EPÍLOGO

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DULCE

— Dulce?

Alexandra me chamou em um tom receoso da porta do quarto e me virei para ver minha sogra. Eu estava grávida de seis meses quando Maria faleceu e Christopher decidiu ir ao enterro apoiar a mãe, aos poucos eles vinham retomando o relacionamento e, como disse a meu marido, eu estava de coração aberto para isso.

— Anahí e Alfonso chegaram com o pequeno Daniel — sorri assentindo — Precisa de ajuda com o vestido?

— Por favor!

Ela entrou no quarto, fechando a porta atrás de si e se aproximou. Virei de costas para que ela subisse o zíper do vestido e o analisei no espelho que tinha na parede. Quando deixei que Fernanda organizasse a festa de aniversário, não imaginei que ela fosse me fazer usar um vestido com estampa de vaca.

— Está muito bonita — olhei para Alexandra com um sorriso divertido.

— Parecendo uma vaca? — ela arregalou os olhos. Sinto que pisava em ovos perto de mim, já que Christopher deixou claro que seria sua última chance — Estou brincando, não se preocupe — suspirou aliviada e sorri — Vamos?

Snow se agitou na cama e arrumei a blusinha xadrez rosa claro que usava, antes de pegá-lo no colo e sair ao lado de minha sogra. Cumprimentei algumas pessoas no caminho.

Sorri largamente ao ver Christopher próximo ao curral onde estavam os bezerros, estava lindo usando a calça jeans rasgada e a camisa igual a de Snow. Em seu colo, agitando-se ao ver os animais estava a personificação do nosso amor, nossa Vitória.

— Oi, minhas vidinhas! — beijei a bochecha da minha menina antes de beijar meu marido rapidamente.

— Mamã! — ela jogou-se em meus braços e a carreguei, ainda com Snow em meu colo — Imão! — Vitória agarrou-se aos pelos de Snow, que lambeu seu braço enquanto abanava o rabinho.

Vitória era louca por animais, então decidimos fazer sua festa em um hotel fazenda, com muitos bichinhos para ela poder conhecer e reunindo nossos amigos. Fernanda tinha realmente caprichado na decoração de tudo, não que eu estivesse surpresa, todos os bolinhos que fizemos para comemorar os mesversários de nossa filha, eram transformados em festas por conta do seu trabalho.

— Belinda trouxe o namorado secreto — arregalei os olhos, olhando-o curiosa devido à careta que fazia — Seu amiguinho, Joe Jonas.

— Mentira! — joguei a cabeça para trás gargalhando — Meu Deus! Eu nunca imaginaria os dois juntos.

— Também não imaginaria que Maite e Christian pudessem se tornar um casal em algum momento, já que ambos passaram os últimos anos pegando o sexo oposto.

— Pensando por esse lado... Eles não cansam de nos surpreender, hein?

— Dulce! Ainda bem que você está pronta — Fernanda rolou os olhos ao se aproximar — Vamos logo tirar essas fotos enquanto o resto dos convidados não chegam e seu marido não tem um ataque cardíaco.

— Fuzz, eu tenho trinta e oito, não setenta — retrucou.

— Vocês vão viver nessa implicância a vida inteira? Parecem duas crianças.

— Clianças, papa! — Vitória gritou, me fazendo rir.

Fernanda nos fez rodar praticamente a fazenda inteira para fazer o ensaio fotográfico, depois foi a vez de Vitória tirar fotos com os outros convidados. Tinha bastante gente no lugar, Christopher fez questão de chamar todos os funcionários da empresa, assim como chamei todos que trabalhavam na escolinha. Minha mãe e Cesar conversavam com Liz e Alexandra em uma das mesas.  

Nunca imaginei que veria Alexandra Von Uckermann sentada e conversando com uma empregada doméstica, mas não posso mentir, ela era louca pela neta, sempre fez de tudo por minha filha e vejo que vem mudando seu comportamento cada dia que passa.

Dezenas de crianças corriam para todos os lados e olhei para tudo, sentindo-me completamente realizada.

— Você está vendo aquilo ali? — Christopher me abraçou por trás e olhei na direção que ele apontava.

Sorri largamente ao ver Vitória sentada na grama dividindo um algodão-doce com Daniel enquanto Snow estava deitado entre eles. Anahí e Alfonso se aproximaram de nós sorrindo.

— Será que nossa próxima geração vai estar entrelaçada? — Alfonso brincou, me fazendo rir ao sentir Christopher bufar em meu ouvido.

— Pelo amor de Deus, ela só tem um ano. Me deixem viver sem essa preocupação por mais uns vinte, certo?

— Christopher, por favor — Anahí rolou os olhos.

— Quando nos beijamos, tínhamos treze, então tem mais doze anos, papai — Belinda se aproximou sorrindo e fiz careta — Tá com essa carinha porque, você também beijou meu namorado.

— Não precisava lembrar disso — meu marido bufou outra vez e me recostei contra ele, voltando a rir.

— Se você der sorte e ela puxar a Dulce, só beijará aos catorzes — Maite brincou.

— Do que vocês estão falando? — Fernanda perguntou.

— De quando Vivi vai começar a beijar na boca — Christian respondeu.

— Se depender de mim, aos doze anos e ainda vou fazer questão de estar presente, filmar e mandar para o Christopher.

— Você bem que vai poder sair com minha filha nessa idade, já que vão ter a mesma altura — provocou, fazendo-a o olhar irritada.

— Vim chamar vocês para começarmos a cantar os parabéns, vamos!

Meus amigos se afastaram rindo e permaneci ali, observando Christopher ir até Vitória e pegá-la no colo. Ele a jogou para cima, fazendo-a gargalhar e Snow pulou em sua perna reclamando, então ele pegou nossa bola de pelo, beijando sua cabeça.

Há alguns anos pensei que seria impossível realizar meus sonhos e que veria Christopher realizar os seus sonhos ao lado de outra pessoa. Pensei que nosso amor era impossível de ser vivido e hoje isso parece um passado tão distante.

Christopher abriu sua empresa e estive ao seu lado. Assim como ele ficou ao meu lado quando peguei meu diploma em pedagogia, usei o dinheiro que minha mãe me deu para abrir uma escola montessoriana e decidi permanecer apenas como professora do pré-escolar. Ele segurou minha mão durante o processo de Fernando e a reaproximação com minha mãe, e segurei sua mão durante suas brigas com Alexandra e permaneço segurando-a nessa reaproximação.

Assumimos o amor que sentíamos, enfrentamos todas as dificuldades que surgiram e seguimos firmes e fortes. Um se apoiando no outro, como no começo. Nosso casamento não era ileso de brigas ou crises, mas o nosso amor era mais forte que tudo isso e sempre conseguíamos superar.

Juntos, vimos meus amigos e seus amigos se tornarem nossos amigos, nossa família. Juntos, realizamos inúmeras viagens pelo mundo, conhecendo novas culturas e vivendo aventuras. Juntos, fomos em todas as consultas com o obstetra e enfrentamos horas de parto para conhecer nossa menina. Juntos, temos nossas vidas particulares, eu com minhas amigas, ele com seus amigos. Juntos, éramos nós mesmo sem machucar o outro. Juntos, ficaríamos até o final, sem precisarmos controlar ou prender o outro.

Porque o amor é liberdade, posse é prisão.

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Não consigo encontrar palavras para agradecer a vocês que leram, votaram, comentaram e se apaixonaram por essa história junto comigo. Em Quarentena surgiu do nada em meu coração, não estava nos meus planos escrever nenhuma outra história nova agora antes de finalizar o Vizinho de Cima, mas quis descobrir o que os personagens me trariam dessa vez. Eu sempre soube o final da história, mas o desenrolar dela fui descobrindo com vocês e me sinto satisfeita com ele. Tentei escrever nesses dois últimos capítulos o que vocês queriam ver no final e espero que vocês tenham gostado.

Em breve vou começar a postar a versão revisada de Far Away aqui, estou esperando apenas a capa ficar pronta, então fiquem de olho em meu perfil. E essa semana volto a postar em "O vizinho de Cima" como antes, talvez até finalizando a fanfic, quem sabe?!

Enfim... 

Em quarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora