Capítulo 1

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Capítulo 1



- Akira, presta atenção em mim. É só ir para o quarto andar e entrar no apartamento vinte e quatro.



Observo em volta, tentando saber como eu vim parar aqui. Não pensei que iria acabar num bairro famoso da cidade. Estou no telefone com o meu amigo, para ver se assim eu consigo me achar nesse lugar. Parece que estou num ambiente completamente diferente do que estou acostumado. Paro de pensar e resolvo responder meu amigo:



- Entendi, Cauã.



Desligo a chamada.



Bem, então vamos lá.



Entro no prédio, admirado com a beleza. Não é tão luxuosos, mas é bem bonito e traz um ar de tranquilidade. As paredes são brancas com detalhes em gesso nos cantos. E o chão é revestido de um porcelanato imitando madeira, parece um espelho, acho legal isso. Também tem algumas vasos com folhagens, minha tia iria adorar isso. É um luxo.



Mas do que adianta ser tão luxuoso e não ter placas indicando os lugares? Eu estou completamente perdido por aqui. Não podia ter uma plaquinha escrito "andar do Cauã, suba aqui!"?



Vejo um homem de aparência de meia idade e vou até ele. Acho que talvez ele possa me informar para onde diabos eu tenho que ir para chegar no quarto andar.



- Senhor, onde fica a escada? - pergunto para que suponho ser o segurança. Se está de terno e gravata, deve ser um segurança, certo?



- Ali no fundo, mas é pros funcionários. Não é melhor ir pelo elevador?



- Tem isso aqui? - tombo a cabeça para o lado, sem entender. Estou constrangido por não saber nem achar uma coisa tão simples. Sou tão idiota.



- Sim, tem. Pode usar, garoto. - aponta para a porta de metal. Ah, ali que é então.



- Então tá. Obrigado, moço.



Que vergonha! Não sei nem distinguir se tem elevador ou não num local. Quanta lerdeza, Akira!



Até o final do ano passado, eu morava em uma pequena cidade do interior. Então estou acostumado com coisas um pouco mais simples; apesar de que meu pai tem uma conta gorda no banco, sempre fui criado simplesmente naquela cidadezinha. Agora, meu pai resolveu me trazer morar em São Paulo, ignorando as minhas vontades. Se dependesse de mim, estudaria na escola Sol Poente, na Cidade dos Sóis, minha terra natal - irônico o nome da cidade ser parecido com a escola, né?



Mas não importa muito a escola, a verdade é que eu não consigo me enturmar direito em nenhuma.



Não sou muito sociável. Eu até tento, tento muito mesmo, agradar as pessoas, mas não consigo. É uma tarefa complicada para mim. Não sei se é impressão, mas parece que incomodo todos à minha volta.



Para a minha felicidade, eu tive a sorte de fazer dois amigos. Esses amigos estão me esperando no apartamento de um deles, para passarmos tempo juntos.



Dentro do elevador, fico com medo de apertar um botão errado ou, simplesmente, isso quebrar e eu ficar preso pra sempre, ou quem sabe, o cabo soltar e eu despencar dessa coisa. Para de paranoia, Akira. Acho que é neura de quem nunca anda de elevador sozinho. Um tempo atrás, eu não podia subir escadas por causa de um problema, aí usei muito elevador junto do meu pai ou irmã, que iam comigo.



Aperto o botão do andar do Cauã.



Cauã é o primeiro amigo que eu fiz. A história é simples e eu gosto de me lembrar disso: o vi quietinho na escola e me aproximei. Pensei que como ele estava sozinho, talvez quisesse conversar comigo. Mas me enganei. Foi muito difícil fazer amizade com ele. O loirinho não queria nem saber de mim, só queria jogar seu vídeo game em paz. Até que um dia, ele aceitou ser meu amigo depois que insisti tanto (com insistir, eu me refiro a ficar encarando ele de longe todo dia) que cansou. Depois disso logo conheci o Igor, melhor amigo do menor.

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