Meu pai enviou a passagem para meu e-mail alguns dias depois. Eu iria embora amanhã e posso dizer que me comportei como uma verdadeira criança e chorei muito. Christopher tentava me consolar, dizia que tudo ia ficar bem, mas ele não me entendia.
Christopher ainda me via como sua prima, como uma menina que necessitava da sua proteção, mesmo que me desejasse. Ele esqueceria o desejo que sentiu enquanto eu o carregaria para sempre. Talvez toda a situação não tivesse que ser assim, só que ele parecia não compreender que eu estava voltando para o meu inferno particular, mas a última coisa que eu queria era brigar, principalmente nas minhas últimas horas com ele.
Essa noite, nos amamos de forma intensa, ele parecia dizer com seus toques o quanto sentiria minha falta. Pelo menos foi nisso que quis acreditar. Agora eu estava deitada em seus braços, querendo que me diga que nunca precisaria sair deles.
— Chris?
— Oi, pequena!
— Não gosto de esconder nada de você.
— Então não esconda, pequena.
— Eu te amo, Christopher! — confessei, mordendo meu lábio em seguida.
— Também te amo, Dulce!
— Não... Não estou falando como primo ou amigo. Estou falando como homem. Amo você.
— Eu sei... Também não estava falando como prima ou amiga.
Arregalei meus olhos e me levantei rapidamente, olhando seu rosto. Christopher me encarava com os olhos brilhando e um sorriso gigantesco nos lábios.
— Estou apaixonado por você. Não existe outra explicação para o que venho sentindo.
Meu coração estava pulando em meu peito. Batia tão rápido e forte que eu era capaz de ouvi-lo. Sorri, inclinando-me sobre ele e beijando-o apaixonadamente.
— Se nos amamos, temos que ficar juntos — murmurei contra seus lábios.
— Dulce... — me afastei o suficiente para olhá-lo — Nosso amor é proibido, não é algo que possamos viver no mundo real.
— Por quê?
— Porque nossa família nunca aceitaria, além disso, moramos em países diferentes.
— Eu seria capaz de enfrentar o mundo para ficar ao seu lado, Christopher, porque eu sinto que só assim seria feliz, mas você não... — me levantei, vestindo minha roupa que estava jogado no chão — Que amor é esse que você simplesmente abre mão?
— Você está sendo injusta comigo — suspirou, sentando-se na cama e me encarando fixamente — O quer que eu faça? Que brigue com seu pai para você ficar aqui comigo? Que permita que você largue seu conforto, seus estudos para ficar aqui?
— Não preciso do conforto que ele me oferece, eu preciso de você — retruquei abraçando meu corpo — Do que adianta eu voltar, ser obrigado a estudar algo que não quero, viver naquele maldito apartamento se não vou ser feliz? Acha que me importo com o resto?
— Você ainda é nova, Dulce. Não quero que se arrependa das suas decisões.
— Você já não é tão novo, Christopher. Espero que não se arrependa das suas — rebati. Sem dizer mais nada, peguei um lençol em seu guarda-roupa, um travesseiro na cama e fui deitar no sofá.
Christopher não tentou me impedir ou conversa e agradeci por isso. Pensei que seria a mulher mais feliz do mundo se pudesse ouvi-lo dizer que me amava, mas não era. Sei que sou muito nova e não entendo muito da vida, mas tenho uma visão muito diferente do amor. Que amor é esse que ele estava abrindo mão sem nem mesmo tentar fazer dar certo?

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Em quarentena
Fanfiction+18| FINALIZADA | Era para ser apenas uma viagem em comemoração a formatura e aos dezoito anos. Dulce passou meses planejando tudo o que faria durante as duas semanas em que ficaria na cidade e noites sem dormir tamanha a ansiedade de rever Christo...