Calmaria

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 O corpinho de Hope em seus braços lhe trazia uma felicidade inimaginável, sua filha adormecia a medida que a mamadeira acabava, assim como seu relato dos acontecimentos desde sua suposta morte. Os Mikaelsons, Davina e Marcel estavam à sua volta, alguns enquanto andavam ao ouvi-lá. Claro, havia um que estava com uma expressão nada boa.

- Por isso precisei ficar longe, já tinhamos inimigos o suficiente separados. - Deixando aquela mamadeira de lado, a mãe ajeitou a criança em seu colo, observando a face adormecida de sua filha. Parecia tão calma, com uma pureza que de fato não parecia pertencer aquele lugar. Longe de dor, longe de sofrimento.

Aquilo parecia ser compreensível, mas não para Niklaus, que no fim daquela frase se retirou de imediato da sala em que se encontravam. Ninguém se surpreendeu, mas Alyssa o seguiu com o olhar, sem dizer nada. Também não se surpreendia, mas sinceramente... era decepcionante e cansativo.

- É bom te ter de volta. - Rebakah disse pondo a mão no ombro da negra, que desviou sua atenção para ela, dando um sorriso ao assentir com a cabeça.

Finalmente conseguiu tomar um banho para tirar todo aquele sangue de seu corpo, com um certo alivio por aquela batalha ter terminado, mas sabia que não seria a última. Limpa, os passos de Alyssa a levaram de imediato para o berço onde tinha deixado sua criança anteriormente. Agora, o complexo estava silencioso - claro, conseguia ouvir ao longe algumas vozes, mas nada que fosse alarmante. Hope dormia de barriga para cima, ainda naquela pureza.

- Ainda está aqui. - Sua atenção se desviou quando ouviu a voz de Klaus, se virando ao vê-lo próximo a porta, com aquela mesma expressão. Um suspiro saiu dos lábios da mulher, sabendo que não demoraria para a hora da explosão chegar.

- Claro que estou. - Disse ao passar por ele, fazendo com que se afastasse ao encostar a porta que levava ao quarto da criança.

- Recuperando o tempo perdido?

- O que quer, Niklaus? - Cruzando os braços se virou para ele, erguendo as sobrancelhas. - Sei que está com raiva de mim, mas esse não é o momento de deixar seu egocentrismo arruinar tudo.

- Não seja hipócrita! - O híbrido rebateu em um rosnado. - Você mentiu para todos nós.

- Você é surdo ou só escuta o que deseja? - Os dois estavam no mesmo tom de voz, em vozes alteradas que se continham em sussurros. Afinal, tinha um bebê dormindo. - Não ouviu nada do que eu falei para todos lá embaixo?

- Não me importo com seus motivos, você abandonou Hope! - Voltava a bater na mesma tecla de antes, gesticulando com as mãos enquanto parecia prestes a cuspir. - Você foi embora e abandonou ela!

- E você não fez o mesmo? - Mas que hipócrita imbecil! Como estava usando isso para recriminá-la? Ah, era Niklaus. - Você a mandou para longe, não mandou? Você também a afastou para protegê-la!

- Mas não menti sobre estar morto, você sim! - O controle começava a escapar de sua voz, se aproximando cada vez mais da mulher ainda gesticulando ao apontar para ela. - Você não se importou, foi embora sem sequer pensar em Hope, sem sequer pensar em mim!

Então, Alyssa compreendeu. Um suspiro saiu de seus lábios em uma exclamação, passando a mão na face pela conclusão que chegara. Tinha se esquecido como Niklaus podia ser idiota! Respirando fundo, se voltou para ele, um pouco fora de seu controle.

- É esse o ponto, não é? Não é eu ter me afastado para proteger Hope, é eu ter TE deixado. - Aquilo parecia incompreensível para a mulher que balançou a cabeça em negação ao encarar Klaus, uma risada amarga saindo por seus lábios. - A síndrome do menininho abandonado que nunca supera os traumas do passado. Pelo amor, Niklaus! Deixe de ser um pouco egoísta, pelo menos se tratando de nossa filha!

- Egoísta? Estou sendo egoísta por pensar em nossa filha? - Desta vez, foi o híbrido que riu sem emoção alguma, os lábios se crispando sobre os dentes.

- Ouça o que eu estou dizendo seu bastardo idiota! - Desta vez, Alyssa avançou dando um soco no peito do híbrido que recuou, as sobrancelhas se franzindo. - EU fiz isso por ela, para mantê-la protegida de toda essa guerra. A mesma coisa que VOCÊ fez! Seu machista idiota que só pensa em si mesmo, isso não se trata mais sobre você, nem sobre mim, se trata sobre Hope.

- Eu SEI que você fez por ela, sei que as caças que fez foi por ela, e que isso não se trata sobre nós! Mas ISSO se trata sobre nós. Sequer pensou em como eu me senti? Como senti sua falta em todos esses meses? Ou sequer se importou, pensou em mim?

- Você é impossível... - Respirou fundo novamente, mas compreendeu ao perceber o quanto Niklaus queria saber disso. Sim, ele era um egoísta idiota. Mas agora não estava falando sobre Hope. - Você é o pai da minha filha, seu estúpido bastardo! Como não poderia pensar em você? Como eu não poderia imaginar como Hope está, sem pensar em você? Argh, tão idiota...

Então, o silêncio. Niklaus não tinha mais nada a dizer, claramente ouvindo o que queria - ou o que não queria, parando ao apenas encarar a mulher. A mesma tampouco desviou o olhar, sem dizer nada, apenas de braços cruzados. Tantos meses que se passaram... e aí estavam eles novamente, com aquele mesmo olhar que parecia caminhar entre o amor e a dor, a indecisão e a certeza.

- Senti saudades. - Klaus disse finalmente, em voz baixa.

- É, eu ouvi dizer. - Um mínimo sorriso, balançando a cabeça em negação. - Senti sua falta também.

Um passo foi dado lentamente em direção à Alyssa, ela sentiu o toque firme dele em seu rosto, sentiu-o se aproximar, a respiração quente batendo em seu rosto com um ar que lhe trazia arrepios. Podia ser apenas a sensação de não ser tocada à tanto tempo, ou a atração que sentia pelo aquele homem e que tinha sido a causa de terem chego até ali. Klaus a olhou nos olhos por um momento, vendo que não se afastou, a beijou do modo que queria beijar mesmo quando a raiva lhe tomava conta.

A mão da mulher subiu para a nuca dele, o segurando contra si ao fechar os olhos, aceitando aquele beijo. Com aquele aperto característico em sua cintura, em apenas um segundo sentiu a parede contra suas costas sem prestar atenção se tinha soado algum estrondo. O beijo era interminável, um beijo ávido pela saudade, descendo para a pele há tanto tempo explorada arrancando um sorriso da bruxa que de fato sentira falta disso.

O tempo mal se passou quando o colchão estava abaixo deles, os beijos continuavam entre toques que se estendiam por seus corpos, as mãos começando a desejar despir as vestes que pareciam impedir um contato maior. Desta vez, Alyssa parou, o afastando por um momento entre os beijos, o segurando pelos ombros.

- Hope está há uma porta de distância. - O lembrou, mesmo que fosse algo engraçado de se lembrar. Klaus riu nasalmente, assentindo com a cabeça ao se jogar ao lado dela no colchão. Ambos estavam ofegantes, mesmo com um breve toque. Alyssa se virou para ele, se aproximando um pouco, beijando seus lábios por um momento, um breve momento em que a segurou pela cintura. E então, a porta do quarto se abriu.

- Alyssa, temos que... - Marcel se interrompeu no mesmo instante em que a mulher o olhava por cima do ombro, erguendo as sobrancelhas. - Ah, qual é! Por que não trancam a porta?

The Originals: UnanimousOnde histórias criam vida. Descubra agora