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P.O.V    Luane

Desde a noite passada não preguei o olho, preciso contar ao PH, não sei o que fazer...

Lua: PH! Chega aqui mano, preciso levar um papo contigo

PH: O que tu quer? Fala logo que tô sem paciência.

Lua: Vamo pra trás da quadra, o bagui é sério. - Eu não fazia idéia de qual seria a reação dele

Fomos caminhando até atrás da quadra e eu não sabia por onde começar, então fui direto ao ponto.

Lua: Pedro Henrique, eu tô grávida.

PH: Como assim, Luane? Grávida porra?

Lua: Fala baixo caralho, quer que todo mundo saiba dessa merda?

PH: Esse filho não é meu.

Lua: Claro que é teu, com quem era que eu me encontrava praticamente toda noite, porra? Mano, e agora?

PH: Porra Luane, porra. Eu te dei o dinheiro pra comprar a porra do remédio, tu tava fazendo o que com aquela merda? - Eu não aguentei, comecei a chorar.

Lua: Eu comprei o remédio da minha mãe, eu tava sem dinheiro, e não tinha como arrumar. - ele se sentou do meu lado e me abraçou de lado.

PH: por que tu não me falou nada antes, mano? Eu teria te dado o dinheiro.

Lua: Eu tava com vergonha PH, desculpa mano. Eu não sei o que fazer.

PH: Tu vai tirar né!? - como assim, tirar? Nunca - Luane, presta atenção, a Fernanda não pode saber disso, tu vai colocar tudo a perder?

Lua: Eu falo que tô grávida, e tu vem me falar na Fernanda porra? Eu quero que a Fernanda se foda, Pedro Henrique, tu não pensou nela quando tava transando comigo né!? Eu vou ter esse bebê, e você vai me ajudar a criar, eu não fiz ele sozinha.

PH: Tu tem merda na cabeça garota? Eu não vou colocar meu futuro em jogo porque tu foi irresponsável.

Lua: Eu fui irresponsável tanto quanto você. E, quer saber, Pedro Henrique? Eu vou contar tudo pra Fernanda agora.

PH: mano, se tu fizer isso, eu te mato.

Lua: Então mata, Pedro Henrique, tô pagando pra ver.

Eu sabia que ele não teria coragem de me matar, mas eu não sabia se teria coragem de contar pra minha melhor amiga que fui uma filha da puta com ela.
Quando estou saindo de trás da quadra vejo a Fernanda vindo com o tal novato, "tomara que ela não tenha me visto".
Caminho em direção ao banheiro segurando o choro, entro em um dos box e me tranco lá dentro, desabo no mesmo instante.

"O que eu vou fazer agora? Eu não tenho nada, nem ninguém. Minha mãe precisa de mim, e eu não tenho como ajudar, estraguei a minha vida. Minha mãe vai ficar decepcionada comigo. Como vou contar isso a ela? Como vou dizer que está vindo mais uma boca? Como vou dizer que não tem mais dinheiro pros remédios?"

Entre um soluço e outro, percebo que alguém entrou no banheiro.

Xxx: Oi, tem alguém aí? - é a voz da Gabi, eu permaneço em silêncio, não quero ter que explicar nada agora. - Você tá bem?

Continuo quieta até fazer silêncio total no banheiro, entre abro a porta pra confirmar que o banheiro está vazio e só então saio.

...

O dia se passou lentamente, a Fernanda perguntou se eu estava bem, falei que sim, mas com certeza ela percebeu que tinha algo errado, porém não insistiu.
No caminho pra casa, vim relembrando a nossa infância, em como ela esteve do meu lado quando eu descobri a doença da minha mãe, ou quando eu ia dormir lá depois da morte da mãe dela.
"Eu preciso contar a ela, ela merece saber a verdade."
Mudo a rota e vou direto pra casa da Fernanda, bato na porta já em prantos, quando ela abre e me vê chorando.

A nova dona do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora