Caixa de Pássaros

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Todos estavam muito ocupados com o problema atual, Alyssa mal os viu durante o decorrer do dia, corriam e saiam antes que pudesse trocar algumas palavras, queriam descobrir o que pudessem sobre o paradeiro de

Mikael. Ele não poderia apenas estar escondido em algum lugar, Davina também trabalhava nisso, buscando o quanto podia a ajuda das bruxas que ainda confiava.

  A híbrida foi a que permaneceu parada, odiava isso com todas as forças, um dia em que não tinha trabalho, e também não conseguia alcançar sua expectativa aos feitiços. O pior era a super-proteção deles, sufocante e angustiante, como um pássaro dentro de uma gaiola esperando pela liberdade.

Se isso não se resolvesse, iria atrás de Mikael por si mesma.

  Já era noite quando andava pela mansão sem conseguir ficar mais tempo no próprio quarto, estava tudo silencioso, apenas Marcel e Klaus não estavam fora, novamente tinham saído para resolver alguma questão. Não sabia o que sentir enclausurada, mesmo lembrando que era para sua própria proteção, ainda mais com a fraqueza que sentia em sua magia, queria agir mais. Ser útil.

Com um suspiro desceu o último degrau da escada, sutilmente passando as pontas dos dedos na parede propositalmente descascada. Sentia falta de casa, mas também se sentia em casa ali. Como se fossem uma grande família... Mas isso é besteira! Balançou a cabeça em negação com si mesma.

  - Esse lugar está começando a me afetar… - Disse para si mesma, se aproximando do corredor aonde havia as pinturas dos irmãos Mikaelsons.

Tinha passado por ali várias vezes, mesmo assim parou para admirar a do meio, a obra em si era muito bonita, mas não iria admitir que o modelo também era. Os olhos do antigo Niklaus miravam os seus, mais azuis do que eram realmente, o cabelo mais claro, os lábios mais finos. Franzindo levemente as sombrancelhas, percebeu que seu sentimento estava tão mais profundo do que pensava, que mesmo esse mínimos detalhes diferentes eram claros.

  Sem premeditar levou a mão ao quadro, sentindo a textura da pintura sob sua pele, os pensamentos parecendo se aprumar em sua mente. Sabia o que sentia por ele, não sabia se valia a pena, mas por que o amor não valeria?

- Admirando esse belo espécime? - Distraida demais para ter ouvido alguém chegar, levou um susto que a fez levar a mão no coração se afastando um passo ao olha-lo. Primeiramente ficou sem reação, em seguida franziu as sobrancelhas sentindo seu rosto corar sobre o olhar do híbrido que estava incompreensível.

- Sim, mas acho que prefiro essa versão que fica sem falar. - Desviou o olhar de volta para o quadro, sentia seu coração acelerado como se tivesse sido pega no flagra, mas o que realmente tinha a temer? Nada.

- Aí, essa doeu... - Talvez tenha tentado fazer graça, mas não funcionou, Alyssa ouviu sua respiração parecer se condensar, mas não se mexeu. Continuaram distantes, um clima estranho parecia pairar. - Então, como foi sua transformação?

  - Agora que pergunta? - Ainda não o olhou, ergueu as sobrancelhas fazendo um sinal positivo com a cabeça. Não estava brava realmente, a discussão de mais cedo já tinha se dissipado, mas não evitou cutucar a onça.

- Nós não nos falamos depois que chegamos. - Ele continuava estranhamente calmo, não, comedido. - Como foi?

- Não doeu tanto quanto da primeira vez, e desta vez fiquei consciente. - Um leve sorriso brotou em seus lábios, sentia um formigamento apenas de se lembrar da sensação completa de correr sob a luz do luar. - Eu… realmente me lembro de tudo, é estranho estar em quatro patas, mas é… incrível. Inexplicável.

- Você é realmente uma híbrida agora.

- É, acho que sim... - Um silêncio parecia perdurar, a garota abria e fechava as mãos suadas, sentia que Klaus parecia querer falar alguma coisa ainda, podia sentir o seu olhar sobre si. Franzindo levemente as sobrancelhas, arriscou olha-lo, interrogativamente. - O que foi?

- Eu estava preocupado com você hoje de manhã. - Ele estava com as mãos juntas na frente do corpo, era o modo claro em que ficava quando não estava irritado e demonstrava alguma parte de seus sentimentos. - Estava pensando no meu passado, algumas coisas que aconteceram. Lembrei de uma garota que conheci anos atrás, Caroline, nós nos apaixonamos…

- Sério, Niklaus? - Uma nota de indignação permeou sua voz, como que ele estava falando de suas paixões num momento como esse? Aleatoriamente? Que merda devia estar pensando, sinceramente ultrajante. - Olha, não tô muito afim de ouvir suas histó…

- Deixe-me terminar!  - Parecia esperar uma reação dessas, não se abalou nem eu pouco, apenas soltou as mãos e exalou. - Eu era diferente na época, ela também, acho que nós dois mudamos. Era tão intenso, tão forte, eu achava que meu… amor continuaria pelo tempo que fosse, que estaria pronto para ser seu último amor.

- Então... você a ama ainda? - Não sabia de quanto tempo estaria falando, ou de quem, por mais que sentisse que não deveria perguntar, se arriscou. Poderia não gostar da resposta, mas isso não era importante, não deveria ser.

- Não do mesmo jeito que antes, mas sim. - Klaus pode ouvir claramente a pulsação de Alyssa acelerar, essa antes que não o olhava, voltou seus olhos amendoados com as sobrancelhas franzidas para ele. - Algo… mudou.

The Originals: UnanimousOnde histórias criam vida. Descubra agora