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P.O.V. Nanda

Depois do ultrassom, o Luiz me deixou na porta do hospital. Como o Thales tava muito ocupado e não podia ficar no hospital, eu era a acompanhante e o Thales ia as vezes no horário de visita. Antes de ir para o quarto em que o PH estava, eu fui almoçar, estava faminta, então qualquer coisa da lanchonete ia servir.
Caminhei devagar entretida no celular em direção a lanchonete do hospital, até que eu senti alguém pegar no meu braço, então dirigi minha atenção a tal pessoa. Juro que pensei que seria assaltada, mas ver que era o Jhonatan me deixou aliviada e, confesso, um tanto feliz.

Nanda: Ah, oi!
Jhon: Deveria prestar mais atenção no caminho, moça. Não quer cair e se machucar, né?
Nanda: É que eu tô numa correria sem fim, tô sem tempo pra nada.
Jhon: Entendo como é. Mas pra onde você está indo?
Nanda: Eu tô indo almoçar, e você?
Jhon: Estou no intervalo do almoço também. Quer me acompanhar?
Nanda: Se não for um problema, é claro.
Jhon: Será um prazer. - ele falou isso e eu meio que fiquei com vergonha, então fomos até a lanchonete e pedimos nosso almoço, eu pedi um PF simples com um guaraná e ele pediu o mesmo, só que com salada (ele tinha cara de ser daqueles que não saem da academia por nada).
Nanda: Posso perguntar um coisa?
Jhon: Claro.
Nanda: Porquê você decidiu ser médico?
Jhon: Uma pergunta um tanto complicada. Eu sempre tive uma admiração enorme pela profissão desde pequeno, assim que eu descobri que fui salvo por um médico ainda criança.
Nanda: Como assim?
Jhon: Bem... - ele respirou fundo antes de continuar. - Quando eu era pequeno, eu precisava fazer um transplante de coração, minha vida dependia disso... Então meus pais fizeram o necessário para conseguir o transplante, então eles acharam o doador... Era a filha de um médico cirurgião que tinha morrido num acidente de carro. A única exigência que ele fez, foi fazer ele mesmo a minha cirurgia, meus pais não pensaram duas vezes e aceitaram. Desde então, eu sempre quis seguir essa profissão.
Nanda: Uau! Que pesado, mano. - ele deu uma risada sem graça e apenas assentiu, permanecendo em silêncio por um tempo.
Jhon: Mas e você?
Nanda: O que tem eu?
Jhon: Bom, você vem todos os dias cuidar do seu ex namorado. Por quê?
Nanda: Ah, é uma longa história. - ele deu uma olhada no relógio e pareceu pensar um pouco.
Jhon: Então, nesse momento, eu não estou com muito tempo, mas adoraria ouvir essa história. Que tal sairmos pra lanchar hoje?
Nanda: Ficou tão curioso assim?
Jhon: Claro, e também, sair comigo não é uma ideia tão ruim assim, vai. - rimos juntos e eu finalmente concordei. - Ótimo, te encontro onde? - passei pra ele onde me encontrar, era distante do morro, não que eu tivesse vergonha, longe de mim, mas eu precisava saber o quem ele era primeiro pra poder me conhecer tanto assim.

Depois do almoço eu fui direto pra o quarto onde o PH estava, graças a Deus ele já tinha saído da UTI, isso aliviava bastante meu fardo, mas eu ainda sentia que ele precisava de mim, será que você é capaz de entender? Ele quase morreu por minha causa.
Assim que abri a porta do quarto, lá estava ele, de cara fechada e impaciente, ele odiava ficar parado e odiava mais ainda ficar sozinho, e levando em conta que eu não vim ontem e hoje cheguei tarde, ele devia estar puto da vida comigo.

Nanda: An... Oi?
PH: Até que fim, achei que tu não vinha mais.
Nanda: Deixa de ser exagerado, eu só não vim te ver ontem. - falei sentando na poltrona ao lado da cama. - Tu tá bem?
PH: Como eu poderia estar? Estou numa cama de hospital sem poder fazer porra nenhuma.
Nanda: Calma aí porra, também não precisa falar assim comigo.
PH: Tu tem um bom motivo pra não ter vindo aqui ontem?
Nanda: Eu precisava de um tempo pra mim.
PH: Ah, precisava de um tempo pra tu? - ele riu sarcástico. - Então tu precisava curtir enquanto eu tô aqui nessa porra de hospital totalmente fodido!?
Nanda: Pedro Henrique, para com isso, tá? Eu estive todos os dias aqui com você, não tem sentido tu tá me falando essas merdas.
PH: Ah, não? E por acaso não é sua culpa eu estar desse jeito? - eu engoli em seco e me calei, eu não esperava por aquelas palavras. - Responde, Fernanda! - nessa hora as lágrimas começaram a rolar, mas eu não ia demonstrar fraqueza, não agora.
Nanda: A culpa não é minha se você é um idiota irresponsável, Pedro Henrique! O único culpado disso tudo é você!
PH: Se tu não tivesse me expulsado do meu morro, nada disso teria acontecido. - dessa vez foi minha vez de rir, quem ele pensava que era?
Nanda: Seu morro? Você realmente bateu a cabeça com muita força. Meu Deus, como eu sou idiota, ainda pensei em voltar atrás e te deixar voltar pro morro, mas depois dessa, eu percebi que realmente estava certa. - nessa hora ele mudou totalmente de expressão, meu Deus, como podia ser tão dissimulado.
PH: Amor, me perdoa, eu não queria falar tudo isso.
Nanda: Ah, não queria? - perguntei ironicamente.
PH: Não! Nunca. Eu jamais pensei essas coisas, é só que eu fiquei com raiva e confuso, e você me deixou aqui só... Eu perdi a cabeça.
Nanda: Você foi um puta escroto comigo. Eu me preocupei com você, estive aqui todo santo dia, e porque eu não vim uma vez pra respirar um pouco depois que você estava melhorando sou obrigada a ouvir tudo isso?
PH: Me desculpa, eu não queria...
Nanda: Mas falou!
PH: Nanda, a vida nos deu uma segunda chance, vamo aproveitar ela juntos.
Nanda: Não, Pedro Henrique. Eu não posso fazer isso comigo mesma. Não vou voltar a sofrer por pena de você.
PH: Tu ainda me ama, eu sei disso, posso sentir.
Nanda: Então tu tá sentindo errado, porque você conseguiu destruir qualquer sentimento bom que existia entre nós.
PH: Nanda... Não fala assim, tu sabe que eu te amo porra.
Nanda: Bom, vou avisar ao Thales que precisa arrumar outro acompanhe pra tu, eu cansei.
PH: Como assim? Tu vai me deixar aqui?
Nanda: Sim. Boa sorte, PH.

Saí da sala rapidamente, com a surpresa da minha atitude, ele não teve nem tempo de responder. Aquela conversa acabou comigo, mas foi necessária pra me fazer abrir o olho. O PH é imaturo e babaca, e só com o tempo ele pode melhorar. Mas, pelo menos, hoje eu vou sair com alguém aparentemente legal, espero que ele não seja outro escroto...

Continua...

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Hey galera!
Bom, desculpem o capítulo curto e a demora, mas é que estão acontecendo coisas ruins que, infelizmente, acabam afetando minha criatividade, mas eu prometo que compenso vocês assim que estiver tudo bem, ok? Não desistam de mim, estou adorando a retribuição de vocês votarem no capítulo, isso me dá uma motivação enorme.
Obrigada, obrigada, obrigada!

_M

A nova dona do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora