DULCE
Ainda estava sentada no chão vendo Christopher enforcar meu pai contra a parede, não conseguia reagir. Podia sentir meu braço latejando no lugar que ele apertou, assim como meu queixo. Só tive alguma reação quando vi meu pai ficar vermelho e tentar socar meu namorado, que foi muito mais rápido que ele e se esquivou.
Me levantei em um pulo e Christopher soltou meu pai o pescoço do meu pai, antes de devolver o soco. Saí jogando algumas coisas aleatórias dentro de uma sacola de viagem, depois entrei em meu closet e consegui puxar as duas malas que já estavam feitas. Christopher não sabia disso, mas prevendo que meu pai poderia agir assim, comecei a arrumar algumas coisas depois que decidimos o apartamento.
Obviamente não estavam todas as minhas coisas ali, estava deixando muitas coisas de valor sentimental para trás, mas não me importava com isso no momento, só queria sair daquela casa e nunca mais voltar.
— Christopher, vamos embora, por favor! — supliquei.
Meu pai estava caído no chão, o canto da boca sangrava, estava ofegante e vi as fúrias em seus olhos. Christopher o deixou ali, pegou a sacola de cima da minha cama, passando a alça por cima do seu ombro e pegou minhas malas pelas alças. Peguei minha mochila e saí dali com meu namorado, sem nem olhar para trás.
Alexandra nos fuzilou com os olhos quando passamos por ela, mas não abriu a boca para me dizer mais nada. Encontramos algumas pessoas nos corredores e no elevador que nos encararam constrangidos. Não sei se tinham ouvido os gritos, mas imagino que fosse por estar usando uma blusa larga, um short de pano curto e estar com o rosto vermelho de tanto chorar, mas também não me importei com isso.
Christopher estava com o carro da mãe, então preferiu pedir um Uber ainda do elevador. Quando chegamos ao hall, ele entregou a chave do carro ao porteiro, pedindo que entregasse no apartamento de meu pai e partimos assim que o Uber estacionou na entrada do prédio. Quando o carro começou a andar, deitei minha cabeça em seu ombro e chorei. Era uma mistura de alívio, frustração e raiva. Não sei para onde estávamos indo, mas confiava cegamente que ele cuidaria de mim. Tudo o que mais queria era me afastar o máximo possível daquele lugar.
***
O carro parou em frente a um prédio familiar, mas só me lembrei de onde o conhecia quando vi Alfonso parado em frente ao prédio. Me encolhi nos braços de Christopher, que beijou minha cabeça carinhosamente antes de abrir a porta para sairmos. Alfonso me deu um abraço rápido e um sorriso solidário, e ajudou Christopher a pegar minhas malas no carro. Os dois eram amigos desde crianças, eu sempre gostei de Alfonso porque ele costumava me defender quando Christopher implicava de mim, assim como Belinda na época em que namoravam. Por sinal, os dois moravam juntos e ela estava nos esperando na porta do apartamento.
— Oi, Dul! — sorriu ternamente e forcei um sorriso — Entre, fiquei à vontade.
Entrei no apartamento, envergonhada por toda a situação, mas nenhum deles deixou a situação ficar tão constrangedora assim. Alfonso nos guiou para seu quarto, deixando minha mala no canto.
— Ainda gosta de Yakisoba, Dul? — assenti timidamente — Ótimo, vou pedir para o jantar — sorriu largamente antes de sair do quarto e me deixar sozinha com Christopher.
— Você está bem? — perguntou me puxando para sentar em seu colo na cama e assenti enfiando meu rosto em seu pescoço.
— Eles sabiam sobre nós dois?
— Conversei muito com Poncho desde que você veio embora, ele me ajudou bastante a deixar meus medos de lado — beijou minha testa — Contei hoje a Bel, ela me deu alguns tapas e disse que se eu a fizesse chorar, cortaria minhas bolas foras — ri contra seu pescoço.
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Em quarentena
Fanfiction+18| FINALIZADA | Era para ser apenas uma viagem em comemoração a formatura e aos dezoito anos. Dulce passou meses planejando tudo o que faria durante as duas semanas em que ficaria na cidade e noites sem dormir tamanha a ansiedade de rever Christo...