Décima carta - Pedro

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Ternura de Ana – bom dia – hoje 22 – duas pombas namoram nos telhados de minha casa. Pedrita, a cadelinha de Clara, me espia da porta. O galo venceu Uberlândia de 5 × 1. E o Botafogo foi campeão.

Ana ternurinha sempre aninha – vontade mesmo é cair na estrada e chegar até aí. Vontade mesmo é pegar carona no caminhão, carroça, bicicleta ou avião e aparecer inteiro nos seus olhos.

Ana T.

não vou dizer que fiquei emocionado com a sua carta. Não vou dizer que me deu vontade de te ver imediatamente. Não vou dizer que o coração bateu apressado e algumas lágrimas surgiram nos olhos.
Não vou dizer que queria gritar seu nome pelas ruas, contar para Clara nossa correspondência, abrir com a turma e até beber cerveja.
De repente sentir a mesma emoção de um gol, um gosto de picolé na boca e a promessa de festa de aniversario.
Depois saí andando por aí. Gastando tênis e esquinas. Solto. Sem pensar em nada. Sem ver nada. Até que você se acalmou em mim. Aí parei. Coloquei a mão no queixo deixei pensei muito solto. Livre. E sonhei com o mar, com a mansidão de Peçanha, com sua coleção de lápis. Sonhei com as cidades que você conhece. E tudo virou realidade. Afinal, vida é um sonho. A realidade é um pedaço da morte. Aí, Ana T., Resolvi esperar. Tempo ao tempo. Mãe sempre diz: “o rio não tem pressa em virar mar, porque sabe dos caminhos”. É isso. E depois é como diz o Pompeu: “a gente, quando ama, fica idiota ”. Estarei amando?

Minha querida Ana – as pombas Continuam se bicando. Pedrita dorme. Estou mais leve depois que eu desabafo. Me desculpe a enxurrada de palavras. Era preciso. Meu coração transbordava. Transbordou. Rio gosta é de correr a geografia. Não gosta de represa. Assim também são os bichos, as ruas da cidade vizinhas interior. E assim também deve ser o amor.
Não há mesmo jeito. Meu assunto é um só. Não consigo falar de outra coisa, a não ser o amor. E o que é amor? Talvez as pombas saibam.
Não te enrolo mais, um beijão e aleluia!

         Do

Pedro

P.S. depois de escreva contando as coisas da vida. Do dia-a-dia, do calendário. Por enquanto, fica o coração

Pedro

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