Dexter: A vida não tem que ser perfeita... Só têm que ser vivida.(Dexter)
Quando eu cheguei àquela cidade e a primeira coisa que vi foi um gato, eu deveria saber. Naquele momento ao descer na estação de trem e não avisar ninguém além daquele pequeno ser laranja me olhando como se estivesse apenas me esperando, ou melhor, como se eu estivesse atrasado para o nosso encontro, eu tinha que ter entendido que aquela seria bem mais que uma simples viagem de feriado. Havia muito tempo que ninguém me lançava um olhar como aquele, e, ainda que fosse apenas um gato, não tive como não me lembrar de como era quando minha vida ainda tinha raízes.
Agora, depois de mais de seis meses sem nada me prendendo, sem compromisso com ninguém, eu já tinha até esquecido como era ter que dar explicações, ter que avisar sobre meus horários, ter que viver constantemente, com a sensação de que devia satisfações à alguém. Eu também já havia quase me esquecido de como era ter alguém sempre me esperando, de como era bom, ter alguém me esperando. Talvez por isso aquele gato tenha chamado tanta minha atenção.
Olhei para os lados, procurando um possível dono, alguém que estivesse com ele, pois parecia um gato bem cuidado. Mas a estação estava completamente deserta, como se fizesse parte de uma cidade fantasma. Me aproximei então com cuidado, e, estendi minha mão na altura de sua cabeça, já tinha vários anos que eu havia aprendido - da pior forma possível- que gato gostam de fazer o primeiro movimento. Depois de muitos arranhões entendi que eles não são como os cachorros que já nascem carentes, não, os gatos estudam a pessoa antes, para ver se ela é merecedora de atenção.
Mas o fato é que aquele gato, por alguma razão me considerou digno, após dar uma leve farejada nos meus dedos, começou a se esfregar na minha mão, e assim que eu acariciei o seu pelo. Passou a ronronar furiosamente, subitamente me lembrei da Nina a gatinha da Shion. Tinha tempos que eu não pensava nela... Na gata, pois a imagem da minha ex-namorada voltava com regularidade a minha mente, eu já tinha me acostumado com aquilo.
Dei um suspiro cocei a cabeça do gatinho uma última vez, então fui em direção as escadas que levavam à saída, eu não havia dado dois passos, quando percebi que ele estava me seguindo.
- Ei você não pode vir comigo - falei me virando para o gato. - Volte para sua casa, seus donos devem estar preocupados! - ele ficou me olhando totalmente indiferente com as minhas palavras, de repente me toquei. Claro que ele não tinha me entendido, mesmo que soubesse a linguagem dos humanos, aquele gato era japonês, não entenderiam o meu português, repetir tudo em japonês, mas aquilo só serviu para que chegasse mais perto, e passasse a esfregar também nas minhas pernas.
Neguei com a cabeça sem saber o que fazer, então resolvi parar de dar atenção para ele, se quisesse me seguir, tudo bem! Uma hora ele cansaria. Peguei o celular e digitei no GPS o endereço de onde eu ficaria hospedado, eu já tinha pesquisado antes, e sabia, que lugar ficava poucos quarteirões dali, mas precisava saber o caminho exato a seguir, vi que era até perto do que eu pensava, começei a caminhar segundo a direção que o dispositivo apontava.
Enquanto andava, fui observando aquele novo cenário, acabei me lembrando do pequeno apartamento, que aluguei nas minhas primeiras semana em Tóquio. Poucos dias foram suficientes para saber, que eu não conseguiria dividir o espaço com o Menma, conforme o meu plano inicial. Meu irmão já nasceu bagunceiro, mas minha mãe de alguma forma - na base do chinelo - conseguia manter o controle da situação, fazendo com que ele pelo menos arrumasse o básico, e não deixasse o chiqueiro do quarto dele, invadir o resto da casa.
Mas agora, ali, como ele é o dono do apartamento inteiro, e sem a minha mãe para dar bronca, era até difícil enxergar o chão do local, todo dominado por roupas amarrotadas, partituras e instrumentos musicais, e isso, sem falar na cozinha, apesar da máquina de lavar louça praticamente fazer o trabalho sozinha, a pia estava constantemente cheia de pratos, talheres e garfos usados, cheguei a pensar que o Menma, não soubesse que para a máquina funcionar, ele antes precisava colocar a louça suja lá dentro.
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𝑴𝒆𝒖 𝑫𝒂𝒓𝒍𝒊𝒏𝒈 (𝐍𝐇)
RomanceApós um traumático término de namoro, Naruto e Shion seguem seus caminhos separadamente. Naruto quer esquecer tudo que passou e viaja para Tokyo, onde encontra os irmãos. Mas algumas lembranças são difíceis de apagar, mesmo achando que não teria ma...