24. CONSEQUÊNCIAS

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Há momentos que se tornam paralelos aos olhos de um ser humano, momentos que parecem pertencer a outra dimensão paralela , onde o tempo entre esses dois lugares são distintos , pois em uma dimensão os segundos se tornam horas e na outra as horas se tornam segundos , complicado, difícil de acontecer , mas inexplicável ao se sentir .

Pois quando se vivencia momentos assim, seu corpo anseia que tudo se mova em frações de segundos, mas a percepção que se tem é que os movimentos ocorrem em soma de horas, contudo aos olhos de  um espectador, nada disso ocorre, o tempo apenas transcorre em seu ciclo normal .

Olívia Castan Olmo como uma personagem dessa contradição e mistura de tempos e dimensões , sentiu uma enorme agonia , quando seus olhos castanhos de maneira atenta observaram seu jovem marido cair de joelhos a sua frente ,  mas a milhares de metros de distancia, uma impotência tomou conta de seu pequeno corpo, que ansiava por correr desesperadamente a ele, uma agonia , com um misto de angustia e um forte e incontrolável temor, pois necessitava com todas suas forças que nada se passe com Lionel , inexplicavelmente , apenas sentindo, sabia que não queria que nada se passasse com ele, não suportaria, sem um porque ou mais, apenas não suportaria.

Correndo desesperadamente , com seus pés dando a falsa percepção de um trajeto maior que seu campo visão alcançava, sendo guiada pela súbita e incontrolável necessidade de sentir qualquer sinal vital daquele homem , o calor de sua pele ou o som de sua voz, mesmo que fosse para proferir um insulto , que naquele momento daria graças se ele o fizesse , comprovando que sua falta de sanidade estava intacta , demonstrando o quanto bem se encontrava.

Sentindo algo quente e molhado escapar de seus olhos , que deixavam sua visão turva , devido as lágrimas que se acumulavam , por fim alcançou seu objetivo, caindo de joelhos ao lado de Lionel , levando sua mão até a face serena do homem desacordado a sua frente.

—Lionel  – chamou em um tom rouco, mas desesperadamente .

Seu desesperou aumento o vendo completamente desacordado , instintivamente seus olhos correram até a região, quase um palmo de distancia, do ombro dele mais precisamente no tórax,  encontrando um grande ferimento que expelia sangue constantemente.

—A ambulância já está a caminho – anunciou Anton , com a expressão nervosa e guardado o aparelho telefônico em seu bolso – Necessitamos de algo para estancar o sangue – procurou , meio desnorteado, fitando ao seu redor .

Olívia pouco deu ouvidos a aquelas afirmações, apenas necessitava de qualquer sinal de consciência de seu marido, a mínima que fosse, mas capaz de sanar seu desespero .

—Lionel  – chamou ela novamente , chacoalhando o rosto dele – Por favor fala comigo – suplicou, com a voz rouca, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

—Olívia – chamou Anton , roubando rapidamente a atenção dela – Estanque o sangue com isso – ordenou lhe entregando um pano branco .

Prontamente ela pegou o pano, meio temerosa afastou o casaco de Lionel , podendo observar a gravidade do ferimento, algo que jamais havia visto antes, um ferimento circular, com um pequeno diâmetro, mas que expelia muito sangue , foi inevitável não expressar em sua face a dor e pena que sentiu ao ver o ferimento, como se temesse encostar e lastima—lo mais.

Lentamente, meio receosa, temendo fazer algo errado ou machuca—lo , encostou o pano sobre o ferimento , estancando o sangue com sua pequena mão, repentinamente pode ouvir um grunhido , algo nada sonoro, mas perceptível a seus ouvidos pelo simples fato de estar próxima a origem emissora daquele som, um som que roubou toda sua atenção, a levando a uma dimensão onde as pessoas ao redor não existiam, apenas Lionel  existia naquele instante , toda sua atenção era dele.

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