1- Acaso

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Ei babys, olha quem chegou com uma nova história para vocês.
Postarei uma vez por semana a princípio, sem dia ou hora certo, mas sempre avisarei lá no twitter.
Espero que gostem dessa história tanto quanto gostaram de Depois Daquele Beijo e que possam me acompanhar em mais uma jornada.
Não esqueçam de deixar a curtida de vocês no capítulo, compartilharem com o coleguinha e comentar pois adoro a interação de vocês.
Sem mais delongas vamos a história.

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Quando se busca o termo “Conto de fadas” no Google o primeiro site o denomina como: “um tipo de história que tipicamente apresenta personagens fantásticos e encantamentos...”
Seria tolice minha negar que a história a seguir seja descrita como o tão sonhado conto de fadas, afinal ela trás personagens fantásticos (mesmo que o sentido seja outro) e com certeza encantamentos não faltam.
Não parando por aí ainda é descrito como: “Também é usado para descrever algo abençoado com uma felicidade incomum, como na expressão “Final de conto de fadas” ou um “romance de conto de fadas” (embora nem todos os contos tenham finais felizes)”
A quem diga que conto de fadas são histórias irreais, impossíveis de se tornarem verdade, a quem acredite que conto de fadas são apenas histórias infantis contendo príncipes e princesas, vilões e mocinhos, e venho através dessa singela história desmistificar tais afirmações.

São Paulo 5 de janeiro de 2018

A cidade nunca para, quando me mudei de Minas para cá há cinco anosestranhei toda a movimentação que cerca São Paulo, o trânsito, as pessoas sempre com pressa, a agitação de uma grande Metrópole. Como venho de uma cidade pequena no interior de Minas toda essa agitação me assustou, mas hoje em dia não saberia viver de forma diferente que não seja na correria dessa cidade.
Era exatamente sete e trinta e cinco da manhã e eu estava atrasada para uma reunião, mas não poderia quebrar o meu ritual de passar no Ban Café e tomar o meu costumeiro café preto e forte acompanhado de um delicioso pedaço de bolo que só era encontrado ali. Parei no estacionamento do estabelecimento, descendo do veículo indo em direção a entrada. O dia estava frio, deveria está fazendo uns quinze graus, eu estava trajando uma calça preta social e um terninho da mesma cor, a blusa de baixo era branca e trazia no pé um scarpin também branco, alguns acessórios compunham o meu look.
Adentrei o local que estava razoavelmente cheio para o horário, conheci o espaço um ano depois de me mudar para a cidade, estava a caminho da empresa, como sempre tinha saído atrasada de casa e não havia tempo de preparar o café como eu sempre fazia, e ela foi àprimeira cafeteria que encontrei no caminho, foi amor a primeira vista. O local trás uma decoração que torna o ambiente acolhedor e aconchegante poderia compará-lo facilmente com uma das muitas cafeterias de Paris, então desde aquele dia todos os dias antes de ir trabalhar paro ali e tomo meu precioso calmante.
Já havia me tornado amiga de todos ali, inclusive amiga do dono do lugar. Luiz e sua esposa Ana me acolheram como parte da família o que resultou em minha amizade com sua filha Manoela, a quem devo minha sanidade, pois se tornou meu porto seguro e calmaria. Eu não tinha muitos amigos, mas Manoela é de longe a melhor delas. Dividimos um apartamento no Bairro Jardins há um ano, ela está iniciando sua carreira como cantora e sei que em breve será um sucesso.
Sentada a mesa divagando sobre a vida e me deliciando com o pedido que havia acabado de chegar, senti meu celular vibrar indicando a chegada de uma mensagem.
“Rafaella onde você está? Estão todos lhe aguardando para a reunião.”
Eu agradecia o fato de ter uma carreira sólida e a minha própria marca de roupa, mas tudo que eu queria naquele momento era paz para tomar tranquilamente meu café.

Bloqueei o celular e apressei para terminar a refeição, fui até o caixa para acertar o que foi consumido e sai apresada com a cabeça baixa guardando a carteira e pegando a chave na bolsa que estava em minha mão. Nesse momento senti meu corpo se chocar agressivamente contra o corpo de alguém.
- Me perdoa, eu te machuquei? –Me apressei em dizer levantando os olhos para ver a pessoa com quem me esbarrei.
- Custa olhar por onde anda? – Ela estava com cara de poucos amigos. – Vocês paulistas sempre correndo, me admira que não tropecem uns nos outros diariamente. –Eu não soube o que responder, sabia que estava errada, mas não era motivo para tamanha grosseria.
- Eu realmente lamento, estava distraída e estou atrasada para uma reunião. – Eu deveria estar nervosa pelo jeito que a mulher falou comigo, mas ao olhar em seus olhos todo resquício de raiva que havia começado a crescer dentro de mim foi logo apagado.
- Só olhe por onde anda, vai acabar machucando alguém. – Ela desviou de meu corpo e entrou no local que eu estava saindo.
Caminhei para o carro e ao entrar no mesmo dei partida seguindo em sentido à empresa, Danilo iria me matar pelo meu atraso e eu o entendia perfeitamente, enquanto dirigia apressadamente pelas ruas, graças ao bom Deus a empresa ficava a poucos minutos do local em que estava, batia os dedos no volante ao som da música que tocava em minha cabeça.
...
Entrei apressadamente no prédio e parecia que o destino estava ao meu favor, já que o elevador estava parado no andar, entrei no mesmo e apartei o botão que indicava o décimo andar, era onde ficava minha sala e a sala de reuniões. Batia o pé impaciente e assim que as portas se abriram fui fuzilada pelo olhar que Danilo me lançava.
- Você está atrasada!
- Eu sei, me perdoa.
- Te liguei um milhão de vezes e você não atendeu, a próxima vez que me ignorar dessa forma...
- O celular não tocou. – Levei a mão até a bolsa e não encontrei o aparelho, lembrando que devia ter deixado o mesmo na mesa. – Preciso que peça alguém para ligar pra meu celular ou rastreá-lo, tenho quase certeza que o esqueci no Ban Café
- Farei isso, mas vamos que já estão todos te esperando na sala de reuniões. -Danilo era meu secretario e amigo, ele sabia de todos os meus passos, compromissos, ele sabia de toda minha vida e era como um irmão pra mim.
Deixei minha bolsa em minha sala e seguimos até o local que a reunião aconteceria, no caminho ele fez um breve resumo do que eu precisava saber.
- Me perdoem o atraso. – Disse assim que entrei na sala atraindo a atenção de todos.
Demos inicio a reunião que se estendeu por quase três horas, discutimos sobre a nova coleção, sobre como divulgaríamos e como iríamos apresentar ela. Foi uma manhã pouco produtiva já que nenhuma das idéias tinha realmente me agradado.
-Nos reunimos novamente segunda feira, e eu espero que possamos conseguir acertar todos os detalhes. Obrigada a todos. – Me levantei e Danilo me acompanhou. -Acharam meu celular?
- Sim, não foi preciso rastrear. Quando ligaram a moça que o encontrou atendeu e disse que estava com o mesmo. – Disse me entregando um papel com anotações. – Pediu para que pegasse com ela nesse endereço e deixou o número dela para marcarem o horário.
- Ligue novamente para ela e marque para o horário do almoço, irei buscá-lo.
-Certo. -Ele parou em sua mesa e eu segui para minha sala.
Sentei-me na cadeira e minha cabeça começava a doer, enfim era sexta feira e amanhã tiraria o dia para descansar e curtir com Manoela, que vivia reclamando que eu não tinha tempo para ela, pois era só trabalho, trabalho e trabalho.
- Rafa. -Danilo me chamou assim que entrou na sala. - Prontinho, ela pediu para encontrá-la no restaurante terraço, uma hora da tarde, procurar por Gizelly. Aqui está o endereço. -Ele me passou outro pedaço de papel.
- Obrigada Dan. Pode me arrumar um remédio para dor de cabeça. – Ele virou as costas e saiu em busca do que foi pedido.
...
Uma hora em ponto eu estava entregando as chaves para o manobrista e entrando no local. Encaminhei-me até a recepcionista e dei o nome da mulher, ela pediu que lhe seguisse me levando até onde a mesma estava.
- Boa tarde. -Disse assim que me aproximei da mesa. A mulher se virou e por uma infeliz coincidência era a mesma com quem eu esbarrei mais cedo.
- Boa tarde. -Ela respondeu me indicando a cadeira da frente.
- Não irei demorar, apenas vim buscar o celular.
- Certo, vejo que está sempre apressada e, além disso, ainda é esquecida. -Ela disse tirando o aparelho de dentro da bolsa e me entregando.
- Eu já lhe pedi desculpas pelo ocorrido de mais cedo, eu normalmente não ando assim. -Fechei a cara ao finalizar a frase.
- Me desculpe pela forma grosseira com que lhe tratei mais cedo, não estou em um bom dia. – Ela me olhou nos olhos. – Tem certeza que não quer ficar e me fazer companhia? – Eu estava cheia de coisas para fazer, doida para finalizar o expediente e ir para casa, não estava em meus planos sentar em um restaurante e almoçar, mas algo nela me fez aceitar o convite.
- Tudo bem, já estou aqui mesmo não é? -Puxei a cadeira que ela havia me indicando a pouco e me acomodei.
- O que acha de começarmos de novo? Esquecemos essa manhã. – Ela me fitou. -Me chamo Gizelly Bicalho. - Ela estendeu sua mão. - E você é?
- Rafaella. -Peguei a mão estendida e apartei. -Rafaella Kalimann.
- Esse nome não me é estranho. -Ela disse e pude ver sua testa enrugar como se tentasse puxar da memória algo.
O garçom chegou e anotou nossos pedidos nos deixando novamente sozinhas.
- Então Rafaella, o que faz além de sair por aí esbarrando nas pessoas? -Ela disse e pude notar um tom de humor em sua voz totalmente diferente de hoje mais cedo.
- Sou empresária, tenho uma marca de roupas, e você? O que faz além de tratar as pessoas com grosseria. – Devolvo usando o mesmo tom.
- Certo, eu mereci essa. Sou advogada criminalista, acabei de me mudar para a cidade e abrir meu escritório. – Eu prestava atenção em cada palavra que ela dizia. -Acho que me equivoquei hoje mais cedo, pelo seu sotaque você não é paulista.
- Sou mineira, mas moro aqui há cinco anos.
- Me diz, quanto tempo levou até se acostumar com toda essa correria? Estou enlouquecendo. -Deixei uma risada escapar com o comentário.
- Acredite você se acostuma, daqui um tempo não conseguirá mais viver sem isso.
Nossos pedidos chegaram e nós conversamos durante toda a refeição, era fácil conversar com a mulher. Ela tinha uma enorme facilidade em puxar assuntos e por algum motivo eu estava totalmente à vontade para deixar que a conversa se desenvolvesse.
- Bom tenho que voltar ao trabalho emais uma vez obrigada por ter guardado meu celular e pelo almoço. - Disse me levantando depois de uma breve discussão sobre quem pagaria a conta na qual eu ganhei usando o argumento que era como agradecimento pelo celular.
- Foi um prazer conhecê-la. – Ela também se levantou e surpreendentemente me deu um rápido abraço. – Nos esbarramos por aí, espero que não literalmente falando. – Retribuir o abraço de forma automática.
- Digo o mesmo, até mais. – Segui para fora aguardando que o carro me fosse entregue.
Segui para a empresa de forma tranquila, há muito tempo não tinha um almoço agradável como o de hoje. Gizelly era uma mulher encantadora, possuía uma pele bronzeada com o cabelo caindo em ondas por suas costas, os olhos castanhos marcantes e um sorriso que contagiava quem tivesse por perto.Sempre fui uma pessoa difícil de ser fazer amigos, mas conversei com Gizelly como se a conhecesse há anos.
Estacionei meu carro em minha vaga e esperei pacientemente o elevador, eu estava de bom humor, ao contrário do modo que sair da empresa mais cedo. Quando as portas se abriram no décimo andar pude notar o olhar de Danilo em mim.
- Achei que não demoraria.
- Acabei ficando e almoçando com a Gizelly. – Ele me olhou com um sorriso carregado de malícia. – Pare de me olhar desse jeito Danilo, foi só para não fazer desfeita afinal ela devolveu meu celular. -Disse adentrando minha sala.
- O que foi só pra não fazer desfeita? – Me assustei com o pequeno ser sentada em minha cadeira.
- Que susto Manoela. – Fechei a cara, pois meu coração estava disparado.
- Desculpa Rafa, estou a um tempão te esperando. Ia te chamar para almoçar já que Danilo falou que só iria pegar o seu celular não sei aonde e voltaria.
- Foi o que ela me disse. -Danilo falou como se tirasse a culpa dele.
- Era o plano, mas a moça que o encontrou me convidou para ficar almoçar e eu aceitei. – Manoela me olhou da mesma forma que Danilo. – Não Manu, você também? – Passei as mãos pelo cabelo.
- Desde quando almoça com estranhos?
- Ela me fez um favor, não queria ser rude. – Danilo e Manu trocaram olhares e abafaram os risos.
- Tá bom Rafaella, se você está dizendo. -Revirei os olhos.
- Mudando de assunto, amanhã iremos naquela boate que abriu essa semana.
- Boate Manoela? Sério?
- Poderia deixar de ser menos Olga e apenas curtir a noite? – Olga era a outra personalidade de Manu, uma senhora de setenta anos que habita nesse pequeno corpo. - Ira levar o Daniel? – ela me olhou e eu desviei o olhar.
Daniel e eu estávamos saindo há alguns meses, nada que contenha emoção ou sentimentos. Ele era um cara legal e só. Sou bissexual, porém foram poucas mulheres na vida que realmente me chamaram a atenção.
- Vou chamá-lo, cabe a ele querer ou não ir. – Manu e Danilo eram contra minha relação, afirmavam que era visível minha falta de interesse nele.
- Certo, já que você almoçou e me deixou aqui plantada para almoçar com uma estranha. – Novamente abafou o sorriso. – Libera o Danilo pra me fazer companhia. – Ela me olhava com a carinha de cachorro que caiu da mudança e era impossível dizer não.
- Tudo bem, mas não demore. Não quero ficar agarrada aqui hoje.
Ela levantou-se saltitante e saiu arrastando Danilo para fora de minha sala, eles eram tão amigos quanto eu e o Dan, faltava o Rhelden para completar nosso quarteto fantástico.
Voltei ao trabalho e adiantei o máximo que podia sem a ajuda de Danilo que voltou uma hora e meia depois e então apressamos e finalizamos tudo que tinha que ser feito antes do fim do expediente, podendo enfim dar play no fim de semana.

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