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Brunna teve o resto do dia tranquilo na medida do possível, tomou seu banho sem ninguém incomodar, sequer vira Jauregui naquele horário e as outras detentas tampouco incomodaram, porém, seu medo ainda se baseava em Anita. Ela sairia em poucos minutos da detenção e iria para a cela delas.

Brunna se desencostou da cama e se levantou quando viu que seria revistada. Tudo ocorreu bem e o horário chegou. O mesmo sorriso prepotente da noite anterior brincava nos lábios da outra garota.

-- Sentiu minha falta? -- Ela perguntou, se aproximando.

-- Por favor, me deixe em paz. Eu não te fiz nada. -- Brunna disse, um pouco mais temerosa do que gostaria. Estava cansada de lutar, no entanto, sabia que ainda tinha muito mais pela frente.

-- Sabe que ficar em um quarto escuro por vinte e quatro horas não me agradou muito? -- A mulher disse, vendo Brunna se levantar e ir para o canto da parede.

-- Eu não quis...

-- Chega de conversa. -- A garota disse, puxando Brunna pela cintura com força. A menor tentou se soltar, mas a garota imobilizou suas mãos e pressionou sua pélvis contra a menor, não deixando-a ser capaz de chutá-la. -- Sua pele é muito macia. -- A garota murmurou, distribuindo beijos por seu pescoço.

-- Ludmilla não gostaria disso. -- Brunna disse em seu ímpeto, fechando os olhos fortemente e, como num passe de mágica, a garota se afastou, a olhando confusa.

-- O que ela tem a ver com isso? -- Anita perguntou e Brunna respirou fundo. Teria que dizer aquelas palavras em voz alta, seria estranho, primeiro porque teria que fazer parecer ser verdade, segundo porque não sabia até onde a outra sustentaria aquela mentira.

-- Bem, ela me escolheu para, huh, ser a mulher, você sabe, dela. -- Brunna disse bastante hesitante, experimentando o sabor estranho daquelas palavras em sua boca e Anita estreitou os olhos.

-- Desde quando?

-- Esta tarde. -- Disse firmemente e a outra  passou a mão na nuca, parecendo um pouco desnorteada.

-- Acha que tenho medo dela? -- Anita perguntou e Brunna negou rapidamente.

-- Eu só, bem, estou te avisando. -- Brunna disse, vendo Anita a olhar ainda cética.

-- Amanhã falarei com ela, mas se isso for uma mentira, espero que saiba que não serei carinhosa na noite de amanhã. -- Brunna assentiu e suspirou aliviada quando a outra subiu no beliche e se calou.

Deus que tivesse misericórdia dela, se descobrissem a mentira ela estaria em maus lençóis.

[...]

O corpo magro corria desesperado para a cantina no dia seguinte, procurando pelos olhos pretos. Assim que encontrou, foi em direção à Ludmilla, se sentando na sua mesa sem pedir autorização.

-- Você disse para eu dizer aquela merda, então por favor, não volte atrás em sua palavra, caso contrário eu estarei bem, bem, bem fodida. -- Brunna disse eufórica.

-- Quem te mandou sentar? -- Ludmilla perguntou rudemente.

-- Eu só... Só precisava falar com você antes da, huh, Anita. -- Brunna disse fitando suas mãos.

-- Já falou. -- Ludmilla disse friamente e Brunna suspirou, assentindo e se levantando.

-- Desculpe, eu não quis te atrapalhar. -- Ela pediu cabisbaixa.

-- Esteja na minha cela no mesmo horário de ontem e deixe os outros saberem disso. Vá sorrindo. -- Oliveira disse seriamente e Brunna assentiu, indo para a fila.

-- Hey, não teve problemas ontem à noite? -- A voz fina de Maggie soou preocupada assim que parou atrás dela na fila.

-- Não. -- Brunna disse, vendo Anita
surgir na porta da cantina. Brunna viu o exato momento onde ela marchou em direção à mesa de Ludmilla e se debruçou sobre ela, apoiando as duas mãos na mesa.

Aparentemente aquela era a nova atração do lugar, porque Brunna viu todos os pares de olhos voltados para as duas. Ludmilla a olhou friamente antes de dizer algo que Brunna não pôde ouvir devido à distância.

Anita pareceu irritada e Ludmilla disse mais alguma coisa, fazendo Anita dar um soco na mesa. Ludmilla se levantou e deu a volta na mesa, ficando cara a cara  com Anita. Ela disse algo com o músculo do maxilar enrijecido e Anita bufou antes de abaixar os olhos, assentir e ir a passos duros até a fila, ou seja, bem atrás de Maggie.

Brunna viu Ludmilla se aproximar dela e então sorrir. Caramba! Era a primeira que via seu sorriso.

A menor não se atreveu a olhar para Maggie, afinal Anita estava bem atrás dela e não sabia o que ela tinha conversado com Ludmilla.

A surpresa de Brunna aconteceu quando sentiu um braço delicadamente se enlaçar em sua cintura antes de colar seus corpos. Era Ludmilla.

Brunna prendeu a respiração ao se atrever a olhar para cima: Os olhos pretos fixados nos castanhos e um sorriso lindo brincando em seus lábios.

-- Nos vemos mais tarde? -- A voz rouca e sexy fez Brunna engolir em seco e assentir, totalmente paralisada ante àquela visão.

Ludmilla se inclinou e deixou sua boca a centímetros de distância da de Brunna, fazendo seus narizes se tocarem e seus olhos mergulharem um no outro. A menor podia jurar que sentiu seu corpo tremer e seu coração disparar em seu peito.

-- Então eu te espero na minha cela. -- Ludmilla disse ligeiramente mais baixo, apertando um pouco mais Brunna contra seu corpo antes de se inclinar um pouco mais e relar seus lábios suavemente sobre os de Brunna, em um selinho demorado.

A maior se afastou e Brunna sentiu seu corpo inteiro tremer; ela ainda era capaz de sentir a chama que se acendeu em seu interior graças ao calor dos lábios macios de Ludmilla.

-- Menina, o que foi isso? -- A pergunta de Maggie trouxe Brunna de volta.

-- Eu não sei. -- Brunna disse levemente desnorteada, se virando e olhando para Maggie com a expressão paralisada.

-- Como não sabe? -- Maggie perguntou confusa.

-- Meio que desde ontem nós... Estamos juntas. -- Brunna falou, olhando para a figura de Ludmilla, que se afastava enquanto olhares se abaixavam para não cruzar com o dela.

-- Ela escolheu você? -- Maggie perguntou retoricamente. -- Uau, parabéns. Você é a primeira garota que ela arruma aqui dentro. Ela sempre renegou todas e eu só não achava que ela fosse heterossexual por causa do meu gaydar.

-- Salada? -- A mulher na frente delas perguntou e Brunna assentiu.

-- Espere! Você é tipo minha patroa agora? Porque se é a mulher da Oliveira e tudo o que a Oliveira pede todas fazem, farão isso para você também. -- Maggie deduziu. -- Oh céus, eu devo te chamar de senhorita?

-- Você deveria calar a boca desse assunto e irmos comer. -- Brunna disse rindo, mas viu Maggie assentir freneticamente antes de fazer o que ela pediu.

Apesar da conversa que engatou com Maggie após isso, a única coisa que sua mente conseguia pensar era: O que Ludmilla queria com ela mais tarde?

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