Nossa híbrida estava aconchegada em uma das poltronas do complexo Mikaelson, um grimório específico estava em seu colo em total absorção; Não era exatamente uma amante de livros, mas quando se tratavam de grimórios era outra questão, ainda mais esse que estava lendo. O grimório de Esther Mikaelson, uma das maiores bruxas relacionadas a magia negra de toda a história das bruxas. Havia tanta coisa ali que marcações eram feitas em seu próprio grimório, que já estava lotado de informações do grimório de sua mãe e até mesmo feitiços e poções feitos por ela mesma.
Com uma das mãos sobre o ventre, virava mais uma página. Haviam tantas, tantas coisas ali que tinha certeza que em breve descobriria as curas para o que desejava desde que se formara na universidade.- Alyssa! - Sua atenção foi desviada quando a chamaram, ergueu os olhos para quem aparecia na porta da sala de estar onde estava, acabando por encontrar sua melhor amiga estando com um sorriso. - Venha, está na hora!
Assentindo com a cabeça, fechou o grimório em cima de seu colo, o deixando na poltrona que estava ao se levantar, levando consigo apenas um pequeno papel dobrado. Os que estavam no hall se ocupavam com suas próprias conversas, mas um deles teve o olhar atraído para a mulher que chegava junto com Davina. Ainda parecia ser um devaneio, um real devaneio tê-la carregando um filho seu; o que ficava mais aparente a cada mês que passava, agora que encerrava o quarto mês sua barriga era aparente, não podendo mais se disfarçar com facilidade. Estava linda, ela mesma sabia.- Então, como funciona isso? - Alyssa perguntou a ninguém específico parando ao lado de Marcel, estando eles em volta de uma pequena fogueira que fora feita no meio do hall. Mirou o fogo compadecidamente, fingindo não notar os olhos de Niklaus sobre si. Suas relações estavam estranhas, havia um limite imposto imaginariamente, o qual nenhum deles sabia se deveriam passar.
- Escrevemos um desejo que temos, e jogamos na fogueira para que se realize. - Rebekah explicou com uma feição animada, era claro que essa tradição era uma de suas preferidas. Se virando para a híbrida, sorriu amavelmente. - Escreveu o que deseja?
- Sim. - Mostrou o bilhete dobrado em uma de suas mãos, sorrindo levemente.
- Então vamos, Elijah primeiro. - Com a indicação da irmã, o mais velho dos Mikaelson - que ali estava presente, jogou seu próprio bilhete nas chamas incandescentes, deixando espaço para que o segundo na linha viesse a jogar. - Nik…
- Sim, eu sei. - O híbrido focou seu olhar na fogueira, jogando seu bilhete de uma vez só, vendo a fuligem subir lentamente. Seja qual fosse seu desejo, esperava muito que se realizasse.
A ordem se seguiu pela idade, Rebekah e Marcel indo a seguir, deixando Alyssa em penúltimo lugar. Foi acompanhada por olhares, assim como os outros, deixando seu bilhete desejoso cair nas chamas atentamente, deixando o fogo queimar apenas quatro palavras: “Que ela viva bem”. Se afastando para deixar a última da linha, e o último bilhete ser jogado.
Os seis permaneceram em silêncio por um momento, todos concentrados em seus próprio desejos mais íntimos, sem saber que todos tinham desejos semelhantes que voltavam sempre para essa pequena família a qual estranhamente faziam parte.- Bem, feliz natal! - Marcel disse à todos, as músicas do bairro podendo ser ouvidas em comemoração ao dia vinte e cinco de dezembro. Arrancando sorrisos de todos, passaram a se prestigiar, abraços e saudações sendo trocados entre todos eles, um certo constrangimento ficando claro quando dois específicos se tocaram, era óbvio uma tensão entre ficarem longes um do outro, ou apenas prolongarem por mais tempo aquele toque que não era mais compartilhado.
A música natalina soava pelo complexo suavemente, risadas e confidências eram possíveis de serem ouvidas do cômodo onde Klaus se encontrava, terminando de beber sozinho uma taça de vinho. Ouviu passos se aproximarem a distância, não precisando de virar para reconhecer quem era, o cheiro já era o suficiente. Se manteve aonde estava, abaixando a taça ruidosamente na mesinha a sua frente.- Por que está tão solitário? - Alyssa perguntou encostada na parede, observando cuidadosamente o homem. Por que ela estava ali? Reparando o sumiço repentino de Niklaus, sentiu algo como dó vendo que nenhum dos outros se incomodara, seja propositalmente ou não. - É a última confraternização do ano, devia aproveitar.
Não era aquilo que queria falar, queria dizer que era a última confraternização aberta antes do nascimento do bebê. Mas falar tão plenamente sobre isso ainda era assustador, ao menos, o híbrido pareceu entender ao se virar para ela.- Você quer dançar? - Sem responder nenhuma das perguntas, fez a sua de uma só vez, as sobrancelhas juntas deixando claro que aquilo era uma escolha dela.
Alyssa pensou por breves segundos, mas não parecia haver motivo para não aceitar. Assentiu com a cabeça, caminhando até o homem e estendendo as mãos. Apenas essas foram tocadas a princípio, com um cuidado atento que mesmo assim irradiou uma corrente elétrica pela pele da morena. Levando uma mão ao seu ombro, ele segurou calmamente em sua cintura, as mãos dadas jazendo perto de suas faces ao passarem a se movimentar no ritmo da música.Há quanto tempo não dançavam? Parecia uma eternidade.
Estavam próximos o suficiente para sentirem e ouvirem suas respirações, era o mais perto que chegavam realmente desde a discussão, e mesmo assim, as coisas entre eles não parecia ter mudado tanto. Alyssa sentiu os olhos de Klaus voltarem para si, até então nenhum deles se olhando. Mesmo sentindo a queimação em sua bochecha, não o olhou, ao menos, ainda não.
- Eu acho… que te devo desculpas apropriadas.
- De fato. - Assentiu levemente com a cabeça, deixando um sorriso irônico permanecer em seus lábios. - Mas acho que eu estando aqui já fica bem claro que não estou mais… tão irritada.
- De fato. - Uma risada baixa foi ouvida, mas ainda assim não o olhou. A dança continuava calmamente ao som de jazz natalino, sutilmente iam se aconchegando um ao outro, mesmo que ainda houvesse aquela barreira inexplicável. - Vocês estão bem? Digo, você e o bebê.- Sim, estamos bem. - Aquilo ainda era tremendamente estranho, falar no plural por si mesma e pelo ser que crescia em sua barriga, ainda mais falando com Klaus sobre. - Terei uma consulta no próximo mês, se você quiser ir…
- Claro… - Era claro pelo tom de voz dele que também estava se acostumando com isso, mas desta vez, como podia culpá-lo? Não é todo dia que um vampiro está esperando um neném nascer. Com esses pensamentos, que lhe levaram para uma nova informação que recebera no dia anterior, Alyssa sorriu em uma meia risada, fazendo Klaus apertar levemente sua cintura ao olhá-la. - O que foi?
- Nada, só… - Suas palavras se perderam quando ergueu os olhos pela primeira vez para ele, o encontrando mais perto do que esperava, novamente, terrivelmente perto. O sorriso desapareceu de seus lábios, soltando a respiração que nem sabia que tinha segurado. - Nada.
O híbrido não pensou em se afastar, se manteve onde estava observando Alyssa atentamente. Já não dançavam mais, seus corpos continuavam próximos na posição da dança, podendo sentir a mão dele se tensionar mais em sua cintura. Por que ainda reagia dessa forma a ele? Por que hesitava e abaixar o olhar para seus lábios, lábios tão malditos que não provava a meses? Pensou por um momento se não havia um visgo por ali, seria totalmente irônico, mas ao menos teria uma desculpa para beijá-lo.
Mas… será que deveria?Com os olhos fixos nos azuis intensos de Niklaus, achou que a beijaria quando se inclinou para si. Mas ao invés do que pensava, deixou um beijo singelo em sua testa, se afastando rapidamente no segundo seguinte dando um fim a dança.
- Klaus! - O chamou se virando para a porta, um tanto confusa pela rapidez com que tudo acontecera, mas não podendo deixar que saísse assim. Ele parou, se virando para olhá-la, passando sutilmente uma das mãos nervosamente em paletó. O olhando, respirou fundo apenas uma vez antes de falar. - Agnes fez um teste ontem… é uma menina.
O tão terrível Mikaelson, já não parecia mais tão terrível assim quando sorriu. Verdadeiramente sorriu de uma ponta a outra do rosto, antes de então sair da presença dela, decidindo lhes dar mais um tempo.
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The Originals: Unanimous
RandomTodo mundo tem algo a ser escondido, seja humano, vampiro, lobisomem, bruxo ou híbrido, sempre vai ter algo não contado. Uma mentira dita, segredos não falados, mistérios para serem revelados. Alyssa Delawere é uma dessas pessoas que esconde mui...