presa por acaso

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Ludmilla respirou fundo assim que seu pé voltou a pisar no solo; o ar fresco e levemente frio invadiu seus pulmões, fazendo-a fechar os olhos para sentí-lo espalhar seus cabelos. Seus olhos automaticamente voltaram a se abrir assim que sentiu os dedos frios de Brunna se entrelaçando aos seus.

-- Fazia três anos, Bru. -- Ludmilla disse finalmente, notando uma linha se formar no rosto de Brunna, puxando seu sorriso junto.

-- Vem comigo. -- Brunna disse, puxando-a pela mão. O olhar esverdeado capturava cada milímetro de visão, desde os passarinhos cantando naquele fim de tarde até a grama extremamente verde, contrastando com o azul do céu. -- Acho que aqui está bom. -- A garota falou, sentando-se na grama e cruzando as pernas. Ludmilla a seguiu com os olhos antes de sorrir.

-- Uau. -- A maior disse e Brunna  a fitou.

-- O que foi? Não vai se sentar comigo? --  A menor indagou e Ludmilla mordeu o lábio inferior.

-- Não é isso. É que... Acho que nunca me sentei em um parque antes. -- Ela disse. -- Digo, não para apenas desfrutar da vista.

-- Acho que algumas rotinas não permitem isso. -- Brunna falou. -- Senta aqui pertinho, vem? -- Usou de seu tom mais terno, não deixando outra opção para Ludmilla senão se sentar ao seu lado, voltando a entrelaçar as mãos.

-- Estou livre. -- Ludmilla disse após alguns segundos, ainda não acreditando que após tanto tempo ela estava em liberdade. Um pequeno sorriso apareceu nos lábios de Brunna  antes de ela assentir.

-- Eu nunca tinha te visto com outra roupa além do uniforme. -- Ela disse, analisando Ludmilla com adoração. -- Digo, não depois que fui presa. -- Se corrigiu ao se lembrar que a viu, ainda que de relance, no passado. -- Você fica ainda mais linda. -- Ludmilla  suspirou e umedeceu seus lábios.

-- Você... pode me contar o que aconteceu, agora? -- Ludmilla perguntou o que realmente queria saber, vendo Brunna assentir e começar a explicar tudo o que havia ocorrido, sem deixar nada de lado.

A garota fazia algumas pequenas pausas apenas quando via um sorriso tímido nascer nos lábios de Ludmilla  conforme ia entendendo que tudo não havia passado de um mal entendido.

-- E então... -- Brunna disse, fitando o antebraço branquelo de Ludmilla antes de iniciar uma delicada carícia na região. -- Ainda somos namoradas ou você não me quer mais agora que está aqui fora e com certeza terá um harém de mulheres aos seus pés? -- Ludmilla  riu baixinho.

-- Não seja boba. -- Ludmilla proferiu sutilmente, removendo uma mecha intrusa do rosto de Brunna. -- Não há como eu deixar de te querer. -- O olhar castanho lentamente se levantou, fitando Ludmilla. Suas bochechas coraram levemente antes de um sorriso brotar em seus lábios.

-- Senti tanto a sua falta. -- Brunna murmurou, se inclinando alguns centímetros apenas para deslizar a vértice de seu nariz pelo rosto de Ludmilla em uma carícia carregada de ternura. Os olhos se encontraram após isso e a intensidade contida naquela troca de olhares fez ambas suspirarem ao mesmo tempo.

Foi Brunna que tomou a atitude, esbarrando a superfície de seus lábios sobre os de Ludmilla, sentindo a garota retribuir com o mesmo afeto. A menor gemeu baixinho em puro deleite no encontro de línguas; jamais se adaptaria à forma como se sentia cada vez que se beijavam: Como se estivesse flutuando ou em alguma espécie de bolha, onde a gravidade deixava de existir.

-- Desculpe ter acreditado nos rumores. -- Ludmilla murmurou ainda com as bocas juntas, recebendo um selinho demorado de Brunna, que apoiou um braço  em sua cintura enquanto o outro estava sobre a grama sustentando o peso de seu corpo e se sentou ainda mais perto.