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[ esse capítulo contêm cenas de racismo, se esse assunto é um gatilho para você  preze por sua saúde mental acima de tudo, fiquem bem <3 ]

— Ju olha bem pra mim — ele segura minhas mãos e olho nos seus olhos ainda respirando fundo para não explodir de raiva — lembra quando conversamos que é normal sentir atração por outras pessoas, mesmo namorando, que existem várias pessoas lindas no mundo além de nós dois?

— Sim... — aperto mais as mãos dele como um pedido para que ele pare com esse assunto nesse momento antes que a merda fique irreversível.

— E concordamos que namorar não é parar de sentir essa atração ou achar outras pessoas bonitas e sim escolher estar só com uma pessoa por muito mais que só sexo, mas pela rotina, pelo cotidiano, por ficar juntos o tempo todo...

— Aham — não acredito que ele vai terminar comigo na minha sala de estar, com minha mãe na cozinha, no dia de Natal.

— Então...

— Tá terminando comigo Eduardo? Porque eu não aceito isso. Não fiz nada de errado, a culpa não é minha se minha família é doida, não vai terminar comigo não.

— Claro que não Ju, como pode ser tão inteligente e tão sonsa?

— Olha aqui Eduardo...

— Vou acabar de falar antes que você exploda tá. Eu poderia me sentir atraído pela sua prima, o que eu não sinto, na real, e mesmo assim escolheria você todos os dias e em todas as oportunidades. Porque eu não estou namorando com você só baseado em atração e sim porque é uma pessoa incrível, inteligente, sensível, que vê os filmes que eu gosto comigo mesmo sem entender nada, que não me julga, que me manda meme quando eu to mal, me liga toda noite pra falar que me ama, me leva bolo quando estou passando mal, porque ficou do meu lado quando briguei com meus amigos na faculdade e me ajuda a pesquisar assuntos que você nem tem interesse nenhum pra fazer trabalho. Enfim, são muitas coisas, o importante é que você está do meu lado sempre e eu te amo, por isso e por outros motivos. Nunca precisa deixar suas inseguranças falarem mais alto, só tenho olhos para você, e mais ninguém.

— Já são duas vezes hoje que você faz declarações lindas pra mim e eu não sei o que responder, queria ter essa facilidade com as palavras — falo depois de sentir todo meu corpo liberar a tensão acumulada e meu coração começar a bater mais devagar.

— Não precisa fazer declarações lindas, só ficar do meu lado já é suficiente pra mim. É mais que suficiente — abraço Eduardo e respiro fundo, sentindo o cheiro de seu perfume que ainda não saiu de seu corpo, meus ombros relaxam e parece que uma mala de dez quilos sai de cima das minhas costas.

— Juliana vem aqui por favor — a voz de minha mãe me tira do meu momento de calma e me assustada, fazendo meu coração bater mais forte novamente e meu corpo reclamar que não aguenta mais esse tanto de emoção.

— Porque eu sinto que vou levar uma bronca? — brinco com Dudu enquanto me levanto.

— Vou estar aqui mandando boas energias.

— Não preciso de boas energias e sim de um escudo — ele ri e faz um gesto com a mão me encorajando a ir para a cozinha. Ando lentamente orando para que a briga não seja enorme, e que não seja humilhante. E que se for, que Dudu entenda.

— Oi mãe.

— Você e o Eduardo vão ficar aqui a noite toda? — me pergunta sem olhar para mim, lavando alguns copos que estavam espalhados pela casa.

— Que? Não — respondo rapidamente para ela não pensar por um segundo que esse era meu plano, embora eu queria que fosse.

— Tá, depois sobe lá pra festa, pessoal nem comeu as sobremesas ainda.

Então é NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora