. - Você… é ainda mais linda pessoalmente. - suas bochechas coram. O cabelo curto é meio masculino, mas isso lhe deixa ainda mais atraente. Nunca pensei que iria me apaixonar por uma garota fora dos padrões considerados normais. Mas confesso que ela é bem mais interessante assim, cabelo curto e usando esse uniforme feminino maravilhoso.
- Você também é bonito. - desvia o olhar. - Então... prazer. - estende a mão.
- Prazer, sou Danilo Gomes, como você já sabe. - pego a mão pequena dela, que é macia e delicada. - Acho que agora você deveria dizer seu primeiro nome.
- Eu sou… Natsu, Natsu Kobayashi. Prazer. Eu preciso sentar logo, não aguento mais ficar de pé com isso... - acho que se refere a sia apertada que usa, que a deixa ainda mais linda. Um arrepio vai direto para um lugar que prefiro não comentar, quando escuto essa frase. Meu rosto esquenta. - Danilo, o que foi?
- Não fale coisas com duplo sentido. - puxo a gola da minha camiseta, tentando respirar melhor.
- Danilo, seu tarado! - me dá um tapinha no ombro. - Você é um pervertido!
- Não sou! É você que me provoca com esse jeito… - a olho de cima a baixo. Meus olhos focam nas pernas dela, que estão cobertas por uma meia calça. - Sexy. - cubro a boca assustado com o que falei.
- Por isso que eu não queria te ver, você só pensa besteira! - tenta passar por mim, mas seguro sua mão.
- Não fica brava, eu não consigo me controlar perto de você. - a puxo para um abraço. - Eu estava muito ansioso pra te ver, não vou deixar a minha idiotice atrapalhar.
- Idiota. Você parece um velho tarado. - faz um biquinho, com a cabeça encostada no meio peito.
- Não sou velho. Devo ser mais novo que você. Isso me lembra, qual sua idade mesmo?
- O que importa? Idade não é algo que eu preciso dizer...
- Concordo. Mas acho que sou mais novo, nasci em fevereiro.
- Eu nasci em janeiro. Você não parece ter essa idade. Você é alto de mais! - se afasta. Usa a mão para marcar a sua altura comprada a mim. - Você é muito alto!
- Tem gente mais alta que eu.
- Titãs? - dou uma risada fraca.
- Todo mundo é alto perto de você, baixinha. - toco sua cabeça, mexendo nos fios negros. - Você é bem pequena.
- Você que cresceu de mais! - coloca a língua para fora. Fico focado na sua língua, querendo sentir ela na minha boca.
Para, Danilo. Não fica pensando em besteira.
- Quer ficar alta? - antes que ela responda, a pego no colo pela cintura
- Danilo! - apoia as mãos nos meus ombros. - Quero descer!
- Não. Você vai ficar aí. - tomo cuidado para as minhas mãos não escorregarem para um lugar tentador. - Natsu, quero roubar você pra mim.
- P-Para! - esconde o rosto no meu pescoço. - Você parece um garoto apaixonado…
- É porque eu… eu… - Não consigo dizer a verdade. - É que você é a minha primeira amiga. - droga, não consegui dizer o que queria.
- Entendi… - de repente, me dá um beijo na bochecha. - Você é um bom amigo. Mas Danilo, se você pensa em outras coisas entre nós, é melhor desistir.
- Desistir? Mas eu…
- Não iria dar certo. Podemos ser amigos, mas namorados? Não. Não dá. Acho que eu não conseguiria…
- Por quê? Você me acha feio?
- Não, não. Longe disso. Você é bonito. Sou eu que não sou o que você procura.
- Como pode dizer isso? Eu que decido. - franzo a sobrancelha. - Eu acho que você seria perfeita como minha namorada.
- Mas eu não quero ser sua namorada, Danilo. - nesse momento, minha felicidade some. Coloco ela no chão. - Desculpa. Mas eu não vou poder retribuir seus sentimentos. - curva o corpo fazendo uma reverência.
- Natsu… - digo pela segunda vez o nome dela, o que me deixa sentindo algo estranho. Parece que tem alguma coisa errada com a Japa/Natsu.
Nessa hora, um cara entra na quadra correndo.
- Akira! - o garoto praticamente pula em cima dela, abraçando-a. Ele chamou ela como? - Você finalmente voltou! Senti tanta a sua falta!
- Arthur, sai daqui!
Eu conheço esse nome, ela mencionou um dia… espera, ele não pode ser… Então esse é o cara que beijou ela? O cara que roubou o primeiro beijo da minha Japa.
- Que saudades. - se afasta um pouco. Ele arregala os olhos, assustado. - Por que tá vestido assim? Você...
- Arthur, quieto!
- Mas…
- Shiu! - segura ele pela camiseta e o puxa para baixo… colando seus lábios.
O meu mundo cai na hora. Meus olhos se enchem de lágrimas, mas eu não mostro expressão.
- Wow! O que deu em você? Tudo isso era saudade?
- Então é por isso que você me rejeitou? - seu olhar agora é de desespero. - Eu entendi. Toma. - pego uma caixinha de dentro da minha blusa, junto de um pedaço de papel que está dentro. - Acho que não vamos mais nos ver. - assim que ela pega, saio correndo do ginásio.
Passo correndo pelo Igor e o Cauã, nem paro para responder, só corro como nunca, sem perceber que corro o risco de me perder nessa cidade enorme.
Isso foi de longe a experiência mais traumática da minha vida. Como se não bastasse apenas me dar um fora, ela ainda beijou outro na minha frente. A Natsu tem noção de quanto me magoou fazendo isso? Sinto como se o meu coração estivesse quebrado em mim pedacinhos. Eu só quero chorar no meu quarto agora e esquecer o que aconteceu. Nem acredito que dei minha correntinha de presente para ela, eu devia é ter deixado aquela caixa no meu bolso.
Suspiro. É, Danilo, você está tendo a sua primeira desilusão amorosa.
Uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto quando já estou dentro do ônibus de volta para minha cidade. Aquela solitária lágrima, logo traz mais outras. Passo todo o caminho de volta para cidade encolhido no ônibus, tentando não chorar alto.
Quando chego em casa, minha mãe está me esperando na sala, bem brava.
- Onde você estava, Danilo Gomes? - se levanta, pondo as mãos na cintura.
- São Paulo. - mantenho a cabeça baixo, para que ela não veja meu rosto.
- Como assim?! Você saiu pra ir à escola hoje! Ficou doido de...
- Deixa pra me dar bronca outra hora! - quando vê meu olhos inchados e as lágrimas caindo, fica assustada. - Minha vida já tá horrível, não preciso de mais uma pessoa na minha cabeça! - em outra situação, eu tomaria um tapa por falar assim com a minha mãe, mas ela parece preocupada.
- Filho, o que foi? - tenta se aproximar, mas eu recuo. - O que aconteceu?
- A Japa… a Natsu… - sinto meu corpo explodir em lágrimas. Abraço a minha mãe, chorando muito. - Ela me deu o fora e depois beijou um outro cara na minha frente. Mãe… - cubro o rosto. - Tá doendo.
- Dani… - me dá um abraço. - É a sua primeira decepção amorosa?
- Sim. Não sei o que fazer.
- Quer me contar o que aconteceu? - balanço a cabeça negativamente. - Se quiser, pode ir pro quarto. Eu vou comprar um pote de sorvete pra você.
- Tá bom. Obrigado. - subo para o quarto. Alguns minutos depois minha mãe me entrega um pote de sorvete de nata com yogurt de morango, meu preferido.
Choro enquanto como, parecendo um garotinho.
Quando termino de tomar o sorvete, jogo o pote no chão. Pego um travesseiro e o abraço, enfiando meu rosto nele.
Será que é difícil superar um amor? Espero que não seja. Não estou afim de ficar chorando por meses.
- Tia, tô subindo! - escuto aquela voz amaldiçoada.
- Leo, o Dani não está bem! Não incomode-o.
- Vou só dar um oi.
- Leonardo, obedece a sua tia!
A porta do quarto é aberta.
Leonardo faz uma expressão de assustado quando me vê.
- O que fizeram com você, Dani? - pergunta meu primo.
- Não te interessa. Some daqui. - digo ríspida, com a cabeça enfiada no travesseiro para abafar o meu choro.
- Danilo, tá tudo bem? - Caio senta ao meu lado na cama. Não respondo, apenas abraço ele e volto a chorar. - Que diabos. O que foi?
- Complicado. Eu só... Só... - não consigo falar por causa do choro.
- Tá, isso é estranho. Você não parece o garoto de sempre. - Leonardo se joga na cama, do meu outro lado, também me abraçando. - Partiram seu coração?
- Partiram, quebraram, esmagaram, destruíram. Jogaram no lixo como se não fosse nada.
- Caramba, Dani. Fala logo o que tá acontecendo.
- Assim… - conto tudo para os dois, chorando como uma criança. Os dois estão com a preocupação estampada na face.
- Manda ela pro inferno e vai pegar outras! - claramente esse conselho é do Leonardo após eu terminar de contar o que aconteceu. - Sai beijando geral, transa um pouco. Supera!
- Até parece que vou fazer isso.
- Olha, Danilo. Esse conselho do Leo foi ruim, mas ele já teve tantos relacionamentos fracassados que poderia ter sido o criador da música supera. Faz o que ele diz e vai beijar um pouco. Fica louco. Supera.
- Isso! Se ela não te quis, tem quem queira. Não fique se magoando por causa de uma menina idiota.
- Força, Danilo.
- Eu tenho até uma ideia. O que acha de gente fazer sexo triplo pra animar o Dani?
- Que? - fico assustado. Tem minhoca na cabeça do Leonardo ou ele caiu do berço quando bebê? Saudável esse homem não é.
- Leonardo, seu retardado! - acerta um soco na cabeça do namorado, o que arranca uma risadinha de mim. - Oh, me ver batendo nele te deixa feliz, Danilo? - assinto, sorrindo de um jeito malvado, o único sorriso que consigo dar.
Eu quero a minha Japa.
...
Akira
- Danilo... - estendo a minha mão, pensando em segura-lo, mas ele já saiu do ginásio. Olho mortalmente para o Arthur. - Você tinha que aparecer?!
- Eu…
- Por sua culpa o plano foi por água abaixo! - sei que não é totalmente culpa do Arthur, mas eu preciso descontar a raiva em alguém. - Eu estava prestes a…
- Akira! - Cauã entra correndo no ginásio junto do Igor. - O que aconteceu? O Danilo saiu correndo com cara de choro.
- É que eu… - encolho os ombros. - Dei um fora nele.
- E depois me deu um beijão.
- Fica quieto, Arthur! - estou prestes a acertar um soco na cara dele. Juro que nunca senti tanta raiva na minha vida.
- Que?! - Igor grita. - Como assim? Você deu um pé na bunda do Danilo e ainda beijou o Arthur? Na frente dele?
- Sim... - O moreno pega a minha cabeça é aperta. - Ai! Igor-senpai!
- O Danilo tava todo apaixonado por você! Seu idiota! Agora vai fazer o quê?
- Não sei! Se eu soubesse, já teria feito qualquer coisa para ir atrás dele!
- Akira, eu quero te dar um tapa. - Cauã coloca a mão na testa. - Você não podia ter magoado o Danilo.
- Eu não queria! Ia dar um fora com carinho! Mas o idiota do Arthur começou a perguntar porquê eu estou vestido de menina! Aí eu tive que calar a boca dele.
- Com um beijo? - fico vermelho com o comentário de Cauã. - Jura? - assinto. - Por que justo um beijo? Você é besta ou o quê?
- Besta. - digo triste. - Eu podia só ter expulsado o Arthur…
- Parte da culpa foi do Arthur! Ninguém mandou ele aparecer lá e atrapalhar nosso plano!
- Arthur! - Igor grita, fazendo o garoto ficar quieto.
- Sim, capitão? - está claramente nervoso.
- Você… arg! Que raiva. Akira, você é o culpado, não sei porquê tô querendo matar o Arthur.
- Minha culpa? O Cauã que me meteu nessa emboscada! Se eu tivesse dito a verdade ao Danilo, ele não iria se apaixonar!
- Eu só sugeri aquilo porque você precisava de amigos. Não pensei que daria nisso. E o Arthur nem devia ter vindo aqui. Atrapalhou tudo.
- Eu só queria ver o Akira. Mas ainda tô boiando aqui. O cara queria namorar o Akira?
- Queria. Mas eu disse que só queria amizade e… ele me deu isso. - mostro a caixinha preta com um laço laranja. - Ainda não abri.
- Garanto que você vai se arrepender de ter feito o que fez assim que abrir essa caixa. - comenta Igor.
- Eu sei. Não precisa dizer. Eu vou me trancar no vestiário até a aula acabar. Tchau. - saio correndo para evitar mais confusões. Prefiro remoer o que eu fiz de errado sozinho.
Entro no vestiário e tranco a porta. Fico meio assustado por estar aqui, mas suspiro e sento no banco. Calma, Akira, não tem ninguém pra te machucar aqui. Quando já estou mais calmo, pego a caixinha e a abro. Nela, há um pedaço de papel dobrado e embaixo, um pingente dourado, o pego na mão e percebo que é uma bola de vôlei.
Que fofo. É bonito.
Pego o papel e abro ele, vendo uma letra meio feia, mas legível. Começo a ler:
"Oi, Japa. Você viu o pingente, né? Sabe, eu ganhei ele quando joguei meu último jogo na minha antiga escola, naquele jogo terrível que me traumatizou por não conseguir ajudar meu time em nada, só fiquei esquentando banquinho. Minha mãe me deu porque eu sempre quis um desse, ela disse que eu sou especial por isso mereço algo especial de presente. Ela deu um presente para mim, a pessoa mais especial para da sua vida. Então, agora vou dar a você, porque você é a pessoa mais especial pra mim. Quero que saiba: eu te amo mesmo nem sabendo quem você é. Eu te amo, Japa."
Danilo…
Começo a chorar.
O que foi que eu fiz?
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A distância de um coração
Teen FictionDanilo é como qualquer outro garoto de sua idade, animado, se diverte com seu clube de vôlei, namora algumas pessoas... entretanto, de uns tempos para cá, se encontra com uma pulga atrás da orelha: qual seria sua sexualidade? Até que um dia ele con...