9. Flashback - 10 de Janeiro

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Rafaella Kalimann.

Depois do meu desentendimento com Bianca, na questão de ter outro filho. Decidi que aquilo tudo estava me esgotando, eu precisava desabafar com alguém. Então chamei Manoela, ela é a melhor pessoa pra me ajudar nessa questão.

Manu é a pessoa que eu sempre corro atrás quando mais preciso, óbvio que em relação ao meu casamento. Porque de resto eu sei que eu tenho uma mulher maravilhosa que sempre me espera em casa. Uma mulher que é mãe dos meus filhos, minha esposa, minha eterna namorada. E ela é quem eu corro quando estou mal.

Mas agora é diferente, a questão é sobre nós e eu não posso reclamar isso com ela. Então Manu sempre me ajuda na questão do meu casamento.

[...]

M: Mas me fale Rafa, o que rolou com vocês? - Manoela perguntou.

- Semana passada, a Bianca veio com uma história de que quer mais um filho. - Disse, enquanto brincava com meus próprios dedos.

M: É o que tem de mal vocês terem mais um neném Rabia?

- Tudo, é péssimo Manoela. A gente não dá conta da Alice e do Enzo. Imagine de mais um bebê. - Falei como se fosse a coisa mais absurda do mundo, o que realmente era.

M: Não fale assim Rafa, você sabe que essa decisão vem das duas, certo?

- Eu sei Manu, mas como teremos mais um filho? É algo absurdo.

M: Não é o fim do mundo Rafaella.

- Eu te chamei para me ajudar, não pra defender a idéia da Bianca.

M: Não estou defendendo ninguém, só não gosto de ficar apenas de um lado.

- Ok, desculpe pela ignorância. - Baixei a cabeça.

M: Me fale mais sobre esse impedimento.

- Como já disse, não dá pra criar mais uma criança. Sem dizer que a Bianca parece uma, porque não pensa com a cabeça.

M: Não fale assim Rafa.

- Mas é algo óbvio, ela não pensa. Porque se tivesse juízo saberia que ter filho não é comprar uma boneca. Não é deixar eles com babá. Se ela quer engravidar, então ela que cuide da criança. Porque filho meu não será!

B: Eu achei que estávamos juntas nisso tudo! - Paralisei.

Bianca estava o tempo todo ali? Mais como?

E foi ali, ouvindo sua voz chorosa que eu percebi o que saiu da minha maldita boca.

- Bia, não é desse jeito. Você entendeu errado. - Me levantei do sofá e me aproximei.

B: Eu entendi muito bem. - Deu um passo para trás. - Manu, com todo respeito. Você poderia deixar eu e a Rafa conversar a sós?

M: Claro Bia, eu vou indo pra casa que Mari tá me esperando. Boa sorte meninas. - Apenas sorri fraco, observando Manoela sair de casa.

B: Eu não tenho juízo né Rafaella?

- Não é isso....

B: Foi o que saiu da sua boca, eu não tenho a porra de juízo né Rafaella! - Gritou, apontando o dedo na minha cara.

- Não, você não tem! - Falei no mesmo tom. - Porque se tivesse, saberia que essa ideia de filho é absurda.

B: Eu sempre te apoiei Rafaella, eu sempre fiz tudo pra você. Quando quis ter filho eu engravidei. E agora, cá estou eu. - Apontou para si mesma. - Igual uma idiota, implorando para minha mulher que eu quero mais um filho. Mas como você disse, eu não tenho juízo.

- Bianca, não fale assim. - Supliquei.

B: Eu achei Rafa, eu juro que achei que estaríamos juntas nisso. - Secou suas lágrimas. - Mais como você disse, eu vou engravidar sozinha. Eu vou ser mãe sozinha, porque você não quer.

Seus soluços eram cada vez mais altos. Aquilo estava partindo meu coração.

- Você sabe que eu só queria ter dois filhos Bianca.

B: E eu queria tudo com você Rafaella, queria uma família enorme. Queria ver várias miniaturas sua correndo pela casa. - Falou olhando ao seu redor. - Mais parece que esse sonho é apenas meu.

- Mais um filho não vai mudar, temos a Alice e o Enzo Bianca. Pra que mais?

B: Porque eu estava grávida Rafaella.

Eu simplesmente travei.

EU estava grávida Rafaella.

EU estava grávida Rafaella.

EU estava grávida Rafaella.

EU estava grávida Rafaella.

EU estava grávida Rafaella.

EU estava grávida Rafaella.

- Como? Grávida?

B: É Rafaella, você não lembra, mas eu me recordo muito bem. Ano passado você me disse que queria mais um filho. Que talvez eu não iria querer lhe dar um. Você estava bêbada naquele dia. - Suspirou. - E aí eu decidi que iria lhe fazer uma surpresa. Eu fui ao médico, fiz tudo certinho. Inseminação etc. E eu ia te contar, mas aí você me disse que não queria. E na hora que eu saí de casa, eu.... eu passei mal. - Falou chorando. - Eu simplesmente não lembro de nada, só quando eu já estava no hospital e o médico disse que eu perdi meu bebê. Eu.... eu perdi ele. - Disse caindo sentada no chão.

Eu não tinha reação.

- Porque não me contou?

B: Porque você recusou que eu engravidasse.

- Mas eu iria aceitar se soubesse que você estava grávida, e olha a merda que você fez! - Gritei. - Você perdeu meu filho, por petulância. Por infantilidade, não quis falar comigo e agora ele... ele morreu Bianca!

B: Desculpa. - Ela sussurrou baixinho. - Me desculpa, me desculpa.

- Eu nem sei o que dizer, porra Bianca. Porque fez isso escondido de mim? Porque não me falou nada?

B: Porque eu não queria te preocupar! - Gritou.

- Chega, você só pensa em você, Bianca. Faz tudo sozinha e depois sobra tudo pra mim, porra Bianca você é irresponsável. Eu nem sei como eu te amo, e quer saber eu não te amo!

B: Acho que nem eu te amo mais. - Bianca disse, e se levantou do chão saindo da sala.

Se eu soubesse que falar tudo isso causaria maus bocados no nosso casamento, eu nunca teria dito.

Um Namoro Quase PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora