21. SINCERIDADE

554 62 34
                                    




Manuseando cautelosamente o automóvel , como se necessitasse ter certeza do que estava prestes a fazer, pois necessitava que seu interior lhe gritasse que aquela era a melhor decisão, a correta , porém não teve essa resposta, pois enquanto estacionava habilmente , algo em seu interior o ordenava para sair dali, fugir , regressar por onde viera e fazer o que era correto, fazer o que seu coração lhe gritava em ordens que ansiavam ser cumpridas.

Levando lentamente sua mão até a chave, a virou, cessando o ruído quase imperceptível do motor, lentamente recostou seu corpo no banco de couro, levando seus olhos até aquela prédio, um lugar que havia estado a algumas noites atrás , a residência de Bella.

Era subitamente perturbador para ele não ter certeza do ato que estava prestes a cometer, necessitava de um singelo sinal, um sinal que suplicava a cada segundo, mas que não chegava ou se fazia visível a seus olhos ou algum outro sentido .

Levando as palmas abertas de suas mãos até seu rosto, passou sobre seus olhos, deslizando por suas madeixas até seu pescoço , em momentos como aquele se amaldiçoava por ter moral, princípios e escrúpulos, características que as vezes ansiava que não existissem, naqueles momento desejava ser o homem que sua mulher o acusava  ser.

Em um movimento impetuoso, ignorando aquela batalha interna, tirou a chave da ignição , abrindo a porta e a fechando, se pondo a caminhar em passos firmes até os cinco degraus que levava  ao interfone ao lado da porta de madeira .

Apressadamente subiu os degraus, mas assim que chegou no seu destino, se pôs a fitar o interfone, pois sabia que se levasse seu dedo até aquele pequeno botão seu destino estaria traçado para todo sempre, um destino onde sua esposa teria razão , ele ignoraria todos seus princípios e Bella o teria para sempre em suas mãos .

Cautelosamente levantou sua mão direta, direcionando seu dedo indicador até aquele pequeno botão na cor preta, ao lado do numero correspondente ao apartamento de Bella , lentamente aproximou seu dedo,  mas em um movimento impetuoso, a poucos milímetros de distancia cerrou sua mão, juntamente com suas pálpebras , sentindo por fim seu coração bater de maneira descompassada, voltou a fitar aquele interfone a sua frente.

—Esse não é você Lionel  – afirmou para si mesmo, fazendo sinal negativo com a cabeça.

Inspirando profundamente o ar, desceu rapidamente as escadas , em uma velocidade maior do que havia empregado para subir, adentrando apressadamente em seu automóvel e partindo, pois não queria que ninguém percebesse que ele estivera prestes a cair em tentação.

Dirigindo atentamente, enquanto seus pensamentos estavam dispersos, sentiu um alivio, assim que fitou pelo espelho retrovisor a distancia que estava daquele prédio, sentia um enorme alivio por não haver cometido um erro que se arrependeria por toda sua vida.

Seu destino era sem rumo, ao mesmo tempo que ansiava por regressar a sua residência, não queria, pois não a sentia assim, não sentia—se bem naquele lugar, não pela presença de Olívia, mas pela falta de vontade dela em vê—lo, pois era um suplicio estar  no mesmo lugar que aquela mulher, ouvir seus passos sobre o carpe de madeira que revestia o quarto, o som do chuveiro quando ela ia se banhar ou a voz suave ao se comunicar com a Olga, infelizmente ele ficava  atento a cada ruído que aquela mulher produzia , era uma obsessão, a sua obsessão, uma obsessão que inconscientemente o levou até o destino que não queria.

Perdido em seus pensamentos, somente se deu conta de onde estava quando prestou atenção e encontrou a sua frente aquele enorme portão de ferro na cor preta, portões que já se abriam para ele devido a presença dos seguranças.

Em uma velocidade mínima, quase parando, seguiu o caminho até a garagem, estacionando ao lado dos demais automóveis que aquela área guardava, sem pressa alguma virou a chave na ignição a tirando e envolvendo entre seus dedos, seus olhos caminharam até a porta que o  levaria para dentro daquela residência .

Eu aceito Você [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora