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— O que? — eu começo a ficar vermelha instantaneamente e agradeço por não transparecer muito isso.

— Minha mãe disse que você veio aqui ontem de noite pra sentar no seu namorado, ai se você fazer isso agora vai ter mais espaço.

— Entendi... — respiro fundo e fecho os olhos tentando fazer a situação desaparecer — Luiza, é que fica mais confortável assim mesmo, tá sobrando espaço, viu? — mostro pra ela um pequeno espaço no chão e ela dá de ombros.

— Tá.

— Com quem sua mãe estava falando isso? — eu vou matar minha irmã hoje.

— Com meu pai e a tia Jordana — ela volta sua atenção para o filme normalmente, como se nada tivesse acontecido, e eu olho para Eduardo que está com as bochechas infladas tentando não rir.

— Mas assim tá confortável, né? Tem bastante espaço — contínuo, com certeza muito mais nervosa com a situação do que as crianças na minha frente.

— É — ela dá de ombros e volta sua atenção para o filme novamente. Dudu continua tentando não rir e eu simplesmente enfio uma rabanada na boca para poupar os ouvidos das crianças de meus xingamentos.

Passamos provavelmente trinta minutos na sala sem nada de ruim acontecer, o que pode ter sido o recorde do Natal inteiro. Eu cantei as músicas junto com as crianças e nem me preocupei muito de Dudu me julgar por isso, até porque já estava pensando em pedir um aniversário temático da Moana para o ano que vem. Se ele não gosta de ser casado com uma criança de vinte anos, ele que lute.

Eduardo não pareceu se importar muito, não sabia as músicas para cantar junto, mas criou coreografias com os meninos e talvez tenha cochilado por alguns minutos encostado na parede. Eu queria ser uma pessoa mais romântica que encostaria nele e dormiria ali mesmo, feliz da vida. Mas está tão calor que tudo o que eu consigo pensar é que eu gostaria de sair daqui, nossas peles estão se encostando e eu estou ficando suada e isso não é nem de perto tão glamouroso quanto as fanfics me fizeram acreditar.

A sala não tem uma boa ventilação, então com esse tanto de gente cantando e dançando junto parece que estávamos assistindo filme em uma sauna fechada. Só falta a essência de eucalipto e alguma mulher desabafando sobre seu marido.

Tento me concentrar no filme, ou em meu cansaço, entretanto continuo com os pensamentos repetidos de como está calor, como eu estou derretendo. Quer dizer, eu consigo literalmente sentir os meus órgãos derretendo dentro do meu corpo. Eu nem tomei banho ainda desde ontem quando saí para a casa de Dudu, estou completamente maquiada, o que não deixa a situação mais agradável. Pisco algumas vezes para perceber os cílios postiços que ainda estão presos em meus olhos. Tudo que eu quero é um banho gelado, uma massagem, pedaços de pepino para colocar nos olhos e...

Talvez eu esteja sonhando alto demais.

Vamos focar apenas no banho gelado.

Tenho certeza que Eduardo não vai se sentir mal se eu pedir licença por alguns minutos para poder fazer isso, mas tenho medo do que o resto da minha família faria se eu o deixasse sozinho por mais que dois minutos. Já tive uma experiência não tão agradável com isso ontem, acho que não vou querer repetir.

Me pergunto como Laura e Ana estão se sentindo, sabendo que elas moram em países que normalmente não fazem quarenta graus.

E eu vou para esses países.

Bom, não para esses específicos, mas para outros. Talvez eu até veja neve. Neve na Torre Eiffel.

Desde criança eu sonho em visitar Paris, me pergunto se minhas tias irão querer passar por lá ou é algo muito batido para elas. Eu sonhava em viajar para lá com 15 anos, mas obviamente minha mãe não me permitiu. Comecei a estudar moda porque era apaixonada pela forma que as parisienses se vestiam. E é claro que eu sempre fui apaixonada por Bonequinha de Luxo. Ainda choro sempre que assisto.

Então é NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora