⊱⋅ ───── 𝒍𝒖𝒌𝒆 ───── ⋅⊰

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─ Ok, meninos, é o seguinte. A gente vai tenta se teletransportar pra garagem, certo?

Depois de conseguia acalmar o Alex por não querer viver na casa dos pais homofobicos novamente e explicar pro Reggie que a gente voltou pra 1995, começamos os testes fantasmagóricos. Não atravessamos pessoas nem coisas. Mas a gente tocou a Julie ontem a noite. Essa pode ser a causa, né? Não ter conseguido minha guitarra quando eu desejei me faz ter o medo que a causa não seja essa. Além do mais, a Julie ainda nem nasceu.

─ No três - digo e olho pros meninos, que estão tão tensos quanto eu

─ Um - o Alex começa, eu consigo sentir o nervosismo em sua voz

─ Dois - O Reggie continua. Ele também tá nervoso, não sinto isso em sua voz, mas conheço o Reggie bem o suficiente pra saber que suas mãos não suam desse jeito

─ Três - digo, me concentro e tento me teletransportar.

Nada acontece. Quando abrimos os olhos estamos no mesmo lugar, do mesmo jeito. Meu primeiro instinto é gritar. Eu estou tão frustrado. Mas não posso fazer isso. Pelos meus meninos, eu tenho que me manter forte. Eu sempre fui mais forte por causa eles.

─ Já era, Luke. Nós perdemos a Julie - ouço o Reggie dizer e sinto como se eu tivesse levado quinhentas facadas. Era uma sensação pior que morrer.

─ Não, Reggie. Nós não perdemos. Eu não sei o que tá acontecendo, mas eu já estou muito feliz de estar com vocês. De ter certeza que não foi um sonho. E-eu não posso pedir isso a vocês, mas se for preciso, eu vou morrer novamente pra voltar pra Emily.

─ O que? - ambos dizem em unissono. Reviso o que eu acabei de falar e... nossa... acho que nem eu esperava por essa.

Eu quero a Julie, sei que a quero e quero voltar a ela. Quero poder abraçar e tocar seu rosto novamente. Mas não posso mentir que dese que vi o meu cartaz de procurado a Emily está na minha mente. Abandonar ela e o meu pai é meu maior arrependimento, o que eu mais queria fazer antes de morrer.

─ Julie. Se for preciso, eu morro e passo mais 25 anos trancado num CD pra reencontrar a Julie. - me corrijo, mas por um segundo ainda vejo preocupação no tosto dos meninos.

Até a mão do Alex voar pra minha cara.

─ Nunca mais diga isso novamente - me surpreendo mais pela atitude do que pela dor. A situação tá deixando Alex realmente fora dos nervos - eu nunca me separaria de vocês novamente, mesmo que isso custe a minha vida. Vocês são a melhor família que eu já tive.

─ Eu também, se alguém se interessar em saber. Casa é onde meu cavalo está e vocês são meus cavalos - é impossível não sorrir diante a metáfora do Reggie. Consigo ver que o Alex também ri e o Reggie entra junto, eu não consigo descrever o quanto me sinto aliviado com isso.

─ Gente, me desculpa ter dito o nome da minha mãe, deixar ela daquele jeito foi o meu maior arrependimento quando eu morri e eu não tive a chance de me despedir dela -meus olhos ameaçam embaçar, mas não posso chorar agora - de mostrar que eu a amo, eu queria muito poder guardar ela e meu pai nos meus braços enquanto a gente tava morto e... - não consigomais falar, se eu continuar eu desabo

─ Luke... A gente sabe sobre você e seus pais - ouço o Alex dizer. Mas como...

─ A gente te seguia, estavamos muito preocupados, cara... - nem termino o meu pensamento e o Reggie já me responde até o Alex dar uma cotovelada nele.

─ Poxa, não precisava bater, eu nem falei a ele que a gente levou a Julie lá no- o Alex simplesmente tapa a boca do Reggie com as mãos e eu me sinto em um dos ensaios da Sunset Curve onde o Reggie não parava de falar sobre músicas country. É quase impossível não se sentir bem com isso, mas meu coração ainda está em Julie.

─ Tá tudo bem, Alex, eu já sabia - digo e a expressão do loiro se torna confusa, mas ele solta o Reggie.

─ A Julie te contou? - o Alex pergunta com cuidado, mas eu nunca poderia ter ficado bravo com eles por causa disso, principalmente depois da Julie fazer eu me conectar com a minha mãe

─ Eu encontrei ela lá, ela... ela entregou a música que eu fiz para minha mãe - falo e tudo o que eu sinto é como se tivesse saindo de uma grande pressão. Paro um segundo para pensar e a pergunta sai automaticamente de minha boca - vocês não acham que não foi real, né? A Julie, a banda, o futuro... Vocês não acham que foi só um sonho, né?

─ Cara, eu não conseguiria imaginar um personagem chamado Jar-jar num filme de Star Wars - eu realmente não entendo como o Reggie funciona algumas vezes. E a julgar pela expressão do Alex, ele também não.

─ Eu não usaria esse exemplo, mas sim, Luke. Mesmo se fosse um sonho, como nós três iríamos sonhar exatamente a mesma coisa? - o alívio no meu peito aumenta. É bom saber que eu não estou apaixonado por uma garota que só existe na minha mente.

─ Pera, o que? - deixo escapar a reação do que eu acabei de pensar. Mas não posso dizer que é mentira. Eu estou apaixonado pela Julie e por todas as conexões que fazemos juntos.

─ Que foi? O que aconteceu? - ouço o Reggie dizer.

─ Nada, só tô me adaptando a situação por enquanto - minto porque a última coisa que eu preciso agora é deles me zoando e dizendo que eu tava errado. Apesar de que seria bom ouvir de outras pessoas que eu tô apaixonado pela Julie. Espero poder falar isso pra ela logo.

Abraço o Reggie e o Alex novamente. Não quero sair desse abraço tão cedo. Eu estou com medo. Agora eu acho que sei como o Alex se sente com mudanças. A gente mudou sem poder escolher, sem saber se temos volta ou como é essa volta, mas nós vamos voltar, só temos que saber o que fazer agora.

Ainda estou abraçado aos meninos e deixei algumas lágrimas rolarem, já que eles não podem ver meu rosto assim.

─ Ah, aí estão vocês. Quanto tempo se demora pra comer um dogão? Vamos, o show começa em meia hora - ouço uma voz que lembro bem e a última coisa que eu queria era ela agora

─ Bobby? - dizemos em unissono. E não sabemos se na nossa voz tem mais raiva, surpresa ou angústia.

Back to the Future • au JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora