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DAHLIA

Aproveitava o restante do tempo que eu tinha para descansar antes de ter que descer para o salão comunal, minha mente sempre me levando para os acontecimentos de mais cedo, me lembrando do que fiz com as pessoas daquela vila. Não sinto culpa, pena ou arrependimento por nada que eu fiz, a sensação que sinto é completamente diferente, me sinto orgulhosa, a adrenalina ainda corre pelo meu sangue, queria poder continuar a me lembrar de todos os detalhes da madrugada; Mas, infelizmente, a irrelevante e entediante vida em Hogwarts me chama.

Vou para o espelho do dormitório que divido com Belatrix e Narcisa Black, aparentemente nenhuma outra garota tem coragem de dormir no mesmo quarto que Belatrix, as duas irmãs já haviam descido para o salão principal, me deixando sozinha para me arrumar.

Termino de ajeitar meus cabelos e coloco minha inseparável pulseira e a escondo sobre as mangas do uniforme. Ela foi um presente que ganhei aos meus quinze anos, uma joia prata que percorre meu pulso como se fosse uma serpente, o que realmente parece ser, com duas esmeraldas verdes no canto dos olhos, ela é linda. Vou descendo as escadas para o salão comunal e encontro Noah deitado em um sofá, ocupando todo o espaço do mesmo. Assim que me percebe, ele se levanta rapidamente  e começa a andar do meu lado em direção ao salão principal.

—Ande mais rápido, Lia. Estou com fome. —ele reclama enquanto me puxa pelo braço, para que eu consiga acompanhar seus passos largos.

—O problema é seu! —ralho cansada do esforço para me manter andando ao seu lado, normalmente sou eu a esfomeada, porém sempre que faz qualquer atividade que requere muito esforço, Noah fica desesperado para comer, de acordo com ele, a morte lhe dá fome. —Não é como se a comida fosse criar pernas e correr.

—Estamos em Hogwarts, tudo pode acontecer. —Ele fala assim que chegamos em frente as portas do grande salão.

 Reviro os olhos e bufo me sentando no espaço da mesa que nos resta, fazendo ficarmos perto das irmãs Black, Nott, Chrouch e Lestrange, que já se encontram todos comendo. 

 Dumbledore não se encontra na mesa dos professores, então imagino que esteja tentando diminuir os danos causados em Little Hangleton, ou tentando descobrir porque atacamos a pequena vila esquecida. O fato de termos sido eu e Noah a atacar, traz ainda mais atenção ao caso, nos chamam de deuses da morte, irmãos corvos que levam o caos por onde passam.

As corujas começam a entrar pelo salão trazendo o correio da manhã. Uma das corujas da família Black é a primeira a pousar em nossa mesa, trazendo as duas cestas semanais de doces para Narcisa e Belatrix. 

Athena, a coruja preta de minha mãe pousa na minha frente carregando uma caixa consigo, nem preciso abrir para saber do que se trata. Dúzias e dúzias de morangos armazenados dentro da pequena caixa preta em um feitiço de expansão e conserva. Para minha infelicidade, Hogwarts não possui a maravilhosa fruta vermelha em seu variado cardápio de comidas.

 Depois de dar um pedaço de biscoitos para Athena e já pegar um de meus morangos para comer, passo a ouvir alguns gritos espalhados pelo salão, ao meu lado Noah possui um sorriso de lado  enquanto lê o profeta diário. 

Os alunos das outras mesas parecem que estão vivendo dentro de um surto coletivo, alguns gritavam de pânico, outros choravam e ainda havia aqueles que não conseguiam demonstrar emoção nenhuma, como se ainda não acreditassem no que estavam lendo. Na minha querida mesa das cobras havia muitos que pareciam ainda não se importar com o jornal em suas mãos, mas grande parte da mesa expressava um tipo de contentamento pela situação, alguns chegavam a sorrir.

Verde e prataOnde histórias criam vida. Descubra agora