14:02

146 25 16
                                    

— Juliana, onde você acha que você vai? — minha irmã me pergunta e eu quero me jogar no chão e me fingir de morta.

— Para a casa do Eduardo, Jordanna — respondo, pegando minha mochila já pronta no chão e jogando algumas coisas aleatórias dentro.

— Achei que você já tivesse ido lá ontem.

— Não sabia que só podia ir na casa do meu namorado uma vez.

— Você não quer passar tempo com a família mais, fica o tempo todo colada nele, sabe que isso não é saudável né?

— Ai, Jo, para com isso! Isso não é verdade, nem um pouco.

— Você nem fica mais comigo.

— Para de ser dramática, a gente ainda passa a maior parte dos dias juntas. Você é muito ciumenta, não queria ser seu marido, euen.

— É estranho ver você sair de casa assim, gosto quando você tá pertinho, como isso pode ser ruim?

— Eu só vou sair por, sei lá, três horas. Se eu ficar em casa a gente nem iria se ver, você ia ficar com seus filhos e eu aqui deitada. Por favor, por favor, Jordanna, eu preciso descansar. Eu quero muito, muito, dormir.

— Dorme aqui.

— Tá de brincadeira com a minha cara né?

— Tá, vai lá com ele, mas saiba que é feio essas meninas que trocam a família pelo namorado — ela me dá as costas e começa a ir embora pelo corredor.

— Vou fingir que você não disse isso, porque eu sei que é só ciúmes.

— O que fizer você se sentir melhor — não olha para trás para me responder, mas eu sei no fundo do meu coração que é só ciúmes. 

— Eu não to te mantendo longe da sua família, né? — Dudu olha para mim com a expressão preocupada, parecendo o Bambi. 

— Não, a Jo é só muito ciumenta. Muito. Naquele nível doentio.

— Se quiser ficar aqui mais um pouco...

— Não, eu quero ir embora o mais rápido possível. Alias, vamos agora.

Saímos do quarto e damos de cara com meu irmão na porta do quarto dele e uma correria na cozinha e na garagem.

— O que foi agora?

— A vó tá passando mal, pessoal vai levar ela no hospital.

— Que? O que ela tem? — pergunto, largando a mão de Dudu e a colocando no rosto, começo a andar para a cozinha e sinto meu irmão me puxando para trás.

— Provavelmente é gases.

— ATAQUE CARDIACO? — grito de volta, e ele começa a rir da minha cara.

— Juliana, pelo amor de Deus.

— Não posso ir embora agora, as crianças, com quem elas vão ficar? Tá todo mundo saindo... — vejo minhas irmãs e tias todas entrando em seus carros, imagino a confusão que vão causar no hospital, tenho dó das enfermeiras que não tem nada a ver com isso. 

— Vai sair sim, eu não te aguento mais te ver nessa casa. Você tá parecendo a Noiva cadáver e isso NÃO é um elogio, vai embora daqui pelo amor de Jesus — meu irmão coloca as mãos no meu ombro e começa a me empurrar para a cozinha. Todos os carros já estão saindo correndo, e eu tenho vontade de correr a pé mesmo atrás deles. 

— Sua família me confunde — Dudu fala no meu ouvido, enquanto acompanha meu irmão me levando para o portão. 

— Jão, você e esse tanto de criança sozinho...

Então é NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora