𝙲𝚊𝚜𝚊 𝚍𝚘 𝙰𝚕𝚎𝚡

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ATENÇÃO: O capítulo a seguir pode representar gatilho sobre homofobia. Se você não se sentir confortável em ler e não quiser perder a história, me chama no twitter (@missSunsetCurve) ou deixa um comentário aqui, que eu resumo pra você.

Alex parou na frente de casa já sabendo o que esperar quando ele entrasse. Infelizmente ele não estava errado. Sua mãe nem olhou na sua cara e seu pai já soltou a mesma indireta que ele sempre ouvia quando chegava

— Chegou a outra mulher da casa

Alex queria ficar e discutir com eles -mais uma vez-, mas sabia que não adiantaria. Alex sequer sabia como seus pais reagiram a sua morte. Talvez tenham pulado de alegria por não terem mais que aturar um filho gay. Essa imagem lhe doía. Mesmo sendo os primeiros a não o aceitar e sempre os que mais o criticam por isso que nunca pode escolher, ele ainda os amava, eram seus pais e quem cuidou e lhe deu amor por anos de sua vida.

Alex entrou em seu quarto e deitou na sua cama. Pensava em oorque teria vindo pra cá, considerando que sabia o que tinha acontecido. Olhou todo o seu quarto, com todas as suas inspirações. De Elvis a Freddie Mercury. Decidiu ali mesmo que escreveria uma carta para seus pais. Ele sabia que iria morrer de novo junto com seus amigos pra voltar pro lugar e momento onde foi mais feliz durante toda a sua morte, então não tinha motivos para ficar se martirizando aqui, apesar de sua ansiedade estar fazendo isso se perguntando porque isso aconteceu.

Resolveu pensar nisso depois, levantou da cama, colocou seu cd de Queen para tocar e aumentou o volume. Sentou-se na sua escrivaninha.

"Queridos mãe, pai

Eu tenho poucos minutos para escrever essa carta antes que um de vocês comece a bater na minha porta para abaixar o volume, mesmo sendo sua banda preferida, vocês parecem ter aversão a tudo que falo e gosto. E talvez realmente tenham. Por causa de uma coisa que eu nem sei.

Sabem porque eu escolhi Queen para tocar agora? O Queen que vocês ama todos os integrantes? Porque o Freddie Mercury também era gay. Tão gay quanto eu sou. E olha que ironia. Vocês adoram um gay músico. Eu sou um gay músico também. Porque vocês nunca conseguiram me aceitar? Porque me odeiam?

Quando eu entrei em casa hoje, me segurei muito para não começar uma nova discussão. Mas sei que não adiantaria. E provavelmente essa carta também não vai adiantar, vocês não querem saber nada de mim. Eu tenho tanta certeza que vocês não se importam, que eu vou deixar essa carta aqui em cima da mesa. E eu tenho certeza que vocês não vão ver ela nos próximos dias.

Vocês provavelmente só verão essa carta quando eu estiver morto. Se vocês me odiarem, então nem vão abrir essa carta e não vai fazer diferença. Se vocês me amarem, saibam que eu também os amo. E tudo o que eu queria era o seu apoio. O mundo fora de casa também é muito duro para mim"

Depois de muitas horas e muitas cartas rabiscadas, Alex finalmente se contentou com essa. Se surpreendeu que não houve nenhuma batida na porta por causa da música alta, em nenhum momento. Deitou na cama e chorou ao som de I want  to Break Free. Ele usou um poema com base nessa música para se assumir para os pais, com esperança de por ser a banda preferida deles, ter algum efeito. E não teve.

Alex parou de chorar e lavou o rosto no seu banheiro. Ficou cerca de 5 minutos olhando seu reflexo, preparou uma bolsa e saiu do quarto. Não tinha planos de voltar para lá novamente, iria tentar morrer o mais rápido possível.

Saiu do quarto sem desligar o som e uma cena o surpreendeu. Seus pais estavam dançando ao som de Love of my Life. Por um momento ele resolveu fingir que eram uma família feliz, mandou um beijo a sua mãe, que estava de olhos fechados, sorriu e saiu de casa.

Back to the Future • au JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora