•15•

1.1K 97 13
                                    

-- Ludmilla? -- Brunna chamou ao se aproximar da mesa, vendo as orbes esverdeadas se erguerem e lhe fitarem. -- Pode vir aqui um minuto?

-- Ainda não terminei de comer. -- Ludmilla  falou e Brunna  suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a maior.

-- Obrigada. -- Camila disse baixinho, se arremessando nos braços de Lauren sem dar tempo da outra falar nada. -- Eu amei. -- Ela completou, sentindo finalmente os braços da maior se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.

-- De nada. -- Ela replicou, sentindo Brunna se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.

-- Como conseguiu? -- Brunna perguntou, removendo os braços do pescoço de Ludmilla, por outro lado, a mais velha permaneceu com seus braços ao redor de Brunna. -- E não seja grosseira em sua resposta. -- Se aprontou em dizer ao ver que Ludmilla  iria abrir a boca para dizer algo.

-- Hey! -- Ludmilla  repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. -- Pare de saber como eu vou agir.

-- Não dá. Você é previsível. -- Brunna disse rindo baixinho e Ludmilla  franziu os olhos.

-- Não vou te contar como consegui então. -- Ludmilla  disse e Brunna abriu a boca surpresa.

-- Não! Lud, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. -- Brunna disse e Ludmilla  riu, suspirando.

-- Tudo bem. Pedi para uma amiga pegar para mim. -- Ludmilla  respondeu e Brunna desviou o olhar para Paty, que havia tossido alto.

-- De nada. -- A loira falou e Brunna sorriu.

-- Obrigada por isso. -- Brunna disse e Paty se espreguiçou.

-- Eu preciso dizer "de nada" de novo? -- Brunna riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Ludmilla.

-- Coma! Você quase não comeu nada. -- Brunna  impôs e Ludmilla  negou.

-- Não estou com fome. -- A mais velha replicou e Brunna sentiu Ludmilla  começar a acariciar suas costas. Aquilo era novo, Ludmilla  não fazia carinhos.

-- Mas precisa comer. -- Brunna insistiu e Ludmilla  voltou a negar.

-- Comi a fruta. Posso esperar o almoço agora.

-- Certo. -- Brunna disse, vendo Paty olhar confusa para Ludmilla.

-- Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. -- Paty disse do nada, se levantando. -- Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.

-- Você não está atrapalhando. -- Brunna disse, se aconchegando mais nos braços de Ludmilla.

-- Tchau. -- Paty falou, se afastando e Maggie riu.

-- Nem pense em sair, Maggie. Não estão atrapalhando. -- Brunna disse ao ver o olhar de Scar de quem também saíria. Ambas apenas assentiram e então a menor ergueu seu rosto, fitando Ludmilla  com um sorriso divertido nos lábios.

-- O que foi? -- Ludmilla  indagou.

-- Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? -- Ela indagou e Ludmilla  suspirou. -- Que bilhete foi aquele? -- Ela perguntou rindo.

-- Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo. Você tem que, uh... -- Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Brunna não sabiam que elas não estavam realmente juntas. -- Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. -- Brunna franziu o cenho e a fitou.

-- Por quê? -- Indagou confusa.

-- Você merece mais do que isso. -- Ludmilla  disse, olhando para baixo e Brunna levou uma mão até seu queixo, o erguendo.

-- E se eu não quiser mais do que isso? -- Brunna indagou, encarando-a com intensidade e Ludmilla  suspirou.

-- Você quer mesmo a médica, não é? -- Ludmilla  perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Brunna negou com a cabeça, voltando a fitá-la.

-- Não estou me referindo à ela. -- Brunna informou e Ludmilla  se levantou, jamais deixando de olhá-la.

-- Você não deveria se envolver com ninguém daqui. -- Ludmilla  disse e Brunna se levantou junto. -- Você merece mais.

-- Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. -- Brunna disse veemente e Ludmilla  passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Brunna, acariciando-o.

-- Destemedida como sempre. -- Ludmilla  disse sorrindo nostálgica e Brunna estranhou a atitude. -- Os anos passam, mas você não muda.

-- Anos? Você me conhece de antes? -- Brunna indagou e Ludmilla  negou com a cabeça.

-- Não ouça as bobagens que eu digo. Só acordei com sono. -- Ludmilla  disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.

-- Espere! -- Brunna chamou, seguindo-a. -- Ludmilla! -- Tentou novamente, sem êxito. -- Eu não acredito em você. -- Brunna disse no meio do corredor de suas celas, fazendo
Lauren frear no mesmo momento e se virar para ela.

-- Não acredita em quê? -- Ludmilla  indagou e Brunna a alcançou, parando em sua frente. Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.

-- Que esteja sonolenta. -- Brunna disse quase arfando e Ludmilla  riu.

-- Tudo bem. -- Ludmilla  disse dando de ombros e Brunna segurou seu pulso, não deixando a maior continuar seu caminho.

-- Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. -- Confessou. -- Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado e tampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.

-- Ah é? -- Ludmilla perguntou e Brunna assentiu, sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Ludmilla.

-- Sabe o que mais eu acho? -- Brunna indagou dando mais um passo a frente, vendo Ludmilla  negar com a cabeça e prender a respiração. -- Que você gosta de mim. Que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. -- Umedeceu os lábios e tomou ar.

-- E no que mais acredita? -- Ludmilla  perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através daquele olhar.

-- Também acredito que o que você diz ser dó de mim é, em realidade, preocupação real.

-- Não me importo com você e não quero te beijar, Brunna, não alucine. -- Ludmilla  disse fazendo uma careta e Brunna a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.

-- Então me prova. -- Brunna sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Ludmilla  antes de roçar seus lábios nos dela.

-- Brunna, pare!

-- Não! -- Brunna negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. -- Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.

-- Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. -- Ludmilla  disse com a voz ligeiramente falhada e Brunna colocou as mãos na cintura da garota.

-- Sim, é um desejo meu. -- Brunna confessou, roçando seus lábios nos de Ludmilla . -- E se não for seu também então me afaste...

Os olhos pretos  queimavam Brunna e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Brunna exalando das duas.

-- Não posso fazer isso... -- Ludmilla  disse baixinho. -- Não consigo te afastar. -- Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.

-- Então me beija... -- Brunna murmurou e no instante seguinte os lábios de Ludmilla  pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, porém, jamais perdendo a delicadeza e realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.

-------------------------------

Voltei rapidinho, viram?

presa por acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora