Uma Existência Sem Cor [concluída]

17. Décimo Ano

Oláaaa cheguei com mais um capítulo, esse é inteiramente narrativo e vocês podem pegar lencinhos, é triste. Mas a boa notícia é que só falta só mais três pra Wei voltar dos mortos 💕

Qualquer erro ou inconsistência, só falar! Boa leitura :3

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Uma década havia passado desde que Wei WuXian partira, dez longos anos que Lan WangJi teve para colocar todos os seus pensamentos e sentimentos em ordem. Ainda na adolescência ele descobriu que aquele garoto barulhento de sorriso fácil lhe chamava a atenção, primeiro pensou que fosse por sua irreverência, algo tão diferente do que ele era acostumado a ver e ser, mas então percebeu que seu corpo reagia àquela pessoa de maneiras que ele não podia controlar: seu coração disparava, às vezes o ar faltava, suas mãos desejavam tocar aquela pele, e tinha "aquela" parte de seu próprio corpo que parecia ter vida própria, muitas horas foram gastas na fonte fria para aquietar sua... Ansiedade. Dormir não ajudava quando tudo que ele sonhava era com aquele rapaz, até sem-vergonhices descabidas que jamais poderia verbalizar.

Ciente de seus sentimentos, Lan Zhan, certa vez, foi incapaz de se conter. Mas como poderia? Aquele homem estava despreocupadamente vendado e indefeso, sentado num galho de árvore... Suas mãos suaram, sua boca ficou seca... Ele queria senti-lo com todo o seu corpo, mas se contentou em roubar-lhe um beijo e foi intenso, prazeroso e, de certa forma, vergonhoso. Pior ainda foi sentir o sabor do vinagre quase escorrendo de sua boca ao ouvir as palavras "É claro que eu já beijei, eu sou muito experiente".

Entretanto, somente após perdê-lo, durante esses anos de angustia, foi que Hanguang-Jun pôde perceber a verdadeira natureza de seus sentimentos. Todo aquele desejo de protegê-lo, de levá-lo de volta ao caminho da luz, de tê-lo em seus braços... Aquilo era o que chamavam de amor. E foi difícil aceitar que ele poderia ter feito tudo isso, mas seria à força. Não seria a primeira vez que algo assim aconteceria na história de sua seita, bem, entre dois homens provavelmente sim, mas seu próprio pai havia feito aquilo com sua mãe. Ele a levou à força para os Recantos da Nuvem, casou escondido, trancou-a numa solitária casa e se trancou em outra, encontrando-a apenas para honrar suas obrigações matrimoniais, sabe-se lá de que jeito ou com qual sentimento, se é que existia algum... Mesmo sem nunca ter conversado sobre amor, Lan Zhan sentia que não era daquela maneira.

Jamais poderia prender aquele homem que ele tanto amava, Wei Ying era uma alma livre, gostava de se expressar abertamente, vivia sem arrependimentos, protegia quem quer que precisasse de proteção, era forte e virtuoso, era... Magnífico. Era. Pensar que ele não é mais nada além de lembranças doía como se cem flechas atravessassem o seu peito uma a uma. Não, era pior. Nenhuma dor física poderia ser comparada àquele imenso vazio onde somente a culpa e a saudade ecoavam.

O inverno estava particularmente rigoroso naquele ano. WangJi se encontrava de pé na entrada do Jingshi, tudo que ele queria era poder fechar os olhos e estar com aquela pessoa quando os abrisse. Não importava sua forma, não importava seu gênero, não importava sequer onde estivesse, ele só queria tê-lo de volta e tudo seria diferente, os dias teriam cores, os invernos seriam menos frios, a comida voltaria a ter sabor. Wei Ying poderia fazer o que quisesse, ele permitiria; se ele falasse bobagens, ele ouviria; se ele não o amasse de volta, ainda assim, ele se manteria ao seu lado. Se ele estivesse vivo, se seu corpo pulsasse, se sua alma fosse quem sempre fora, WangJi estaria lá para garantir que ele continuasse nesse plano.

Mas de nada adiantava desejar, muito provavelmente aquela pessoa não queria voltar, talvez estivesse num lugar melhor agora, longe da dor, longe da fome, da rejeição, do ódio, da perseguição, longe de todos os males... Ele poderia estar a salvo em algum lugar, Lan Zhan gostava de pensar que se ele não respondia aos seus dolorosos chamados era porque estava bem.

Pegou sua guqin, sentou-se na entrada do Quarto do Silêncio, olhou o horizonte por um instante, observou o vento frio causar um alto ruído nos galhos vazios das árvores ao redor, sua moradia era seu refúgio, apesar dos aposentos de seu tio ser por perto, sabia que não seria incomodado por ele naquele horário.

Naquela noite, sob o manto negro do céu sem estrelas, WangJi não tocou Inquérito. Seus delgados dedos nunca estiveram tão calejados, as notas daquela música estavam tão impregnadas em sua rasa existência que poderia tocá-la vendado, com uma só mão ou até mesmo de cabeça para baixo. Mas não dessa vez, a melodia escolhida foi aquela que os Recessos da Nuvem jamais ouvira, que nenhum júnior jamais aprenderia, aquela ele compôs tantos anos atrás, quando seus sentimentos ainda eram verdes, emaranhados e inexplicáveis, aquela que só os dois conheciam e que há muito tempo ele havia empurrado para o fundo da memória...

Lan WangJi tocou WangXian ali, sozinho, na varanda de sua casa, contemplando o vento congelante que lhe tomava a pele, ele não sentia frio, não quando pensava nele, não quando aquela música ecoava em seus ouvidos. Mesmo quando a neve começou a cair sobre si, ele não parou, seu corpo estava entorpecido, mas sua resistência sempre fora boa.

Ao final da música, fechou os olhos em prece, a neve se acumulava nas mãos espalmadas sobre as finas cordas do instrumento musical bem como sobre seus ombros e seus cabelos, naquele dia em que comemorara seu trigésimo segundo aniversário, tudo que WangJi desejava era poder abraçar aquele homem, beijá-lo, manter-se ao seu lado e nunca mais sair, mesmo que isso significasse abandonar sua família, ser apedrejado até a morte ou brigar com todo o mundo do cultivo. Ele não se importava, nada mais importava. Uma vida sem Wei Ying era apenas uma existência vazia e sem cor, ele queria mais e precisava de mais, estava envelhecendo e não tê-lo ao seu lado para compartilhar todos aqueles momentos era o mesmo que não estar lá. Wei WuXian não pôde ver SiZhui crescer e ser o menino dos olhos de Lan QiRen; Não viu como o mundo deu tantas reviravoltas que Meng Yao, o filho de uma meretriz, se tornou o Cultivador-Chefe após se afiliar a metade das seitas mais proeminentes; Não estava lá quando essas mesmas seitas resolveram se beneficiar de seu trabalho de anos... Tudo que ele desejava na noite de seu aniversário era poder contar a Wei Ying tudo que ele não presenciou, todavia, nada passou de um desejo.

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Às vezes eu me pergunto em que bad eu estava pra escrever essa fanfic pq olha... sofrência tem kkkkkkk

Vocês já devem saber, mas Fiorentino2803 e eu estamos fazendo uma fanfic de mdzs que se passa nos anos 20 e os personagens estão basicamente divididos entre uma academia militar e um bordel, é de comédia, mas terá umas pequenas pitadinhas de drama, vou deixar o link caso vocês se interessem, acho que iriam gostar 💞
https://my.w.tt/c9gBTapDX9

Nos vemos na quinta 💕