Interlúdio

14 3 9
                                    

Aos dezoito anos de idade...

Era início de outubro, mesmo que as folhas dos carvalhos insistisse em cair a neve as cobria. Algumas noites chovia muito forte, mas outras apenas o flocos de neve dançavam pelo céu e pousavam no solo.

Restavam duas semanas para Eisley completar dezoito anos e tornar-se maior de idade para ter a total liberdade que tanto queria. Mas Amélia não deixaria isso fácil para a filha, já que ela acreditava que a garota devia ser supervisionada.

- A onde você vai? - perguntou Amélia.

Ela estava sentada no sofá fumando um baseado com a televisão ligada na minúscula sala da quitinete em que moravam.

- Trabalhar. - respondeu Eisley. - Alguém precisa pagar as contas. - acrescentou.

Ela saiu pela porta da frente e caminhou em direção a locadora de filmes. Eisley trabalhava de alugar filmes, as vezes ela tinha que limpar os banheiros já que o gerente Ollie insistiam em sair mais cedo.

- Eisley, preciso que você feche a loja hoje. - ele disse tirando o colete vermelho que era a farda da loja e guardando atrás do balcão.

- Mas...

- Obrigada.

Foi tudo o que ele disse antes de sair da loja. Ollie tinha trinta e dois anos de idade, mas como a maioria dos gays de São Petersburgo, ele sempre andava impecavelmente lindo. Sempre estava arrumando o cabelo loiro e encaracolado e passando gloss nos lábios carnudos.

Após limpar o banheiro e lavar as mãos, Eisley retorna para o balcão e sente-se em um banco de madeira para assistir o filme que passava na televisão desatualizada que ficava sobre o balcão de madeira.

Quando um cliente entrou na loja, ela observou ele escolher alguns DVD'S na seção dos filmes de terror e caminhar em direção ao balcão. Eisley não pode deixar de notar a beleza angelical que o rapaz carregava, porque o cabelo louro, olhos azuis e o corpo de atleta era o sonho dela.

- Somente esses? - ela perguntou ao contar cinco filmes.

- Sim. - ele respondeu.

- A Centopeia Humana, A Hora do Pesadelo, Dia dos Mortos. - ela disse lendo os nomes dos filmes na capa. - E Os Miseráveis? - perguntou.

Ele arqueou a sobrancelha.

- Sabe que Os Miseráveis não é filme de terror não é? - ela perguntou curiosa.

- Sim. - ele respondeu. - Mas estou pensando se uma garota como você não gostaria de assistir comigo. - acrescentou.

- Como sabe que gosto de ópera? - perguntou.

- Você é diferente. - ele respondeu. - Curto o que é diferente. - concluiu.

Eisley sorriu.

Após guardar os filmes em um sacola de papel de cor marrom, ela pegou o dinheiro que ele já havia colocado sobre o balcão e assistiu ele pegar um pedaço de papel e escrever algo com uma caneta preta.

- Até outro dia. - ele disse observando o nome dela no crachá preso no colete vermelho que ela usava. - Eisley. - acrescentou.

Rabiscos Na BrumaOnde histórias criam vida. Descubra agora