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Ludmilla chegou no apartamento de Brunna completamente cansada. Fazia vários anos que não andava igual naquele dia, porém se sentia imensamente satisfeita por ter entregado o máximo de currículos que pôde.

Ela havia usado a chave que Nete lhe havia dado para entrar e, naquele momento, se jogou no sofá. Ela retirou seu calçado e olhou em volta. Brunna realmente a amava, porque para colocar uma ex-presidiária em seu lar, deixá-la lá sozinha e com um bolo enorme de dinheiro na gaveta de sua cômoda deveria existir mesmo amor e, além de tudo, confiança.

Saber daquilo enchia o coração de Ludmilla de alegria. Em toda a sua vida ela jamais ganhara créditos sem precisar dar algo em troca, uma garantia de que não estragaria as coisas. No mundo onde ela viveu a confiança era algo valioso e quase nulo, mas Brunna depositou toda a sua em Ludmilla e ela jamais decepcionaria a garota.

A maior riu de repente ao se lembrar de ter aberto a gaveta de manhã e se deparado com um montante maior do que ela ganhava em árduos cinco meses de trabalho. Brunna definitivamente não tinha noção de quanto uma pessoa de classe baixa precisava.

Ela suspirou bobamente ao notar que já sentia saudades de sua namorada e não via a hora de poder abraçá-la novamente. Seus pensamentos foram cortados ao ouvir o som da chave na fechadura, algo que a fez sorrir instantaneamente e se sentar no sofá.

Alguns segundos mais tarde a porta foi aberta e por ela passou uma Brunna que aparentava cansaço, carregando uma garota bem agasalhada, por já ser noite, em seus braços.

-- Amor? -- Brunna chamou sem sequer olhar em volta, fechando a porta desajeitadamente. Assim que ela se virou para a frente ela sorriu, deixando seu olhar pousar em Ludmilla.

-- Precisa de ajuda? -- Ludmilla indagou, se levantando e indo até as duas garotas.

-- Sim, mas primeiro deixa eu apresentar vocês pessoalmente... -- Ela disse animada. -- Judie, essa é a Ludmilla. Ludmilla essa é a minha sobrinha Judie. Todas nós vamos morar juntas por um tempo, está bem? -- Indagou à Judie, vendo a garota assentir.

-- Mas a Lumila não pode roubar meus pilulitos. -- Ludmilla riu com vontade ao ouvir aquilo.

-- Se eu não roubar seus pirulitos está tudo bem em viver comigo também? -- Ludmilla perguntou e Judie assentiu.

-- A titia disse que você não ronca igual a vovó. Então sim. -- Dessa vez tanto Brunna como Ludmilla riram.

-- Hey, gatinha, preciso que corra até a porta do final do corredor e me espere lá. Você precisa de um banho que, infelizmente, não tivemos tempo de te dar hoje. -- Brunna disse e Judie assentiu.

-- Está tudo azedo. -- Ela disse, sentindo sua tia colocá-la no chão.

-- Espere na cama da titia que eu só vou pegar suas coisas. -- Brunna disse e Judie assentiu, correndo para o local o qual Brunna pediu.

-- E então, em que precisa de minha ajuda? -- Ludmilla perguntou e Brunna passou os braços ao redor de seu pescoço antes de plantar um beijo manso em seus lábios.

-- Pode me ajudar com as coisas dela? Deixei no carro.

-- Claro. -- Ludmilla disse e Brunna sorriu agradecida. -- O que foi isso aqui? -- A maior perguntou ao ver o sangue seco sobre sua sobrancelha.

-- O dia foi agitado. -- Brunna explicou. -- No caminho para o carro eu te explico. -- Ela disse e Ludmilla assentiu. -- Me desculpe ter que trazê-la justo quando você está aqui, mas é que...

-- Hey... É sua sobrinha e sua casa. -- Ludmilla disse prontamente. -- Não precisa se desculpar de nada e, bem, eu não irei roubar os pirulitos dela, então acho que está tudo bem, uh? -- Brunna abriu um amplo sorriso antes de assentir.

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