Em quarentena

02

CHRISTOPHER

Já estávamos trancados nesse loft a três semanas e as coisas lá fora só pioravam enquanto aqui dentro ficavam cada vez mais desconfortáveis.

Dulce era maravilhosa, eu gostava de passar meu tempo com ela e no começo tudo foi muito divertido. Assistimos várias séries e filmes, conversamos sobre livros, experimentávamos receitas novas e nos conhecíamos ainda mais. Quando minha mini-férias terminou, passei a trabalha de casa, como home office e Dulce fazia o possível para não me atrapalhar.

O maior problema era que o único cômodo fechado do loft era o banheiro, então não tínhamos como fugir um do outro. Eu tinha passado quase uma semana com ela, antes de ficarmos nessa situação, o que totalizava quase um mês inteiro sem sexo. Porra, eu não estava conseguindo nem ver uma cena sensual em uma série, que precisava disfarçar.

A falta de sexo somada a toda a situação estava me deixando estranho. O perfume de Dulce preenchia todo o lugar e eu já estava começando a perceber como as roupas que usava dentro de casa eram curtas. Ela havia crescido, mas eu nunca tinha reparado em seu corpo como agora e me sentia péssimo por isso.

Tentava aliviar minha tensão em banhos mais demorados, mas não parecia adiantar. Eu precisava transar, isso era a única coisa que me deixaria um pouco mais calmo.

— Que série é essa que estamos assistindo? Parece que só tem sexo! — reclamei ao perceber que começaria mais uma cena quente e me remexi inquieto, querendo evitar uma ereção ao lado dela

— Sexo é o tema principal da série, Chris. Você não está prestando atenção? — na verdade, eu não estava. Estava tentando evitar olhar para suas pernas descobertas esticadas no sofá.

— Podemos assistir outra coisa? Não julgo que seja apropriado para você — senti seu olhar sobre mim e a vi pausar a série.

— Você está falando sério? Christopher, eu não sou uma criança — resmungou, mas continuei evitando seu olhar enquanto bebia minha água gelada, tentando esfriar meu corpo — Eu não sou mais virgem, sabia?

Eu simplesmente me engasguei ali mesmo. Senti meus olhos lacrimejarem enquanto tentava buscar por ar, mas continuava engasgado. Dulce resmungava algo incompreensível enquanto batia em minhas costas e levei algum tempo para me recuperar e voltar a respirar.

— Você quase morreu só por causa disso?

— Como assim você não é mais virgem? Você acabou de fazer dezoito anos! — Dulce me olhava como se eu fosse de outro planeta enquanto eu ralhava com ela.

— Pelo amor de Deus, você não pode estar falando sério — rolou os olhos — Perdi a virgindade quando tinha dezesseis, Christopher.

— Mentira, você nem saia de casa sozinha. Só saia comigo.

— Disse ao papai que precisava ir fazer um trabalho na casa da Annie e fui para casa de Pablo.

— Perdeu a virgindade com aquele mané? Por que nunca me contou?

— Você bateu nele quando soube que ele tinha me traído, o teria matado se soubesse disso, na época — deu de ombros e fiz careta. Claro que eu tinha batido nele, os dois estavam namorando apenas algumas semanas e o desgraçado a fez chorar — Não posso culpá-lo pela traição, com a marcação cerrada do meu pai em cima de mim, mal conseguíamos nos ver sozinhos.

— Para transarem? — perguntei ironicamente, mas ela concordou com um sorrisinho malicioso que me deixou irritado — Você acha isso certo? Você era uma criança, porra!

— Christopher, para de ser machista! Perdeu sua virgindade com catorze anos.

— É diferente!