Lutar

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Era claro a cada dia que a gravidez avançava ainda mais. Alyssa estava prestes a entrar no oitavo mês, havia muitas coisas que a irritavam em relação a tudo, mas ao menos em relação a si mesma, era algo eu já tinha entrado em acordo. Podia não ser o efeito de seus planos, mas era sua realidade e iria aceitá-la. 
 
Era entre esses pensamentos que andava pelos corredores do complexo Mikaelson, em direção ao quarto do híbrido. As coisas podiam estar melhores, mas ainda estranhas. Novamente, como se esperassem por mais um ataque, ainda mais quando a linhagem estava sendo ameaçada e não faziam idéia de quando as bruxas a quebrariam. 

 Porém, parecia haver algo mais importante ali, e por isso se arriscava até o local onde toda aquela situação tinha se iniciado.

- Niklaus, onde você está? - Perguntou ao adentrar o quarto que estava com a porta encostada, chamando o homem com certa impaciência entonada, como tudo parecia ser no momento.

- O que houve? - A voz foi ouvida as suas costas, girando os calcanhares, deu de cara com o híbrido que saía do banheiro com apenas uma toalha na cintura, deixando o tórax já conhecido desnudo.
 
Nada se passou por sua mente no momento, os lábios se abriram sem emetir nada. Um silêncio estranho pairou por alguns segundos, Klaus sem constrangimento algum com um leve sorriso de canto, esperando a bruxa sair de seu leve estupor, que beirava a irritação. No fim, Alyssa recusou-se a olhá-lo, erguendo uma das mãos e desviando o olhar com as sobrancelhas franzidas.

- Depois conversamos. - Foi o que disse de imediato ao sair do quarto, não querendo se estender aquilo, nem ao corpo dele, nem a tatuagens que havia em seus ombros.

 Haviam algumas coisas que Alyssa não tinha certeza sobre… tudo. E uma delas, era sobre sua própria vida. Iria sobreviver a tudo isso? Iria ver sua filha crescer? Não tinha tanta certeza, não quando tudo parecia ameaçar sua existência, e não quando… sua própria mãe havia morrido no parto. Não podia arriscar, por isso, escrevia uma carta para sua pequena criança ler no futuro.

- O que você está escrevendo? - Sua atenção se desviou quando ouviu a voz de Klaus, erguendo os olhos para ele, dobrou o papel que escrevia, não havendo mais vergonha ali, mas ainda estando um tanto séria. - Sobre como você quer ver meu corpo nu?

- Niklaus, você é impossível. - Disse rolando os olhos, deixando um suspiro sair de seus lábios. 

 O híbrido riu nasalmente, se sentando ao lado da mulher sem cerimônia, deixando um braço no encosto da poltrona em que ela estava. De sobrancelhas erguidas, ela o olhou, esperando o que queria dizer. Mas naquele momento, ele não disse nada. Apenas a observou com um mínimo sorriso nos lábios, os olhos verdes apenas a observando, certo, havia certo desejo, mas não completa malícia. Já Alyssa, se questionava. Mas não dizia absolutamente nada.

- Então, o que você queria quando invadiu meu quarto com tanta imprudência? - Ele enfim disse, ainda sem desviar os olhos dos dela. Seu tom estava em uma mistura do sempre deboche, mas havia ternura ali. Uma estranha ternura.

- Ah, espere… - Disse ao se lembrar, deixando a carta dobrada no meio do grimório de sua mãe, e se ajeitando na poltrona. Esperou alguns segundos, respirando levemente até então sentir aquela leve cócegas acima de seu umbigo. Pegou a mão de Klaus, levando até aquele local, a segurando ali enquanto ainda sentia as cócegas, os mínimos chutes em sua barriga. - Está sentindo?

 Agora ela sorria, observando a face de Niklaus. Suas sobrancelhas estavam levemente franzidas, a mão sob a dela acariciando levemente o ventre. Assentiu com a cabeça, um sorriso mais pontuado surgindo em seu rosto. Um daqueles sorrisos que era raro de se ver, mas… estava ali.

- Ela é forte. - O híbrido disse, erguendo então os olhos para Alyssa. - Como a mãe.

- Provavelmente. - A frase foi o suficiente para fazê-los rir, deixando o ar mais relaxado. Mas… não o suficiente. Klaus se afastou, tirando o braço de trás dela, os olhos se desviando de maneira quase distraída. - O que foi?

- A hora está se aproximando. - Estava falando sobre o parto, ou sobre a quebra da linhagem? Talvez os dois.

- E você está assustado. - Constatou erguendo as sobrancelhas apenas por um momento, teria zombado dele se ele tivesse reagido, mas sequer a olhou. Suspirou, estalando os dedos na frente de seu rosto, fazendo-o a olhar. - Klaus, está tudo bem. Nós vamos conseguir, ok?

- É irônico você estar me dizendo isso.

- Toda essa situação é irônica.

 Ambos estavam certos. Novamente, se observavam, ao mesmo tempo que analisavam e apenas… admiravam. Suas sobrancelhas apenas ficavam mais franzidas, e o primeiro movimento foi feito por Klaus. Ele pegou a mão dela levando até o próprio rosto, fechou os olhos com o toque macio da mão dela em seu rosto, deixando a mão descer para seu pulso, antes de soltá-la. Alyssa ainda o observando, acariciou o rosto dele levemente, sentindo sua barba mal feita, sentindo aquelas palpitações em seu peito que ainda estavam ali. Estar perto dele, sentir tudo aquilo… céus, fazia tanto tempo que sequer se beijavam!

 Klaus abriu os olhos, e desta vez ele tocou o rosto dela. Roçou os dedos em sua bochecha, descendo por seu pescoço e permanecendo em sua clavícula. Seus olhos ainda estavam fixos um no outro, Alyssa parecia quase desafiá-lo a se aproximar. Os dele foram os primeiros a se desviarem, indo para os lábios da negra, apenas para voltar para os olhos. Ela suspirou, inclinando a cabeça, os hormônios da gravidez ficando mais claros. Permitiu se inclinar para ele, sabendo que teria que tomar a atitude. Não esperou, fechando os olhos, deixou um beijo em seus lábios, ainda com a mão no rosto dele. Foi rápido, segundos o suficiente para mal sentir seus lábios, e só ficar com gosto de quero mais.

 Se afastou apenas alguns centímetros, seu coração palpitando como se quisesse saltar. Novamente, seus olhos se cruzaram, estavam próximos o suficiente para sentirem a respiração um do outro, e seus lábios se roçaram levemente. Ambos já sabiam o que queriam. Quebraram ao mesmo tempo a distância, juntando os lábios de uma vez, a mão de Alyssa descendo para o pescoço dele, e a dele descendo para suas costas. Finalmente, sentiram seus lábios, sentiram seus gostos. Alyssa foi a primeira a abrir passagem, sendo diretamente correspondida. Seus lábios que não se tocavam a tanto tempo sabiam perfeitamente o que fazer, sendo um beijo intenso, ávido, mesmo que ao mesmo tempo calmo, sabendo que tinham tempo o suficiente para aproveitarem.

- Ei, Alys… ah, bem, vejo que vocês enfim se acertaram. - O beijo foi interrompido quando a voz de Rebekah foi ouvida, ambos se viraram para ela na maior cara de pau, não havendo nenhum constrangimento a não ser um leve ofegar.

- O que você deseja, amada irmã?

- Temos uma tropa lá embaixo esperando pela Alpha. - Um sorriso de canto era claro no rosto de Rebekah, a felicidade sendo expressa. Indicou a bruxa com a cabeça, os braços se cruzando.

- Do que está falando? - Alyssa perguntou se levantando.

- Hayley está com alguns cachorros que vieram te procurar. - A loira explicou, os olhos indo de um para o outro. - Parece que… nosso bebê milagroso está virando notícia entre as matilhas. Todos querem conhecer “o milagre da raça”.

Os dois se entreolharam, as sobrancelhas novamente se franzindo. Mas pelo tom de Rebekah, aquilo era algo bom. Era uma… esperança.

- Eles vão lutar, não vão? - Alyssa constatou voltando a olhar para Rebekah.

- Sim, vão lutar por nós.

The Originals: UnanimousOnde histórias criam vida. Descubra agora