Sweet White Wolf

𝑶𝑹𝑰𝑮𝑬𝑵𝑺

Já era a quinta vez naquela manhã que Jung Hoseok começara um sermão sobre minha automedicação ser imprescindível no dia de hoje, e que além disso, ele afirmou se recusar a pagar qualquer fiança caso eu parasse na prisão por ter atacado a sangue frio qualquer indivíduo que constasse em qualquer lista de chamada daquela instituição de ensino. 

— Tem certeza que está levando uma caixinha extra de supressores? Min Yoongi se não estiver...— Hoseok disse checando a mochila que repousava em cima do sofá enquanto atrapalhava totalmente o meu café da manhã. 

— Sim, Jung. — revirei os olhos balançado e cabeça — Será que dá pra tentar ficar menos nervoso? Já disse que não precisa se preocupar. 

— Não preciso me preocupar? — meu secretário fez uma pausa dramática com uma risada exageradamente sarcástica — Mais de 10 animais de criação Yoongi. — na última colherada do meu café da manhã, larguei o recipiente junto de uma xícara de café vazia na pia de mármore frio, enquanto Jung sinalizava o número com ambas as mãos. — Você matou mais de 10 animais de criação no último cio. Estrassalhou os coitadinhos e nem lembra disso. 

— Exatamente se eu não lembro, não aconteceu. — balancei meus ombros enquanto subia as escadas rumo ao banheiro, enquanto ao meu ver, Hoseok me seguia com um olhar três vezes mais preocupado. 

— Você ainda não entendeu! Se você fez isso com alguns animais, sem a presença da sua escolhida, e vale frizar o "sem" — Hoseok respirou fundo enquanto me olhava escovar os dentes — Temo pelo o que pode fazer à vidas humanas com (S/n) por perto. Além do mais, e se você virar um lobo no meio do ginásio? Como a empresa vai lidar com isso? Jovens de hoje em dia tem smartphones Yoongi! Já pensou? Cancelamento do agora ex líder da empresa Min no Twitter. Um pesadelo Yoongi, a nossa matilha vai sucumbir em falência se nos descobrirem assim! 

— Caro Jung Hoseok, você ao menos poderia me dar a privacidade de escovar meus dentes em paz? — Voltei-me para ele enquanto já estava a terminar de tirar o resto da pasta de dentes no canto da minha boca.

— Yoongi! Você precisa ter responsabilidade sobre seu eu interno! Não é simplesmente chegar e matar quem você quiser e quando quiser. — Jung Hoseok insistia no mesmo discurso desde a última vez que (S/n) esteve aqui e ele resolveu bancar o primo idiota. 

— Eu tenho tudo sob controle. — disse enquanto colocava uma das lentes de contato piscando freneticamente.

— Não é isso que as ovelhinhas que você matou diriam sobre você. — Hoseok jogou ambos as mãos para cima e eu bufei depois de colocar a última lente. 

— Ok, seu beta cheio de moral e que consegue controlar seu lobo em toda e qualquer situação, me diz, como eu faço isso? — avancei na direção da porta apagando a luz atrás de mim — Como eu faço pra controlar o monstro que tem dentro de mim? Hã? Como eu faço pra expulsar essa praga que faz com que tudo que eu toque morra?  — Hoseok abaixou sua cabeça, bufando em desistência.

— Eu ainda não sei Yoongi. A questão aqui é que...eu só...temo por você, e pela garota também. O relógio está contra você, sabe disso.

— Eu só tenho uma chance Hoseok. Não quero ter que falhar outra vez. Não quero e não vou.

Hoseok ainda meio receoso comprimiu os lábios acenando vagamente e se afastando, em direção à escada — anda logo, ou vai se atrasar. Se algo der errado — Voltou-se novamente em minha direção. — Não hesite em ligar pra mim. Não faça nenhum estrago Min Yoongi.

[...]  

Caminhava um tanto despreocupado em meio às ruas, o movimento matinal daquela cidade esgueirava-se em todas as suas vielas, mostrando que a vida cotidiana e os compromissos batiam todas as manhãs na porta de todos. Eu via a cara de sono de todas aquelas pessoas, o andar apressado não condizente com seus rostos que pareciam ter acabado de sair da cama. Algumas olheiras tentavam ser mascaradas com copos e mais copos de café, assim como o ar um tanto frio da recente manhã quase intocada pelo sol era dissimulado com algumas sobreposições de tecido leve. E eu era uma das pessoas ali, no meio daquele caos matinal. Eu passei praticamente em claro a última noite, pensei que o cio viria à mais de dois dias atrás, mas até agora nada aconteceu, o que me deixa preocupado. Pensei nas mil e umas maneiras de como as coisas podem dar errado a essa altura, partindo do pressuposto de que já aconteceram incontáveis vezes, e que de nenhuma delas o destino se comoveu, me dando a chance de me lembrar para não cometer os mesmos equívocos.