🚨Capítulo com conteúdo sensível.
Alicia Narrando
Terror saiu, peguei a Jade no colo e decidir ir no mercadinho comprar coisas básicas para minha sobrevivência e a dela. Passei pelo portão e andei algumas ruas quando ouvi os fogos serem lançados e os tiros seguirem em todas as direções. Senti alguém me abraçar, olhei e vi que era o formiga bastante atordoado
Formiga: Patroa, vou dar um jeito de tirar vocês daqui. Melhor correr para a boca principal, os muleque vão descer pra lá e fazer a segurança
Ouvi ele murmurar algumas coisas no radinho e o Bruno ordenar a ida para a principal. Foi tudo muito rápido, eu abracei a Jade e corri com ela no colo, enquanto o formiga fazia nossa segurança. Eu ouvi os tiros se aproximarem, eu estava desarmada. Eu vi o formiga cair bem na minha frente, e orei pra Deus poupar minha vida e a da minha filha, mas não foi o que aconteceu. Eu senti minha blusa molhar, e gritei quando percebi que o sangue não era meu. Eu vi o PM cair aos meus pés, e ouvi o grito abafado dele chegando ao meu lado. O fruto do nosso amor estava ali, sem vida, no meu colo. Aquela que me deu coragem, me deu liberdade, me fez conhecer o amor, já não existia mais. Aquela que iluminou meus dias, me fez ser uma pessoa melhor, tinha acabado de me deixar. Aquela que era toda a minha vida, sem culpa, perdeu a sua.
Eu não ligava mais para a guerra que acontecia ao nosso redor, eu só queria ela de volta. Me ajoelhei naquele beco e apoiei seu pequeno corpo nas minhas pernas, as lágrimas escorriam pelo meu rosto incansavelmente, eu não conseguia me expressar, eu apenas gritava como se toda dor que estivesse presa em mim, quisesse ser liberta através dos gritos.
Eu tentava reanimar e tê-la de volta, mas a palidez de seu rosto indicava sua partida. Eu orava alto e pedia que ela voltasse pra mim. Aquela bala não me atingiu fisicamente, mas levou a minha vida embora.
Eu tentava fazer algo, o Bruno gritava no radinho, eu via as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. E eu me culpava, por não conseguir protegê-la. Eu ouvi os fogos indicarem o fim da guerra, e vi ele cair de joelhos do meu lado. Nessa guerra nós perdemos o nosso melhor. Perdemos uma extensão do nosso amor. Eu perdi minha vontade de viver. Eu senti ele me abraçar, eu não conseguia reagir. Eu queria apenas ela. Minha Jade, minha estrela cadente.Terror: me desculpa... me desculpa por não protegê-la... me desculpa por deixar isso acontecer. Nós perdemos Alicia... nós perdemos ela.
Eu ouvi passos e senti alguém parar bem do meu lado, era o NC. A sua expressão era vaga, eu via seus olhos marejados, mas ele estava parado sem esboçar nenhuma reação.
Do que adiantou toda essa guerra? Se minha filha estava sem vida no meu colo. Todo o luxo, carros e bolsas caras não trarão ela de volta. Eu vi o Bruno levantar e abraçar o NC, o silêncio predominava entre nós, só era possível ouvir suspiros.
A angústia pairava sobre o meu corpo, eu não conseguia aceitar o fato de não ter mais ela. De não poder ter a oportunidade de vê-la crescer. Eu vi que mesmo após a respiração já não existir, ela não soltou a minha mão. Sequei as lágrimas, nunca vou aceitar que tudo nessa vida tem fim. Difícil vai ser olhar e dizer para as pessoas que perguntarem por ela. Por meses foram apenas ela e eu, e nossa vida agitada. Uma vida tão inocente, que foi tirada em meio a violência. Eu não consegui soltar a mão dela, fiquei lá em meio ao céu nublado, senti a chuva molhar o chão, o céu sentia a dor de sua partida.
A Jade foi uma estrela cadente na nossa vida, iluminou nosso dias, me trouxe a beleza da vida. Ela salvou minha vida e eu não consegui salvar a sua. Ela não foi planejada, mas era a realização do meu sonho. Eu questionava os propósitos de Deus e perguntava porque aquilo estava acontecendo comigo. Porque com ela?
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TIPO ESCOBAR - MORRO
Non-Fiction"Passo na favela, onde eu cresci Brota criançada que a favela merece sorrir Churras pra criança, Whisky pra nóis" Ele crescido no tráfico, treinado para matar. Ela batalhando desde sempre para ter uma boa vida. Ambos tem em comum, o temperamento for...