Alicia Narrando
Peguei as coisas que o Moreno trouxe e voltei para o quarto aonde a Ana Clara estava, estava terminando de fazer o curativo dela quando escutei um barulho, sabe quando tá maior silêncio e do nada um barulho faz tua alma sair pra fora do corpo... Pois é tomei maior sustão, virei e vi o Bruno falando com uma espécie de rádio
Radinho: Terror tem carga nova pra tu conferir
Terror: Fala tu MT, Coé a parada
Radinho: Coca e umas peça aí que tu pediu
Terror: jaé, tô ligado, segura aí que eu vou dá um jeito aqui no meu braço - falou olhando pra mim - e já encosto
Falou colocando o radinho na estante onde ficava a televisão e caminhando até onde nós estávamos
Terror: Boneca de satanás - falou com a Ana Clara - Moreno quer trocar uma ideia com tu
Alicia: Ela tem que ficar de repouso!
Falei cruzando os braços
Terror: Mermã eu tô falando com ela, se ela não quiser ir é problema dela. Porra metida! Bora faz teu trampo aí, que eu tenho que fazer o meu também
Alicia: É o seguinte aliado - incorporei nas gírias dele, que me olhou - eu tô aqui prestando um favor, e eu não sou tuas puta que aguenta abuso teu não. Então presta bem atenção aí, que eu posso muito bem fazer procedimento errado e te matar.
Terror: fia tu tá me ameaçando dentro da minha favela, é isso?
Alicia: entenda como um aviso. - enfiei a pinça no braço dele a procura da bala e ele me olhou feio - ACHEI!
Falei retirando o projétil, Bruno me olhava feio pela forma bruta que eu optei em fazer, mas não apresentava nenhuma expressão de dor. Terminei de fazer todo o curativo e fui passar as recomendações, mesmo sabendo que ele não ia seguir.
Alicia: Nada de fazer esforço durante as primeiras semanas, nada de consumir drogas ou álcool durante dois a três meses e tomar esses dois medicamentos que tão escritos ai - apontei pro papel em cima da cama - fazer apenas refeições leves e beber bastante água.
Terror: Mermã, meu escudo é Deus!
Falou e saiu, depois uma desgraça dessa morre e a culpa é da gente que não é uma boa enfermeira. Organizei minhas coisas, separei o que precisava ser higienizado, joguei fora algodão usado e etc... Resolvi descer pra procurar uma pia na parte externa da casa pra limpar pinça e outras coisas, fiz a higienizado das coisas e do lugar, guardei na maletinha e lembrei que não poderia ir embora sem a Ana Clara, sentei em uma poltrona na parte externa da casa mesmo, olhando pra piscina eu peguei no sono... Acordei com alguém puxando meu cabelo
Alicia: AI CARALHO
Terror: Fia tu tem uma boca suja ein, teu carro tá na entrada do morro é? Bo que eu tô generoso e levo tu
Alicia: Eu só saio daqui com a Ana Clara.
Terror: Então eu vou ter que adotar tu. Ana Clara do jeito que tá ali, acorda só amanhã e olhe lá se Iemanjá num quiser a oferenda de volta.
Cruzei os braços e fingi não ouvir
Terror: vou mandar um vapor encostar com roupa aí pra tu, tô ligado que tu trampou a noite e a madrugada todinha... Toma banho e dorme por aí, que eu tô indo fazer minhas parada
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TIPO ESCOBAR - MORRO
Non-Fiction"Passo na favela, onde eu cresci Brota criançada que a favela merece sorrir Churras pra criança, Whisky pra nóis" Ele crescido no tráfico, treinado para matar. Ela batalhando desde sempre para ter uma boa vida. Ambos tem em comum, o temperamento for...