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CHRISTOPHER

Estava concentrado nos códigos do aplicativo que eu estava desenvolvendo quando meu celular tocou, mostrando o nome de Blanca. Salvei arquivo com HTML e atendi.

— Oi, sogrinha! Tá precisando de ajuda para tirar Dulce do shopping? — brinquei, mas meu sorriso se desfez quando a ouvi chorar — Blanca, o que aconteceu?

Fernando aparece aqui... Eu tentei impedi-lo de levá-la, mas não consegui.

Pulei da minha cadeira, derrubando-a no processo e chamando atenção de alguns colegas a minha volta.

— Como assim ele a levou, Blanca? Vou agora mesmo...

Ele saiu dirigindo como um louco, Christopher. O carro bateu contra um ônibus a algumas quadras do shopping... Ninguém me informa nada e... Estou com medo, Christopher. Não quero perder minha filha!

Meu corpo fraquejou e pareciam ter enfiado uma faca em meu peito. Senti mãos segurarem meus cotovelos e alguém tomou o celular de minha mão. Dulce... Minha Dulce podia morrer?

***

Estava tão inerte que me assustei quando me vi em frente ao hospital. Olhei para o lado e vi Jack atrás do volante.

— Quer que eu entre com você? — neguei — Tem certeza?

— Tenho. Obrigado por me trazer. Nem me lembro de como saí da empresa.

— Você estava em estado de choque.

— Vou entrar, preciso saber o que está acontecendo.

— Qualquer coisa me ligue.

Cada passo que eu dava em direção ao hospital, meu coração parecia explodir do tanto que apertava. Encontrei Blanca na recepção e ela correu em minha direção, me abraçando e desabando em um choro. Retribuí o abraço, ainda sem força para respirar direito.

Eu não podia perdê-la. Não agora que tudo estava ficando bem.

— O que essa garota fez com meu irmão? Ah! Não acredito que essa vagabunda está de volta — minha mãe perguntou entrando eufórica na sala em que estávamos.

Nenhum de nós dois teve forças para responder à provocação, apenas permanecemos abraçados em silêncios, nos dando força para suportar aquele momento.

— Familiares de Dulce Maria Von Uckermann? — Blanca e eu nos soltamos, encarando ansiosos o médico — Apesar da gravidade do acidente, ela não teve nada além de alguns arranhões e machucados, está acordada e chamando pela mãe, e por Christopher? Suponho ser o namorado.

— Podemos vê-las? — perguntei angustiado.

— Venham comigo.

Dulce estava deitada na maca, tinha alguns cortes nos braços e no lado esquerdo da boca, mas viva e inteira. Blanca correu, quase deitando sobre ela para abraça-la, mas permaneci estático na porta. Meu coração batia tão forte que fiquei com medo de ter um infarto ali mesmo.

— Amor?

— Fiquei com tanto medo de perdê-la!

Foi a primeira vez na vida que chorei daquele jeito. Me encostei na parede, enterrando o rosto em minhas mãos e desabando em lágrimas. Não demorou muito para sentir seu corpo colando ao meu, sua cabeça recostando em meu peito e seus braços envolvendo minha cintura. Abracei Dulce com toda força que eu tinha. Nunca mais a deixaria, nunca mais.

***

Mesmo saindo praticamente ilesa do acidente, Dulce teve que passar a noite em observação e dormi ali com ela, nossas mãos entrelaçadas na cama, não a soltei nenhum minuto. Ainda estava apavorado pelas sensações de perda que senti mais cedo. Ela estava um pouco abalada com a situação, mas estava lidando com tudo muito bem.

Em quarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora