Capítulo 18

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Akira

- É... Prazer. - sorrio para Danilo, tentando ao máximo manter a postura. Eu sinto como se todos os músculos do meu corpo me obrigassem a pular dos braços dele e abraça-lo. Quero sentir seu calor de novo, meu corpo necessita do Danilo, chega a ser assustador pensar que sinto tanta saudades dele.

  - Akira, quero te apresentar aos meus amigos direito, aquele dia nem deu tempo de nada. Você também tem que ver o meu namorado, as assistentes de time, os professores.

Estou com o olhar intenso do Danilo sob mim. Será que ele percebeu alguma coisa? Ele não pode saber que eu sou a Japa, isso iria complicar ainda mais as coisas.

- Calma, Bruno. Primeiro tenho que ir para a minha sala, não é? Depois fazemos isso.

Danilo continua me olhando, fixamente e com uma intensidade imensa. Meu corpo se arrepia perante daqueles olhos azuis divinos. Danilo é um garoto tão bonito, esses olhos são lindos, mas o cabelo castanho claro é o que chama a minha atenção.

Completamente lindo.

Talvez se eu fosse um garoto tão bonito quanto ele, Danilo poderia se apaixonar comigo. Mas claro, eu sou apenas um japa sem sal. Queria ser como os Idos japoneses e coreanos, seria meu sonho.

- Vamos! - segura o meu braço e seguimos. Vocês Só que deixar o Danilo para trás me deixa triste. Quando já estamos longe, Bruno começa um assunto. - Você tá mesmo pensando em continuar mentindo pro Danilo?

- Não é bem isso, sabe. Eu vou contar, mas não agora. Preciso me preparar mentalmente pra isso.

- Preparar pra que? Pra levar uma dedada? - fico vermelho. - Ele é grande, pode machucar um pouquinho. - tento interromper, mas ele não me dá chance. - Mas garanto que depois fica bom.

- Por que todo lugar pra onde eu vou têm pervertidos?! - pergunto irritado. Na minha antiga escola, era o Cauã com o Igor que me atormentavam, agora é o Bruno. Estou cercado de pervertidos e um desses pervertidos, eu gostaria de ter em meus braços agora mesmo.

- Porque todo mundo é pervertido no fundo!

- Bruno… - suspiro e dou uma risadinha. O sinal toca, para a minha salvação. Bruno me deixa na porta da sala e vai para a sua.

Escolho o lugar na frente.

- Bom dia, alunos. - O professor diz ao entrar na sala. - Você é o aluno novo? - todo o foco da turma vai para mim.  Como eu odeio ser centro das atenções.

- Sim, eu sou. - respondo tímido.

- Quer se apresentar? - o professor pergunta.

- Eu…

- Licença. - alguém interrompe a minha resposta, eu fico assustando vejo que é o Danilo que está atrasado.

- Outra vez atrasado, Gomes? Não me diga que foi pego se enroscando com uma menina novamente?

Que?! Esse tarado foi pego mais de uma vez? Que ódio. Pervertido. Eu quero matar ele, ou se possível, cortar o seu brinquedinho fora.

  Espera, Akira! Sem surtos de raiva, ainda mais por um homem que não é seu. Eu não posso falar nada, não somos nada e tecnicamente, Danilo e eu não nos conhecemos, não tenho como brigar com alguém que não é meu. Mas poxa, que raiva! Ele dizia não ser galinha, lembro muito bem das vezes que conversamos e ele negava até o último momento que não era de pegar muitas. Agora eu vejo como pessoas são diferentes do lado que não na internet.

E eu me apaixonei pelo Danilo que conheci pela internet e por aquele que me deu a correntinha - qual está bem guardada no meu quarto. -, aquele garoto bom e amável, mas com um toque de perversão. É incrível como essa mistura doida descrevem o Danilo.

E sobre quem ele se apaixonou... Danilo se apaixonou por uma pessoa completamente diferente. Quer dizer, ainda sigo os mesmo princípios, mas o que são princípios quando o que o meu crush quer é uma mulher? Ele não iria me aceitar, ia preferir uma garota peituda e gostosona. Não um japonês magrelo, com cara de menina.

- Não. Não fui pego com ninguém. - responde seco.
Reparo que seus olhos estão levemente inchados. O Danilo estava chorando? Eu não consigo imaginar ele assim. Lágrimas não combinam com esse corpo gostoso…

Epa.

Pensei merda de mais.

- Vá para o seu lugar. - obedece. Ele está no fundo da sala, na fileira ao meu lado. - Garoto, se quiser se apresentar, agora não teremos interrupções.

Me levanto, ficando de frente para todos da sala, issi me deixa nervoso, ainda mais quando os olhos azuis do Danilo se fixam em mim, como se estivesse me analisando. Por favor, que ele não perceba que eu sou a Natsu. E que besta que eu fui! Usar logo o nome da minha irmã? Idiota, Akira, seu idiota.

Respiro fundo e começo:

- Okay. Meu nome é Akira Kobayashi, nasci aqui na Cidade dos sóis, mas mudei um com onze anos, morei em São Paulo durante um tempo, mas voltei para cá porque meu pai aceitou um trabalho aqui. Espero me dar bem com todos! - quando termino, minhas bochechas estão vermelhas. Morro de vergonha de falar em público.

A aula passa normalmente, a escola daqui não é tão boa quanto a minha antiga, isso vai me dar uma certa folga nos estudos. Mas não posso ter notas baixas de jeito nenhum, foi a condição que meu pai me deu para estudar numa escola pública em vez de uma particular.

Quando a aula acaba, vejo um ser baixinho como eu me esperando na porta.

- Oi, Bruno. - sorrio.

- Vamos pro ginásio! - sai me arrastando pelos corredores, sem ao menos me deixar concordar. A escola não é tão grande, então chegamos logo no ginásio. Respiro pesado, o Bruno me fez correr como nunca. - Pessoal, trouxe um amigo! - diz assim que entramos pela porta enorme de metal. Todos param o que estavam fazendo para virem até nós dois.

- Olá. - cumprimento-os tímido.

- Então esse é o seu amigo? E aí, cara? - um garoto de cabelos cacheados e claros coloca o braço em volta do meu pescoço. - Bom? Meu nome é Lorenzo.

- S-Sim. - ele tá suado, que nojo.

- Quem diria que existe alguém tão pequeno quanto o Bruno. - viro a cabeça para um moreno. Espera…

- Colocaram adubo no seu pé?! Você é gigante! - revira os olhos.

- Ele também é magrelo e tem pinto pequeno. - O cara que eu acho que é o capitão acerta um tapa na cabeça do baixinho, Bruno. - Desculpa, Lucas. Mas voltando às apresentações, esse dois aqui são os pais do time, o Lucas e Samuel, lembra deles?

- Sim, me lembro.

- Nossa, pais? Assim eu fico sem jeito. Me chamo Samuel, mas você deve se lembrar disso, certo? - O de cabelos ondulados e negros sorri. - Mas esses idiotas são meus filhos mesmo. São bem desobedientes. Até pra namorar passam a perna em mim. - coloca as mãos na cintura. - Sim, estou falando de você, Danilo Gomes.

- O que tem eu? - pergunta Danilo, que nem tinha visto. Ele está sentado num banco amarrando os cadarço dos tênis.

- Você matou cinco treinos esse mês, tudo porque ou estava beijando alguém por aí, ou simplesmente não queria treinar. - O capitão, Lucas fala sério. Que bom que eu sou ótimo para decorar o nome das pessoas, ou iria ficar sem saber o que fazer com tantas pessoas. - Você precisa superar a menina, Danilo.

- Eu superei ela. Não sinto mais nada pela Japa. - Eu? Ele não sente mais nada por mim? Não pode ser, não pode...

- Sei. - todos do time dizem em uni som.

Então ele ainda gosta de mim? Droga, no que eu acredito?!

  - Parem de falar da minha vida, caralho! Falem do Thiago se agarrando com o Yago no portão da escola, ou do Adrian com o…

- Danilo! - a voz do Lucas o cala. - Chega.

- É, vamos esquecer isso. Akira, esse é o meu namorado. - aponta para um garoto alto, que até então não tinha falado nada. O baixinho abraça a cintura do maior. - Eu sei que você achou ele assustador quando se viram pela primeira vez, mas ele não machuca ninguém, como já disse aquele dia. E também, ele é muito amoroso comigo.

- Fico feliz por vocês. - respondo, mas não paro de encarar o Danilo, que está emburrado. Como ele pode ser tão lindo com essa carinha de bravo? Tenho vontade de abraçá-lo e o encher de beijos.

Em seguida todos dizem seus nomes para mim, mesmo eu já tendo decorado alguns e também, me lembro bem que o Danilo me contava coisas sobre eles.

- Então, Akira. Você vai entrar no time? - Samuel pergunta com seu jeito fofo.

- Não sei... Eu meio que não posso fazer esforço com as pernas. - desvio o olhar para o chão. - Tenho pinos nas duas pernas.

- Entendo. Mas isso não significa que você não possa jogar. Por que não tenta?

- Acho melhor não, Lorenzo. Se eu me machucar, provavelmente não vou poder andar por uns dias. Não quero arriscar. - quase choro pensando nisso. Eu gostaria muito de jogar vôlei.

- Ah, que pena. Você que sabe.

- Isso é só desculpa desse fracote. - uma pessoa diz debochando. Logo reconheço a voz.

- O que você disse, Danilo? - travo os dentes.

- Que você é um fracote que inventa desculpa pra não jogar. Você deve estar morrendo de medo de passar vergonha.

Sinto meu sangue ferver. O homem por quem estou apaixonado é um saco. Que vontade de lhe dar um soco na cara, ou fazê-lo engolir uma bola de vôlei.

- Ah, é? Quer saber, vou jogar! Passa a bola pra cá!

- Akira, você acabou de dizer que…

- Que se dane, Bruno. Levanta pra mim, Danilo.

- Certo. Espero que aguente firme, Akira. - sua voz me arrepia. Droga, por que ele tem essa voz tão gostosa? Só de pensar nele falando outras coisas… haja coração.

- Meninos, acho melhor...

- Yago, passa a bola pra mim.

Tudo acontece super rápido.

Danilo lança a bola na minha direção, pulo super alto, com todas as minhas forças e acerto essa bola maravilhosa azul e amarela. A sensação dela na minha mão, esquenta meu corpo. É perfeito. Sem contar que posso ver o outro lado da rede, um mundo novo e incrível para mim.

Mas quando meus pés encontram o chão, todos os pensamentos se apagam e só a dor se faz presente.

- Que incrível! Akira, você é ótimo! - comenta Samuel.

- Cara, que incrível! - fala Lorenzo.

- Japa, você arrasou. - é a vez de Bruno me elogiar, mas assim que ele percebe como estou, se assusto. - Você tá bem.

Não digo nada, só sinto minhas pernas doerem como nunca.

- Tá, eu admito, essa foi boa pra um pirralho. - Danilo bate nas minhas costas. - Ei, você tá bem?

- Minhas pernas... - perco a força do corpo e caio no chão. - Tá doendo muito.

- Akira! - Bruno empurra o moreno longe e se abaixa ao meu lado. - Você se machucou?

- Acho que o meu pino soltou. - começo a sua frio, tentando manter a postura de forte. Mas isso tá doendo tanto. - Preciso ir à enfermaria.

- Akira, você não deveria se esforçar. - Samuel estende a mão para mim. - Vamos cuidar disso. - tento me levantar, mas não consigo. - Coitadinho, deve estar morrendo de dor. Fica calmo, vamos te levar até lá.

Isso é um anjo?

- Drama, hein. - Danilo diz e eu lhe dou um olhar de ódio.

- Danilo, leva ele.

- Eu? Por que eu?

- Você sabe.

- Saco. - antes que eu reaja, um dos braços do Danilo passa por baixo das juntas das minhas pernas e a outra, segura meu tronco. Fico vermelho.

- Não p-precisa. - levanta meu corpo. Estou muito sem graça. Seu corpo aquele o meu, o que me traz uma sensação incrivelmente gostosa.

- Cala a boca e vamos logo.

No caminho, olho bem para o Danilo. Ele é tão lindo e forte. Um homem dos sonhos. Quero abraçar ele, beijar, amar e até... transar.

- Obrigado. - sussurro. Encosto a cabeça no ombro dele. Seu cheio invade minha minhas narinas. Eu sempre quis saber qual o cheiro desse homem, agora que sei, percebi que quero sentir esse aroma para sempre.

- Não agradeça, idiota. Só estou fazendo isso porque você me lembra uma pessoa.

- Entendi. Por acaso… você ama essa pessoa? - para de andar por um momento.

- Sim, amo com todo o meu coração.

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