CHRISTOPHER
Dulce nem mesmo me olhava mais. O clima agradável que estávamos vivendo simplesmente acabou depois que fiz aquela merda. Por um momento estava vendo o filme e então pensei que estivesse simplesmente imaginando tudo, que a estava tocando apenas em minhas fantasias. Depois de ter passado uma semana inteira pensando que ela estava me provocando com roupas mais curtas e gestos, simplesmente enlouqueci.
Sei que ela correspondeu, que tentou me tranquilizar depois, mas eu me sentia um completo merda pelo que aconteceu. Agora nem parecíamos os mesmos de antes. Dulce passava o dia inteiro deitada no sofá, usando calças e blusas de manga, mesmo que a temperatura da casa estivesse quente e isso só me deixava pior. Sem contar que eu podia ouvir seus soluços durante a noite e sempre estava com os olhos vermelhos pela manhã. Três dias haviam se passado e as coisas só pioravam.
Eu estava tentando me concentrar nos códigos na tela do computar, já tinha feito a programação do aplicativo errada três vezes e meu prazo estava quase no fim, quando a vi pegar as chaves do apartamento ao meu lado. Dulce estava arrumada, usava óculos escuro e uma máscara cobrindo sua boca e eu a olhei confuso.
— Onde você pensa que vai?
— Vou sair e não é você quem vai me segurar — respondeu grosseiramente, já ganhando distância. Pulei da cadeira e a segurei pelo braço — Me solta, Ucker!
— Você não pode sair, Dulce! Esse vírus é perigoso e você é do grupo de risco.
— O que eu não posso é continuar aqui com você — disse, puxando o braço com força e a soltei, sentindo-me ainda pior que antes — Vou sair, estou tomando todos os cuidados, preciso ficar sozinha por um minuto e quando voltar... Vou ligar para meu pai. Ou ele dá um jeito de me levar para o Brasil ou arruma um lugar para que eu possa ficar.
— Dulce...
— Não vou ficar mais nenhum dia aqui com você, Christopher! Isso está acabando comigo — sua voz saiu trêmula e meu peito se apertou. Por que eu tinha feito aquilo?
— Me perdoa, pequena! Eu... Eu nunca devia ter feito aquilo, sou um babaca por pensar em você desse jeito por...
— Christopher — me interrompeu arrancando os óculos e a máscara do rosto — Presta atenção no que vou te dizer, por favor. Não estou chateada pelo que aconteceu, eu queria que aquilo acontecesse, queria você.
Arregalei os olhos ao assimilar o que tinha ouvido e rapidamente balancei a cabeça. Dulce estava confusa, eu conduzi toda a situação e isso não era certo.
— Você não sabe o que está dizendo — ela suspirou pesadamente, cruzando os braços sobre o peito e olhando meus olhos.
— Sei exatamente o que estou dizendo — rebateu, pausadamente — Eu te provoquei a semana inteira, estava usando roupas mais curtas, te tocando com mais frequência. Pensa que não vi seus olhares? Aquele abraço mexeu com nós dois e eu só queria que tivesse coragem de encarar isso.
Céus, ela fez tudo isso? Então eu não estava imaginado coisas. Dulce estava atraído por mim também, mas isso não mudava as coisas. Nós éramos primos e amigos, não podíamos estragar tudo o que tínhamos por causa de uma atração.
— Não estou chateada pelo que se quase passou entre nós, estou chateada por você ter ido embora e por estarmos assim um com o outro — disse, desviando os olhos dos meus — Agora eu vou ficar sozinha, não é? Não tenho mais ninguém.
— Pequena, você não vai ficar sozinha nunca se depender de mim — pousei minhas mãos em sua cintura e a puxei em minha direção, abraçando-a com força. Senti os braços de Dulce envolverem meu quadril, apertando-me contra ela e suas lágrimas molharem meu tórax nu — Eu amo você, Dulce! Nunca vou me afastar.

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Em quarentena
Fanfiction+18| FINALIZADA | Era para ser apenas uma viagem em comemoração a formatura e aos dezoito anos. Dulce passou meses planejando tudo o que faria durante as duas semanas em que ficaria na cidade e noites sem dormir tamanha a ansiedade de rever Christo...