Fiquei observando Christopher sair da cama ainda confusa. Pensei que ele surtaria dizendo que cometemos um erro outra vez, mas estava agindo como se acordar comigo, fosse a coisa mais natural do mundo. Não é que eu não esteja gostando disso, só estou um pouco confusa.
Ontem a noite foi incrível, fizemos uma verdadeira maratona e praticamente desmaiei de exaustão. Da primeira vez que transamos isso também tinha acontecido, mas acordei sozinha na cama e dessa vez ele tinha ficado. Acordar em seus braços foi uma das melhores sensações que já senti.
Christopher estava cantarolando algo na cozinha, enquanto se mexia de um lado para o outro, buscando os ingredientes. Franzi o cenho ainda confusa com sua reação e levantei, vestindo sua blusa. Se ele estava só de cueca, nada mais justo que eu usasse apenas uma peça de roupa também.
Sentei na banqueta do balcão da cozinha depois que saí que fiz minha higiene no banheiro e fique observando-o preparar a panela para começar a fazer as panquecas.
— O que você tem? — perguntou sem me olhar e apoiei meus cotovelos no balcão.
— Nada. Eu estou bem.
— Não parece... Está me olhando de um jeito estranho.
— Você não vai me dizer que fizemos algo errado, que isso não vai se repetir e essas coisas? — perguntei, não me aguentando de curiosidade.
Christopher enrijeceu e me arrependi da pergunta. Ele permaneceu em silêncio por algum tempo, então suspirou e me olhou, dando de ombros.
— Não vou dizer isso — arregalei os olhos, ainda surpresa e senti meu coração acelerar — Do que adianta eu fazer esse discurso se quando você me provoca, eu não aguento?
— Chris...
— Não vou dizer que me sinto tão bem com isso ainda... Não me leve a mal, Dul. Eu gosto de estar com você, gosto de transar com você também — sorriu torto — Mas ainda me sinto um pouco culpado com essa atração que sinto, confuso com meus sentimentos.
— Qual o seu medo? — perguntei, pegando-o de surpresa outra vez — O que outras pessoas pensariam? Não sei se você sabe, mas só estamos nós dois aqui, ninguém vai sair.
— Se seu pai soubesse... Me mataria. Nunca mais poderia me aproximar de você.
— Se sua mãe soubesse também — ele rolou os olhos negando — Sua mãe me odeia, Christopher.
— Sou maior de idade e não sou sustentado por ela.
— Também sou maior de idade.
— Você entendeu o que eu quis dizer — suspirou longamente — É impossível não me sentir estranho com isso, Dulce. Se passa um filme na minha cabeça e não me parece correto, mas... Não sei o que fazer.
— Se eu não ficasse provocando, você acha que conseguiria se manter distante? — perguntei hesitante e o vi encolher os ombros em sinal de dúvidas.
— Talvez sim, talvez não...
Desviei os olhos e fixei meu olhar no balcão da cozinha. Pude ouvir a barulho da panela quando ele despejou a massa da panqueca e senti meus olhos lacrimejarem. Christopher era a única pessoa no mundo que me fazia bem, não era justo que eu não fizesse o mesmo por ele.
Acredito que fiquei um bom tempo em silêncio e sem olhá-lo, porque me sobressaltei quando um prato foi colocado a minha frente, com uma pilha de panquecas de chocolate, cobertas por uma calda de mel e com alguns morangos cortados. Ele me conhecia como ninguém, fazia tudo para me deixar feliz, eu retribuía descumprindo minha promessa.
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Em quarentena
Fanfiction+18| FINALIZADA | Era para ser apenas uma viagem em comemoração a formatura e aos dezoito anos. Dulce passou meses planejando tudo o que faria durante as duas semanas em que ficaria na cidade e noites sem dormir tamanha a ansiedade de rever Christo...