23. TRAGÉDIA ANUNCIADA

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Aquele silencio e falta de movimento no pátio do orfanato causou certa estranheza em Olívia, afinal  esperava que o lugar estivesse repleto de pessoas se divertindo , mas para sua surpresa não era o que seus olhos viam, lhe causando um enorme espanto e confusão .

—A festa é na praça da igreja Nossa Senhora de Guadalupe, a uma quadra de distancia daqui – revelou , a fitando com um olhar tranquilo e uma expressão divertida pela estranheza daquela mulher – Como o Anton não gosta que os menores participem, a igreja sede o espaço para que assim as crianças possam permanecer no orfanato e seguindo suas rotinas – esclareceu, com um suave sorriso nos lábios – Contudo pensei que seria de seu agrado visitar o orfanato antes de irmos para a festa – comentou, demonstrando um gesto de atenção para com sua esposa .

Aquela atenção surpreendeu Olívia, que não sabia o que esboçar, tão pouco proferir, seria lógico agradecer, mas não sabia se um obrigado seria o agradecimento mais adequado para com aquela atenção , optando desta forma pelo sonoro silencio , apenas fitando aquela figura relaxada, de um homem que a confundia com seus atos e com aquela mirada terna que gerava certo incomodo em seu interior, uma maldita mirada que somente aquele homem se fazia capaz de lhe lançar .

—Vamos? – indagou aquela voz masculina em um tom suave mas rouco, quebrando o silencio .

—Sim – respondeu prontamente, em um tom análogo a quem houvesse levado um susto ou no caso dela saído de um breve transe .

Castan não era habituada a gentilezas , por tal motivo assim que observou a mão de Lionel  alcançar a porta dele, prontamente fez o mesmo, descendo e ajeitando seu vestido amarrotado devido ao fato de estar sentada , enquanto caminhava com o olhar baixo até o lado oposto do automóvel .

Seus olhos logo alcançaram a figura de Lionel , a fitando com uma expressão serena com a qual não estava acostumada, mas estava se tornando parte dele naquele dia , as vezes uma súbita vontade de golpear aquele homem surgia, sim era algo irracional, mas a confusão que ele a fazia sentir era mais irracional que sua insana vontade , algo que se atribuía ao anseio de ordenar que seu marido parasse de ser tão inconstante ,  contudo preferiu manter aquele desejo apenas em seu interior e pensamentos .

Lentamente ela o acompanhou até o grande portão de ferro que cercava o local, logo encontrando a figura Lipazina de um homem que havia os recebido na vez anterior .

—José – chamou Lionel  roubando a atenção do homem , que prontamente se pôs  a caminhar em direção ao portão .

—Olá Lionel  – saudou em um tom alto, enquanto caminhava apressadamente.

—Não foi a festa? – indagou Olmo, enquanto o homem destrancava o portão e dava passagem para os visitantes.

—Alguém tinha que ficar de olho nas crianças – comentou com um sorriso nos lábios, cerrando novamente a entrada – Eles estão no pátio de trás – anunciou .

—Obrigado – agradeceu Lionel 

Prontamente ele fitou Olívia, a ordenando com o olhar para que o seguisse, por mais que quisesse agarrar aquela pequena mão da mulher ao seu lado para que melhor a guiasse, preferiu não fazer , pois um contato naquele momento tornaria a situação rara, pois jamais haviam praticado tais gestos de companheirismo ; preferindo assim demonstrar com o olhar algo que seu corpo ansiava por fazer.

Em passos nem tão ligeiros , nem lentos adentraram a construção principal, caminhando por um enorme corredor que dava vista a uma porta aberta de onde reverberavam vários gritos de crianças .

Assim que ambos chegaram próximos a porta , tiveram a maravilhosa visão de inúmeras crianças correndo , os meninos corriam atrás de uma bola, enquanto as meninas se dividiam em pular corda e arrumar suas bonecas.

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