•33•

1K 87 2
                                    

Olha só quem apareceu.
--------------------------------------

Assim que a policial soltou Brunna  no pátio ela nem olhou para direção nenhuma, simplesmente decidiu migrar para sua cela e se sentar em sua cama. Ela queria pensar, precisava disso, por tal razão tirou os sapatos e se encostou no canto da cama, apoiando sua cabeça na parede e suas costas no beliche. A  parede e suas costas no beliche. A garota puxou sua coberta e enfiou a mão embaixo do travesseiro, tirando uma foto de Ludmilla com ela de lá.

Ela abraçou as próprias pernas e suspirou tristemente, encarando a foto que Larissa havia lhe dado, que para a sua surpresa não havia sido a que elas olhavam para câmera, senão a que havia tirado instantaneamente, onde Ludmilla fitava bobamente o enorme sorriso que Brunna  tinha em seu rosto, tendo seus braços enlaçados ao redor da maior. Pela forma como ela fitava Ludmilla, podia se dizer facilmente que estava apaixonada.

-- E agora, meu amor? -- Ela sussurrou, dando um beijo na foto antes de se deitar e fechar os olhos, enterrando a imagem em seu peito enterrando a fortemente.

Ela estava aliviada porque sairia, entretanto, deixar Ludmilla  não fazia seu coração ficar calmo, muito pelo contrário, ele estava quase sangrando. Não se arrependia de ter se apaixonado por Ludmilla, porém as coisas se complicariam a partir do momento onde saísse dali. Sem perceber um choro baixinho se fez presente por ela mesma. Ela havia levado a coberta até sua cabeça e mal notou quanto tempo havia se passado daquela forma.

-- Bru? -- A voz carregada de preocupação de Ludmilla  soou no ambiente e Bru descobriu a cabeça rapidamente, se virando quase que instantaneamente para  sua namorada.

-- Amor... -- Brunna  proferiu, estendendo os braços para era em um convite silencioso para a maior se aconchegar em seu corpo. Ludmilla  sequer pensou, apenas migrou até a cama de Brunna e se instalou em seu abraço.

-- O que houve? -- Ludmilla  perguntou e Brunna  negou com a cabeça, enterrando o rosto em seu pescoço antes de começar a chorar copiosamente.

-- A minha... irmã... -- Brunna disse e parou, fazendo o desespero de Ludmilla  aguçar.

-- O que houve com ela? Ela está bem? -- Indagou e Brunna assentiu com a cabeça, respirando fundo para ver se conseguia parar de chorar.

-- Ela pagou alguém para sumir com uma das provas da minha inocência. -- Ela enfim disse. -- E não duvido nada que... tenha ofertado uma boa dose de dinheiro ao meu antigo advogado para perder o caso. -- Ludmilla  se calou por algum tempo até processar a informação.

-- Você, uh, tem certeza? -- Ludmilla  perguntou e Brunna  assentiu, completamente devastada. -- Céus, Brunna, eu sinto muito. Como você soube?

-- A minha advogada descobriu. -- Ela falou, sentindo seu corpo se acalmar ao sentir a carícia mansa de Ludmilla
em seus cabelos.

-- As pessoas às vezes são filhas da puta no mundo, só basta descobrir o motivo. -- Ludmilla  falou e Brunna  ergueu o rosto, a fitando com os olhos vermelhos e o rosto umedecido. Ludmilla  não resistiu em levar uma mão até seu rosto e enxugar delicadamente a região antes de depositar um beijo na testa de Brunna. -- Não gosto de te ver mal. Isso me destrói. -- Falou, fechando os olhos e engolindo pesadamente.

-- Por favor... Por favor, diz que vai me deixar te visitar quando eu sair daqui. -- Brunna sussurrou em uma súplica desesperada. -- Por favor, amor, por favor...

-- Bru, isso não é lugar para você. -- Ludmilla disse com profundo pesar. -- Eles vão ter que te ver nua e...

-- Não se eu vier com um advogado. -- Brunna  disse prontamente e Ludmilla  a fitou solenemente.

-- Você está mesmo disposta a me visitar? -- Ludmilla  indagou e Brunna  assentiu, enfiando a foto embaixo do travesseiro novamente.

-- Vai passar rapidinho, mas preciso continuar te vendo. Eu não saberia lidar com tanta saudade. -- A menor confessou e Ludmilla  arqueou uma sobrancelha.

-- Está dizendo que me esperaria? -- Perguntou incrédula.

-- Óbvio. -- Brunna  replicou e Ludmilla  não resistiu em abrir um lindo sorriso.

-- Você jura que me esperaria? Bru, você não precisa...

-- Não fale mais uma palavra sequer. -- Brunna  pediu. -- Eu... gosto mesmo de você, Ludmilla. -- Ela disse com suavidade. -- Eu sei que eu não preciso; que eu poderia tocar a minha vida lá fora como se nada tivesse acontecido, mas aconteceu e eu jamais mudaria isso em minha vida. -- Afirmou. -- Você agora é parte da minha vida e, bem, é uma parte que eu não quero nunca abrir mão.

-- Não me dê esperanças se não for verdade... -- Ludmilla  pediu com a voz embargada, fitando o colchão para Brunna  não ver o lampejo de vontade de chorar em seus olhos. -- Ninguém nunca esteve lá por mim além de  Larissa e Paty  e eu não suportaria se... -- Ela engoliu em seco e mordeu o lábio inferior. -- Por favor, não me ilude se não for verdade. -- Ludmilla  sentiu o leve roçar do dedo indicador de Brunna  em seu queixo e ergueu a vista para fitá-la.

-- Eu esperarei cada bendito segundo para termos uma vida lá fora. -- Brunna  disse e Ludmilla  comprimiu os lábios.

-- Jura? -- Ludmilla  perguntou e Brunna  assentiu.

-- Sim. Só preciso que me deixe te visitar... Eu morreria de saudades. -- Brunna  pediu novamente e Ludmilla  assentiu.

-- Eu deixo. -- Ludmilla  falou finalmente. -- Mas só se vier com um advogado. Não quero que se submeta a ser analisada por aquelas policiais.

-- Eu prometo. -- Brunna  disse, se inclinando e dando um beijo em Ludmilla, calmo, macio e suave. A maior riu entre o beijo e negou com a cabeça.

-- Começamos essa conversa comigo sendo seu conforto. Olhe agora... -- Ela disse rindo e Brunna depositou mais um beijo casto em seus lábios.

-- Isso é porque somos um casal fofo onde ambas se cuidam e é exatamente por isso que não deixaria de te ver nunca. -- Ela falou e Ludmilla sorriu, enlaçando um braço ao redor da menor.

-- Bem, temos pouco mais de três meses então para ficarmos juntinhas ainda, não é? -- Ludmilla  indagou e Brunna mordeu seu lábio inferior, a olhando com temor.

-- Uh, é isso que eu queria comentar com você... -- Começou suspirando e por sua reação Ludmilla  já soube.

-- Quando sai? -- Perguntou.

-- Em aproximadamente um mês, no máximo. -- Ludmilla assentiu e levou uma mão até seu rosto.

-- Finalmente. Isso não é lugar para você. -- Ludmilla disse docemente, apesar de já ser capaz de sentir a saudade em seu peito.

-- Nem para você, Lud. -- Brunna  afirmou e Ludmilla  riu baixinho.

-- Talvez, mas você não sabe o peso que tira das minhas costas indo embora. -- Brunna  a fitou confusa e Ludmilla abriu a boca assustada. -- Não, eu não quis dizer que você é um peso para mim, por favor, não me interprete mal. -- Pediu rindo nervosamente.

-- E então? -- Brunna  Indagou.

-- Eu vivo com medo de descobrirem algo sobre mim. -- Ludmilla confessou. -- E morro de desespero de te atacarem caso descubram. Eu não me perdoaria nunca se algo te acontecesse. -- Falou com um olhar aflito e Brunna se ajeitou na cama.

-- Não me assuste, Ludmilla . Do que se trata? -- Ludmilla  suspirou e diante do olhar de Brunna ela não teve como esconder. Seus olhos foram para fora da cela para ver se ninguém passava e abaixou o tom de voz consideravelmente ao dizer:

-- Eu não sou quem eu digo ser, Brunna.

presa por acaso Onde histórias criam vida. Descubra agora