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11 anos depois...

CHRISTOPHER

Dulce estava sentada no recamier, os sapatos jogados ao chão, o cabelo ondulado quase loiro emoldurando seu lindo rosto, mordia o lábio inferior e tinha um brilho diferente em seus olhos. Essa cena geralmente me faria sorrir amplamente, mas agora me causava uma pontada estranha no peito. Ela estava muito estranha nas últimas semanas, vivia grudada nesse bendito celular, se afastando rapidamente para atender as ligações misteriosas que andava recebendo, correndo sempre que chegava uma mensagem.

Confesso que algumas vezes durante a noite, me peguei olhando fixamente o aparelho na mesa de cabeceira, com vontade de desbloqueá-lo e descobrir quem estava afastando tanto minha esposa de mim, mas eu me controlava. Prometi a ela que nunca invadiria sua privacidade desse jeito e não o faria. Mesmo com toda essa insegurança e pressentimento de que ela esteja tendo um caso.

— Ei, você chegou mais cedo — ela deixou o celular de lado e sorriu levemente para mim.

— Tive uma reunião cancelada — me escorei na porta — Tem glitter no seu cabelo — Dulce rolou os olhos, sorrindo divertida.

— Fizemos um projeto de artes hoje — ela tirou a blusa, deixando-a do lado e olhei seu corpo atentamente. Dulce continua incrivelmente bonita e me afetando como antes, apenas eu não causo o mesmo efeito nela — Como foi no trabalho hoje? Conseguiu finalizar o jogo?

— Ainda não, faltam alguns ajustes — ela levantou-se, abrindo a calça e retirando-a. Suspirei, sentindo meu coração disparar ao vê-la usando apenas a lingerie azul. Minha vontade era tomá-la nos braços, fazê-la se apaixonar por mim outra vez.

Seu riso chamou minha atenção para seu rosto, balançou a cabeça me olhando e se aproximou de mim, parando em minha frente e desfazendo o nó da minha gravata.

— Você fica tão sexy quando tem que se vestir assim, sabia? — sorriu maliciosamente, abrindo os botões da minha blusa. Meu pau pulsou em minha calça, já tinha quase três semanas que não nos tocávamos daquele jeito. Sempre que eu tentava, ela inventava desculpas e parei de insistir — Já que chegou mais cedo, por que não vem tomar banho comigo? — passou as unhas em meu tórax e suspirei.

O que será que tinha acontecido para ela mudar de comportamento daquele jeito? Queria ceder ao meu desejo, mas não estava me sentindo confortável com toda aquela situação, os sinais evidentes de que estivesse me traindo não me deixava seguir com isso.

— Com quem você estava falando quando cheguei?

Dulce corou, pigarreou e baixou os olhos por algum tempo antes de me olhar.

— Com minha mãe, por quê?

— Ela não trabalhou hoje?

— Sim, mas estava em reunião com os pais de um aluno e não quis esperar — deu de ombros — Ainda bem que minha mãe cursou pedagogia junto comigo e decidiu se tornar diretora da escolinha. Não trocaria meus dias em sala de aula por essa burocracia por nada — forçou um sorriso e enroscou os dedos na gola da minha camisa, empurrando-a sobre meus ombros e fazendo-a cair ao chão — Então, vamos tomar banho?

— Quer saber? Melhor você tomar banho sozinha e refletir um pouco — Dulce me olhou fixamente e respirou fundo — Por que está mentindo desse jeito para mim? Se tem algo a me dizer, apenas diga.

— Christopher...

— Quer saber? — respirei fundo — Não posso ter essa conversa agora.

Saí do quarto sem esperar por sua resposta. Pensei em sair de casa e dirigir por algumas horas, mas estava sem blusa e não quis voltar no quarto, então segui diretamente para o escritório. Puxei minha cadeira, virando-a para parede com nossos cartões postais e fotos de viagens quase completa. Tantos planos, tantos sonhos, o que tinha dado errado?

Em quarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora