24 - Resgate

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P.O.V.   Fernanda

O tempo aqui parece que não passa, acho que fazem duas semanas que estou aqui. Sozinha. Alguma vezes o PH vem me ver, ele até trouxe o Jhon, parece estar tentando compensar o que fez, embora eu ache que isso teria acontecido de uma forma ou de outra e seria pior se ele não estivesse aqui. No fundo, acho que já o perdoei, porém não quero que ele saiba, quero que ele amadureça com isso. Com a vida que o meu pai leva, é impossível ter uma vida segura, mas eu ainda custo a acreditar que isso aconteceu comigo, de uma vida confortável, com tudo disponível pra mim à estar presa com roupas que mais parecem panos de chão sendo ameaçada e exibida como troféu.
Daqui de baixo não dava para saber se era dia ou noite, eu marcava pela hora que o PH vinha me trazer comida, algumas vezes ele trazia chocolate pra tentar me confortar um pouco, mas sempre que o Jorge chegava, ele tinha que me tratar como lixo.
Eu espero que o meu pai não demore mais tanto, preciso da minha casa, da minha cama, da Lua, do meu afilhado... Eu me apegava a isso pra não chorar o tempo todo e parecer uma fraca, eu não queria que me vissem chorando, de forma alguma eu daria esse prazer pra eles. Mas era inevitável, a sensação de impotência me dominava quando a noite chegava, então todos os dias antes de dormir, eu chorei.

P.O.V.  Marcos

- Thales, não posso mais esperar. Preciso agir, agora! - falei impaciente. - Eu não aguento mais não saber o que tá acontecendo com a Nanda.

- Mano, a gente já tem toda informação que aqueles inútil falou, agora é correr o risco, reunir os cara e ir atrás da tua filha.

- Ótimo, espalha pela favela que hoje tem reunião, e eu quero todo mundo lá no barracão. Manda os vapor dar o recado, de 14:00 horas eu quero geral lá.

- Então.

Ele saiu do escritório me deixando sozinho com o mapa do canta galo encima da mesa.
Depois de duas semanas, eu já tinha tudo que precisava, calculei tudo com calma e paciência (risos) parece até ironia, ter calma quando sua filha tá na mão de um bando de covarde filha da puta.
Bati com a mão na mesa com bastante força. Aquele desgraçado me paga! Eu mesmo vou matar ele.

Todas as noites eu ia no quarto da Nanda, deitava na cama dela e repassava cada detalhe do plano pra não deixar escapar nada, até pegar no sono. Pensar nela, me fazia sentir mais perto, mas hoje a noite ela dormirá em casa.

As horas se passaram e logo chegou o momento da reunião, repassei o plano com os vapor até garantir que eles fariam tudo certo. Dei a ordem para que ninguém saísse de casa.

- Vocês entenderam? - perguntei do alto da laje do barracão.

- Sim, chefe. - falaram como em unisono.

- Ótimo. 45 vem comigo, a gente vai dividir 5 grupos. Os líder vão ser, eu o Thales, o Loro, o Marcel, e o Tierry. Eu vou pelo centro, quero matar aquele filho da puta pessoalmente, se alguém pegar ele não mata, e passa o rádio pra mim na hora. O objetivo é resgatar minha filha, não coloquem ela em perigo. Entenderam? - eles não responderam, deixei uns segundos de silêncio seguir e logo continuei. - A gente vai invadir separados, o grupo do Tierry e do Loro vai chegar pelas entradas da direita, o Thales e o Marcel pela esquerda, e eu vou por trás. Matem todos que tiverem armas, TODOS. Ninguém encosta em criança ou mulher, se alguém fizer o contrário, vai ficar por lá mesmo.

Dei todas as instruções pra eles e desci pra casa. Cheguei cansado, há dias que não durmo direito, então me joguei no sofá. A Maria me ouviu chegar e apareceu pela cozinha.

- Marquinhos?

- Oi Maria.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou aflita.

A nova dona do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora