09:03

111 28 15
                                    

Saio de casa e vou de encontra a Dudu e o abraço por trás. Ele segura meus braços e começa a andar em direção à porta.

— Tá esperando que o Papai Noel te dê alguma coisa?

— Já tenho tudo o que eu queria aqui — me responde e eu reviro os olhos tão fortemente que fico feliz por ele não conseguir ver minha expressão.

— Machado de Assis ficaria impressionado com seus versos.

— Se não for pra exaltar minha rainha pra que eu vim?

— Achei que esse tipo de homem só existia em filmes — continuamos andando pela rua dessa forma até estarmos perto da casa, já ouvindo todo o falatório.

— Achou um Chandler no meio de tantos Ross. — considerando que Chandler também tem bastante defeitos, e que qualquer um pode ser melhor que o Ross, mas fico calada.

— Mas eu queria mesmo era achar um Chris.

— Chris?

— Christian Grey — tento manter a feição séria enquanto ele ri alto, mas não consigo quando ele me pega no colo e volta a andar.

— Relaxa, não to te levando pro quarto vermelho da dor, só pra casa da sua vó — ele continua subindo a rua em direção ao barulho — quero ver os presentes que você ganhou — eu suspiro alto e tento controlar minhas preocupações — não pareça tão decepcionada.

— Tenho certeza que ganhei muitos presentes inapropriados e com mensagens subliminares.

— Mas você é Juliana, minha namorada, ou o presidente dos Estados Unidos que precisa receber tudo em código?

— Não to gostando dessas suas piadinhas hem.

— Uma menina linda dessas e não gosta das minhas piadinhas? Ah, para né.

— Eduardo, quando vai me por no chão?

— Vou entrar na casa da sua vó com você no colo e falar que casamos pela internet.

— Você não ousaria.

— Você não sabe o que eu ousaria.

— Acho que sei muito bem, não quer continuar essa conversa no quarto? — dou um tapa na bunda dele e o garoto leva um susto que até engasga com a própria saliva.

— Não, Juliana, não quero continuar essa conversa no seu quarto onde sua mãe e duas tias estão dormindo no chão.

— É, talvez hoje não seja o melhor dia né.

Ele me coloca no chão quando chegamos na porta da casa da minha vó e eu respiro fundo ao ouvir gritos vindos da cozinha, é impossível ter um segundo de silêncio nesse lugar. Subimos as escadas rapidamente para não nos pararem, mas o plano não dá certo pois o terraço está cheio de pessoas.

Fazendo churrasco.

Eles devem ter uma árvore mágica de carne pois é inconcebível que essa churrasqueira esteja ligada até agora.

— Pão de alho?

— Oito da manhã? Não, né. — respondo e mantenho minha poker face para não demonstrar nojo a alguns tios dormindo no chão sujo de comida.

— Que oito da manhã o que menina, tá doida? Quase dez horas já. Na hora de almoçar.

— Almoçar? Eu nem tomei café.

— A culpa não é minha se você acorda tarde.

— Olha aqui tio...

— Parem com isso, ela não quer comer alho e beijar o namorado — minha tia interfere e deixa a mão por muitos segundos no ombro de Dudu.

Então é NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora