Alicia NarrandoAlicia: Você quer, por favor, me falar o que tá acontecendo?
Terror: Te mando o papo, Xavier ta pronto pra derrubar meu imperio, esse ataque no porto não foi o primeiro e ta longe para caralho de ser o ultimo. Meu ponto fraco é tu e meus filhos, ele quer a minha familia e isso, papo reto, ele nunca vai ter! Tu vai ter que me ajudar, em Angra tu não vai ter contato com ninguém, não posso correr o risco de te perder.
Alicia: E meus filhos Bruno?
Terror: TH tirou eles do Brasil - Meu corpo inteiro gelou - por questão de segurança, ele não falou pra ninguém onde eles foram.
Alicia: O QUE?
Terror: Tu vai ficar nessa goma - Falou quando estacionou o carro na garagem da casa - TH mandou o papo que ela era do teu avô, aqui tu não vai ter contato com ninguém, não adianta falar com os menó, eles tem ordem pra ficar longe de tu, aqui o trabalho deles é te proteger.
Alicia: Eu vou ficar aqui, sozinha, longe de tudo e de todos? Você é louco?
Ele não respondeu mais nada, desci do carro e olhei tudo ao meu redor, como a vida é uma loucura. Em menos de um ano atrás minha correria era no hospital, noites e noites em claro estudando e correndo atrás dos meus sonhos, hoje eu tô aqui com a corda no pescoço, envolvida até a cabeça.
Terror: Aí - o encarei e ele começou a falar - Te passar a visão, não sei quando vou conseguir sair de lá e brotar aqui. Se eu perder essa guerra, eu tô fudido, porque eu perco tudo. Aqui tem tudo que tu precisa
O interrompi
Alicia: Não Terror, Não tem. A única coisa que eu preciso é a minha família! Porque você me trouxe pra cá? Eu posso ajudar, eu sei atirar, eu entendo como funciona invasão, eu conheço o morro...
Terror: coé Alicia. Ta doida? Tu não pode! Eles sabem que tu é meu ponto fraco, se eu te perder, eu fico sem a minha mulher, sem a mãe dos meus filhos, sem a minha base. Então eu vou te pedir pela última vez - falou um pouco alterado - entra na porra dessa casa e não sai e nem fala com ninguém!
Suspirei e entrei sem olhar para trás, não demorou muito para eu ouvir ele acelerando o carro e indo embora. A casa era grande e muito bonita, as janelas não poderiam ser abertas, mas por pequenos espaços eu via o quão bela era a vista. Fui até o quarto e explorei cada lugar, guardei minhas coisas, mudei alguns móveis de lugar, vaguei pelos outros cômodos e pensei o quanto minha vida seria entediante daqui pra frente
Alicia: Que nossa senhora proteja meus filhos, onde quer que eles estejam!
Falei baixinho e senti uma lágrima escorrer pesadamente pelo meu rosto, limpei o rosto e respirei fundo, mais uma vez eu teria que ser forte. A porta que dava acesso para a piscina estava trancada, e ao lado da mesma tinha uma escada, fiquei pensando se arriscaria descer ou não, medo de cenas como as de filmes de terror, mas a curiosidade falou mais alto e fui até lá.
A escada levava até uma biblioteca, de infinito livros, andando pela mesma encontro uma porta e ao abri-la o sorriso do meu rosto foi totalmente involuntárioAlicia: Até que esse labirinto que chamam de casa, tem umas coisas interessantes
Falei ao segurar uma M16. Minha curiosidade me levou até uma sala de armas com direito a estande de tiro, seria aqui que eu passaria minhas horas de diversão. Organizei algumas coisas e resolvi dar uma faxina na sala empoeirada, limpei o suor da testa e sentei no chão após longas horas de limpeza, a madrugada já havia chegado, voltei pro quarto tomei um banho e apaguei ao cair na cama.
Acordei com raios de sol "tocando" a pele do meu rosto, com o silêncio era possível ouvir o barulho das ondas do mar, tomei um banho, coloquei uma roupa de praticar esporte e desci para comer alguma coisa, me surpreendi com a quantidade de coisas para o café da manhã, organizei a mesa e foi uma deprê intensa tomar café sozinha, sem a risadas e os abraços calorosos dos meus filhos. Limpei toda a sujeira, lavei os pratos e dei uma limpada na cozinha, desci até onde seria meu refúgio e disparei várias vezes contra o alvo tentando amenizar minha tristeza.
Durante todos esses anos, eu não me permiti ser dominada pelos sentimentos, sempre tentei me manter longe de qualquer emoção. Mas com a minha vida virando totalmente de cabeça para baixo as coisas mudaram, eu não sou mais a mesma e meus sentimentos não são mais os mesmos. Larguei a arma de canto e me permiti chorar, deixei minhas emoções me dominarem, o turbilhão de sentimentos estava me fazendo explodir, naquele momento eu talvez nem entendesse o motivo verdadeiro daquelas lágrimas, mas eu sabia que também não poderia me entregar por inteiro, meus filhos precisam que eu esteja bem e eu vou me manter forte, por eles.
...
Passaram-se três semanas desde que eu cheguei aqui, não tive contato com ninguém, nem se quer consegui ver quem são os vapores que fazem a vigia da casa, já estou enlouquecendo, as vezes penso em conversar sozinha, mas o silêncio respondendo as minhas perguntas chega a ser irritante, todas as tardes vou até o estande depositar meu tédio em alguns disparos, pelo menos aqui consigo assistir Netflix e é somente isso que me resta além de limpar a casa. Levantei da cama e caminhei em passos preguiçosos até o banheiro, tomei um banho relaxante, vesti uma roupa confortável e desci para tomar meu café. Minha cara foi ao chão ao vê um buquê de rosas com uma carta em cima da mesa
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TIPO ESCOBAR - MORRO
Non-Fiction"Passo na favela, onde eu cresci Brota criançada que a favela merece sorrir Churras pra criança, Whisky pra nóis" Ele crescido no tráfico, treinado para matar. Ela batalhando desde sempre para ter uma boa vida. Ambos tem em comum, o temperamento for...