20:00

221 42 120
                                        

Quando chegamos na casa de Dudu estou morrendo de vergonha de ter que pedir para lavar os pés e pegar um chinelo dele emprestado. O vestido não ficou muito sujo, e nem eu me machuquei quando cai, apenas tive que fazer o resto do caminho descalça e um pouco desconfortável. Assim que abrimos o portão e entramos André, pai de Dudu, abre a porta para nos receber. Os olhos dele vão diretamente para meus sapatos na mão do filho dele e ele ri um pouco, abrindo os braços para me abraçar.

— Temos uma emergência fashion aqui?

— Por favor, perdoe meu pai, minha mãe viciou ele em programas de moda a muitos anos atrás, quando ninguém via home&health e os programas eram...

— Esquadrão da moda — eu respondo e rio um pouco olhando para André em sua roupa e sapato social, parado com os braços abertos na sala de sua casa — eu sempre assistia com minha mãe.

— Amor, pegue as alianças, Eduardo achou a mulher perfeita!

Rio nervosa e olho para Dudu que está ficando mais vermelho que os morangos em minha torta. Seguro a mão dele para o acalmar, é só uma brincadeira. Claro que meu coração também pula algumas batidas, principalmente porque nós não estamos juntos nem a 6 meses e eu só tenho 19 anos e terminei meu namoro anterior justamente porque estava ficando sério demais... Mas eles não sabem disso, não tem como saber.

É só uma brincadeira.

Sorria e acene.

— Perdoe meu marido, o que aconteceu? — Lavínia aparece no topo da escada com uma saia prateada elegante e uma blusa preta de tecido fino, sorrindo, parecendo um anjo na Terra.

— Meu salto quebrou.

— Ah, querida. Já me aconteceu uma vez, foi simplesmente horrível. Vou te emprestar um sapato, vem aqui.

— Se eu puder lavar o pé antes...

— Naturalmente.

Ando com ela até a suíte onde ela dorme com André e ela me aponta o banheiro. Entrei ali poucas vezes, normalmente Eduardo mantém a privacidade dos pais e só ficamos no quarto dele ou na sala, mas algumas vezes viemos para o quarto por outros motivos.

Tento controlar meu coração que está batendo rápido de vergonha pois sei que se minha circulação aumentar muito vou ficar tão vermelha quanto Edu e tudo que quero é parecer madura e elegante.

Puxo meu vestido para cima e lavo meus pés, depois deixo a água correr pelo box para o deixar tão limpo quanto quando o encontrei. Seco meus pés no tapete perfeitamente branco e macio ali e quando sai Lavínia está segurando uma rasteirinha com algumas pedras pretas.

— Como não calçamos o mesmo número achei que o salto ficaria desconfortável. Pode ser um chinelo?

Assinto e pego a rasteirinha, é incrível que ela ache que esse sapato que provavelmente custou mais de cem reais é um chinelo. Me pergunto se ela não tem nenhuma havaianas ou Ipanema pela casa, pois sei que Dudu tem algumas.

Vamos juntas para a sala e ela continua andando para a cozinha, me sento do lado de Dudu e ele sorri para mim me encorajando.

A noite passa como um sonho, rapidamente e de forma suave. Consigo controlar meus nervos e ter conversas interessantes com os pais do Eduardo, contei a eles sobre minha família, meus empregos e faculdade, a mãe dele me disse que entende o que eu estou passando e que também trabalhava dois turnos enquanto fazia faculdade, todas as duas faculdades. E três pós-graduações. E um mestrado. Enquanto criava Dudu.

Conversamos sobre séries e filmes, eu não tenho muito tempo de acompanhar já que todas as minhas referências são antigas, mas eles conheceram todas. Eles têm uma tradição de família, que eu já sei bem sobre, de pelo menos um domingo do mês passar o dia inteiro maratonando um série ou saga de filmes.

Então é NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora