Décima oitava carta - Pedro

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Querida Ana

A gente nunca imagina que as nossas pessoas um dia morrem. A morte é tão natural para os outros, mas é terrivelmente dolorosa para com os amigos e parentes. Morrer em evitável. É palavra que se divirta mas não há meio de ignorar. Melhor pensar que somos adubos, sementes vírgulas folhas, raízes e futuras árvores e que depois do inverno vem a primavera e a promessa de festa no coração.
seu pai era a própria natureza e deve estar agora compreendo seu face de pássaro. seu amigo, meu avô e ele deve estar passeando no azul das nuvens, tenha certeza.
Esses dias andei lendo o autor do faroeste (leio tudo que cai na minhas mãos). O livro se chama a montanha do tesouro; É de Louis L'amour. E lá achei essa justificativa para ausência do seu pai: “quando o homem vive de acordo com a natureza passa a encarar a morte como parte da vida, ver as folhas caírem e apodrecerem para preparar o solo para outras árvores e plantas nascem as folhas capitão a energia do sol e da chuva, vivem dela, e depois devolvem-na ao solo quando morrem. Sua vida é apenas tomada emprestada dos outras coisas; usam pequenas parcelas de sol, terra e chuva por algum tempo e devolvem com a chegada da morte. E o ciclo recomeça, infinitamente”.
é isso, Ana. Seu pai não morreu, ficou encantado. Como quero mago dos Guimarães Rosa. Pena que está em viagem. Gostaria de conhecê-lo.
Vou te contar um segredo: votar no Lula, é um cara igual a gente ponto e você já pensou poder interrogação Um ex-operário, presidente do Brasil?
Pensou no slogan: “Lula na presidência e eu no hall do seu prédio”. Estou juntando uma grana para aparecer aí. Não dá para esperar mais.
E quando você vir um cara sem saber onde colocar as mãos, de olhar assustado, com livro debaixo do braço, não tenha dúvida, esse cara é o "Pedro penseiro, o Pedro mineiro". e Pedro espero que você não faça muitas perguntas e tenha paciência que o sujeito de cabra cismadores sonhador. Depois Pedro ficar à vontade vai se revelar um autêntico ou tagarela e o tanto que você vai até acreditar que o tempo faz barulho.
Ana, vou te revelar outro segredo. Gosto de escrever uns versos, uns textos ainda não tive coragem de mostrar para ninguém. Uso pseudônimo e assim continuo inédito e anônimo. Aprende a técnica do "Silk screen" e é com ela que espera arrumar a minha carta de alforria. Estou fazendo camisetas com dizeres e versos meus. estou vendendo essas camisetas no colégio e em feiras ponto fiz uma para você. É sobre o eclipse. Segue a estampa e o escrito, ou seja, a arte. A camiseta, espero entregá-la pessoalmente.

Beijos e beijos e aleluia

Pedro
Belô, 29-09-89

PedroBelô, 29-09-89

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