━━━━
Emergir após você ter quase se afogado te faz sentir aliviado, exasperado, inquieto, feliz e ao mesmo tempo desesperado. Sua respiração se descontrola e seu pulso acelera inexplicavelmente. Era exatamente assim que Ludmilla se sentia, como se quase houvesse se afogado.Brunna era seu mar.
Os lábios quentes sobre os seus não a deixavam pensar, só sabia de algo: Precisava de mais e foi com tal pensamento que apenas permitiu a passagem da língua da menor, vibrando internamente com o contato.
Não era um beijo qualquer, era Brunna ali. Brunna Gonsalves . Ela não podia acreditar naquilo, não conseguia cair sua ficha de naquilo, não conseguia cair sua ficha de que beijava a garota que...
Ela vetou seus pensamentos quando a menor chupou seu lábio inferior e enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, arranhando as unhas curtas em sua pele, causando a inflamação de todo seu corpo. Brunna voltou a aprofundar o beijo e Ludmilla a puxou mais para si, levando uma de suas mãos até os cabelos da nuca da menor e a enfiando ali, os puxando de leve, sentindo a textura sedosa dos fios entre seus dedos enquanto suas línguas se encontravam em um perfeito encaixe.
Brunna arfou contra sua boca e apertou sua cintura, tentando juntar ainda mais os corpos, como se os tentasse fundir.
-- Detentas! -- A voz firme e ríspida de uma das guardas fez elas separarem as bocas, sem se afastarem totalmente. -- Aqui não é lugar para isso. -- Ambas assentiram, se afastando de vez uma da outra.
-- Não deveríamos ter feito isso. -- Ludmilla, que possuía seu lábio ligeiramente avermelhado, falou e Brunna negou com a cabeça.
-- Claro que deveríamos. -- Disse, sem se importar com o fato de pouco tempo atrás ter pensado que deveria tentar não se apaixonar por Ludmilla.
-- Você tem problemas de interpretação? -- Ludmilla perguntou. -- Normani disse para você não encarar e você me encarou; eu disse para não se aproximar e você vive criando conversas íntimas; agora digo que não deveríamos e você diz que sim.
-- Não tenho problemas de interpretação. Apenas sei formar opinião própria. -- Brunna rebateu e Ludmilla suspirou, indo em direção à sua cela.
-- Pare de me seguir, Brunna! -- Ludmilla pediu.
-- Só quando me disser por que não deveríamos. -- Brunna falou e Ludmilla entrou em sua cela, subindo em sua cama e se virando para a parede. Brunna suspirou e se encostou na parede de frente para o beliche. -- Eu não sabia que te incomodava tanto assim. Desculpe.
-- Não faça isso.
-- Isso o quê? -- Brunna perguntou e Ludmilla se virou para ela.
-- Esse drama todo, me mostrando que estou reagindo exageradamente. -- Ludmilla explicou e Brunna a fitou, sorrindo fraco antes de assentir e se deitar em sua cama. O silêncio perturbador fez Ludmilla suspirar. -- Brunna?
Silêncio.
-- Brunna?
-- O que é? -- Brunna perguntou e Ludmilla se equilibrou em seu peito, olhando para a cama de baixo.
-- Está brava comigo? -- Ludmilla perguntou e Brunna negou. -- Então por que não me respondeu de primeira?
-- Não faz sentido as discussões idiotas que temos. Você é um maldito ponto de interrogação que fica no final de toda frase minha. -- Brunna disse encarando-a, vendo os olhos pretos refletirem um lampejo de tristeza.
-- Desculpe. -- Ludmilla murmurou e Brunna se surpreendeu. -- Só há perguntas que para a minha proteção eu devo manter as respostas para mim. -- Ludmilla falou. -- Eu ainda tenho mais dois anos aqui, preciso manter meu foco.
-- Bem, se a minha advogada não for eficiente o suficiente eu ainda tenho vinte e dois, então boa sorte com seus dois anos. -- Brunna disse e Ludmilla mordeu seu lábio inferior, descendo da cama de cima.
-- O que fez para pegar tanto? -- Ludmilla perguntou curiosamente e Brunna foi para o canto de sua cama, esticando a mão para Ludmilla.
A maior encarou sua mão com hesitação, até finalmente segurá-la, sentindo a menor lhe puxar para seu lado. Ludmilla respirou fundo, sentindo o cheiro do condicionador de Brunna impregnado no travesseiro.
-- Não fiz nada, mas fui acusada do assassinato do meu irmão e de ter tentado assassinar minha mãe. -- Brunna disse, vendo Ludmilla arregalar os olhos completamente surpresa. -- Eu não fiz isso, eu juro, mas sei que você não vai acreditar em mim. -- Brunna disse, brincando com a baínha de sua camisa.
Ela se surpreendeu quando sentiu Ludmilla acariciar seu rosto, fitando-a com seu olhar carregado de afeto.
-- Você poderá pegar uma boa grana quando processar esses babacas do Estado, uh? -- Ludmilla perguntou e Brunna assentiu ainda cética.
-- Você vai acreditar que sou inocente assim... fácil? -- Brunna perguntou e Ludmilla assentiu.
-- Já acreditei. -- Ludmilla disse sorrindo de lado e Brunna se virou para ela.
-- Eu não vou perder meu tempo processando eles. -- Brunna disse e Ludmilla franziu o cenho.
-- Por que não? -- Indagou sem jamais deixar de acariciar o rosto da menor, que suspirou ante ao toque gentil.
-- Porque eu quero viver minha vida, desfrutar das coisas que eu não dava valor antes, sabe? -- Brunna perguntou. -- Não quero ficar enfurnada em uma sala o dia todo diante de uma pilha de papéis. Quero ir no parque central e me deitar sobre o gramado enquanto admiro os pássaros no céu e sinto o ar fresco acariciar minha pele.
-- O futuro amor de sua vida poderia estar junto e ambos poderiam alimentar os patos. -- Ludmilla disse e Brunna sorriu, assentindo.
-- Me soaria um bom lugar para eu dizer que a amo. -- Brunna disse e Ludmilla suspirou. -- Uma pena nada disso existir. -- Falou e Ludmilla assentiu.
-- Mas você tem chances de ser feliz quando sair daqui, sabe? Viver, receber de bom tudo o que já ofereceu a este mundo. -- Ludmilla disse e Brunna subiu seu olhar, analisando meticulosamente cada palavra que Ludmilla havia dito.
-- Por que sempre fala como se eu tivesse sido uma heroína lá fora? -- Brunna perguntou e Ludmilla negou, parando sua carícia.
-- Nada. -- Respondeu baixando seu olhar. -- Se sua advogada conseguir sua inocência você sai em quanto tempo?
-- Cinco meses e duas semanas. -- Brunna disse e Ludmilla assentiu, fitando os lábios tão atrativos da menor.
-- Acho que mudei de ideia sobre nos beijarmos. -- Ela sussurrou e Brunna a olhou cheia de expectativa. -- Mas me prometa que não fará tantas perguntas.
-- Não posso prometer isso. -- Brunna disse, umedecendo seus lábios. -- Mas gostei da ideia de voltarmos a nos beijar loucamente. -- Brunna disse sorrindo maliciosa e Ludmilla riu. -- Por que mudou de ideia? -- Indagou curiosa e a maior suspirou, passando um braço por seu corpo, a abraçando.
-- Porque sei que será inocentada e, bem, acho que eu gostaria de aproveitar o pouco que vou ter de você. -- Ludmilla confessou ruborizando e Brunna sentiu um arrepio cortar sua espinha. Quanto mais tempo passava, mais encantadora Ludmilla se tornava aos seus olhos.
-- Então pode aproveitar bastante. -- Brunna sussurrou, levando uma mão até a nuca de Ludmilla para então arrastar as unhas ali, vendo um novo brilho nascer nos olhos da maior.
Ela gemeu quando sentiu Ludmilla beijá-la e então a menor a puxou mais para cima de si. Aparentemente os próximos meses não seriam nada ruins trancafiada ali com a maior.
Entretanto, de alguma forma, incomodava se imaginar saindo daquele presídio e deixar Ludmilla para trás. Ela espantou seus pensamentos ao ver o rumo que estavam tomando. Focaria no "agora" e, bem, o "agora" possuía a língua de Ludmilla se encontrando com a sua enquanto sua mão direita adentrava a camisa de Brunna para acariciar diretamente sua pele.
É, o "agora" era bem atrativo.
-----------------------------------
VOCÊ ESTÁ LENDO
presa por acaso
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Brrunna Gonçalves não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar...