⊱⋅ ───── 𝒍𝒖𝒌𝒆 ───── ⋅⊰

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Julie Molina está sempre me surpeendendo. Aparece deitada do meu lado, linda como sempre, ela se torna o meu fantasma dessa vez e canta pra mim uma música que eu sinto que foi para mim. Ou pelo menos espero que seja. Porque ela tinha que sumir? Porque não poderia ficar?

Faço a nota mental de antes de ir na casa dos meus pais, contar aos meninos a nova aparição da garota dos meus sonhos. Também quero escrever mais daquela música. Preciso dizer a Julie Molina que ela também é a minha harmonia perfeita. Sua voz fica em minha cabeça até eu adormecer novamente.

⋅⋅⋅

Antes de abrir os olhos, sinto o cheiro de ovos e presunto. O que está acontecendo aqui? Olho em volta e a cena é surreal

— Bom dia, preguiçoso. Bora levantando aí, que o café está pronto - um Bobby de avental e chapéu de confeiteiro estava cozinhando em uma pequena churrasqueira e nem a mimha raiva por ele conseguiu vencer a confusão.

Decidi ignorar a cena para me limpar, porque talvez isso tenha sido um sonho também. Para minha infelicidade, não era. Um Bobby estranhamente gentil ainda estava cozinhando. Tiro os pensamentos disso, lembrando de quando ouvi a Julie cantar noite passada e procuro Reggie e Alex. Encontro os dois no sótão, cada um com um prato com ovos, bacon, queijo e presunto, mimha barriga ronca e subo para o encontro deles.

— Então a Julie apareceu aqui ontem a noite, ein? - olho confuso e assustado para o Alex, como ele sabia? - como ela fez isso?

— Não faço ideia. Como você sabe disso?

— Além de você ter falado o nome dela a noite inteira, ouvi ela cantando - ele troca olhares divertidos com o Reggie - e algo me diz que a música era pra você

Sinto minhas bochechas corarem, porque apesar de concordar com isso, ser zoado por isso não era minha intenção. Limpo a garganta e não exito em rebater.

— Mas parece que graças a seu namoradinho, viemos parar aqui de novo - ambos ficam confusos

— O namoradinho do Alex? - o loiro cora ao ouvir as palavras novamente

— Nah, não, n-nada disso - é incrível como ele se enrola nas palavras - o que você quer dizer com isso?

— A Julie disse que ele queria garantir nossa segurança e nos mandou pra cá de volta - o rosto do Reggie parecia confuso, ainda

— Porque vocês tem namorados no futuro e eu tenho que lidar com um Jar-jar - nossas risadas são interrompidas quando Bobby chega no sótão carregando dois pratos e deposita um em minha frente

— Então, o que vocês pensaram sobre os empresários? Eu peguei o número de todos - olho para o Alex e o Reggie e os dois olham pra mim de golta procurando ajuda

— Na verdade nenhum de nós pensou nisso ainda, chegamos realmente muito cansados e só conseguimos dormir - bem, isso não é mentira

— Bem, não importa. Eu já escolhi o melhor e agora só precisa da assinatura de nós quatro - ainda bem que eu estou de bom humor, porque assim consigo me controlar pra não dar um soco na cara dele, mas apenas falar muito, muito irritado

— Você tomou uma decisão sem nós e já assinou o contrato?

— Er... Eu trouxe todos, se vocês tiverem interesse - eu tomei a pilha de papéis das mãos dele

— Você não decide nada sozinho. É uma banda. São minhas composições, não suas, Trevor Wilson - falo a última parte pausadamente e o rosto de Bobby se contorce em algo que não sei se é medo ou surpresa, mas definitivamente meu eu fantasma gostaria de ter visto nele

— Luke, calma, ele não fez nada - ouço Alex dizer, mas minha raiva não dissipa. Fecho os olhos e a imagem da noite anterior vem na minha mente, não consigo controlar o sorriso

— Parece que não é hoje que você vai me matar de raiva, Bobby - me sento em cima dos papéis, talvez eles sejam úteis, mas de qualquer forma é bom não deixá-los nas mãos do guitarrista. Volto meus olhos para o prato a minha frente e mimha barriga ronca novamente. Nós quatro comemos como a banda que fomos um dia

Termino meu café da manhã e lembro da minha lista de afazeres. Falar sobre a Julie na frente do Bobby estava fora de cogitação, então comecarei visitando meus pais. Meu peito pula ao pensar na ideia de abraçar minha mãe. Foram semanas tentando fazer isso.

— Você vai pra onde? - Reggie pergunta

— Voltar pra casa - Bobby me olha com a expressão de maior panaca que eu já vi

— Você não tinha fugido? - o deboche na sua voz é a coisa mais irritante que eu já presenciei, mas não vou deixar isso me vencer

— Sim. E agora decidi voltar. Algo contra? - o guitarrista levantou as mãos em rendição. Boa escolha. Olho pro Alex e Reggie em busca de apoio

— Minha casa não é mais uma loja de bicicleta - diz um Reggie pensativo

— Apesar de tudi, também sinto falta dos meus pais - Alex diz um pouco desanimado

Nos organizarmos e saímos os três da garagem. Levo os contratos comigo. Não deixarei o Bobby levar o crédito de novo.

Back to the Future • au JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora