Capítulo 18

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~ Jhonny e Rey ~
              

Quando a banda começou a tocar a reprise de Dream On, mais ou menos, duas da manhã para mais, Jhonny e Rey já não eram os mesmos; eles beijavam um ao outro, em um profundo intuito, tão entretidos no calor e no curso que aquilo tomaria, que o som da banda, e o próprio show, pareciam ter se tornado uma simples trilha sonora da cena que eles viviam; de modo que, a música no plano de fundo, se tornava um detalhe, uma trilha sonora que competia com o silêncio da mente dos dois jovens.

A exaltação de todos para com a banda em sua despedida, gerou muitos sentimentos de gratidão, e essa situação toda fez com que o lugar se esvaziasse devagar naquele fim de show. Jhonny e Rey, que foram um dos primeiros a entrar, por ironia (essa, que já era esperada) foram os últimos a sair; e uma vez que colocaram os pés para fora e sentiram o ar frio e úmido que o tempo gerava, foi uma sensação completamente nova para os dois; embora tal sentimento, estivesse muito mais relacionado a evolução que havia ocorrido entre eles, bem mais do que a emoção do show.

O céu estava sombrio e a cidade entrava em um abismo escuro, tão silencioso, que Jhonny parava para ouvir a estranheza daquilo, sentindo o frio na pele, como se ele fizesse som à medida que tocava seu corpo. Rey percebeu que Jhonny esfregava as mãos sentindo um frio inesperado por ele mesmo, e sem pensar duas vezes, ela se aproximou ainda mais dele, pegando sua mão, e ao tocar a cabeça nos ombros do rapaz, eles começaram a caminhar ao lado do outro, perdidos nessa calma, e nessas novas sensações, todas tão cheias de surpresas, que as expressões diversas, eram belas de serem vistas.

O arranhar do vento que esvoaçando, deixava marcas pelo caminho, carregando alguns pedaços de ingressos partidos, e as vozes cada vez mais distantes, que comentavam o show; tudo isso parecia mais um cenário para aqueles dois; Jhonny observou novamente o céu, como tinha feito ao sair do show, e agora via que poucas estrelas brilhavam por de trás daquelas nuvens escuras, e que a lua parecia distante. Jhonny percebeu uma fumaça clara saindo dos bueiros, como se o frio estivesse criando neblina em volta, e ao ver o brilhar que riscava as poças de água, e a umidade sobre as calçadas, Jhonny pode perceber também, que nos jardins de algumas casas, o verde sobre as plantas era mais escuro.

- Está percebendo isso? – Estranhou Jhonny, uma vez que olhou para Rey, e ele viu que ela estava tão distraída quanto ele.

Tempos depois, Rey, que havia ouvido a pergunta, mas a tinha deixado passar, voltou a si dizendo:

- Eu... sim, eu percebi. As coisas parecem diferentes, parecem estranhamente mais coloridas. Não, espere... – Disse ela pensando – Não sei se estão mesmo mais coloridas, mas parece que as vejo com mais...

- Profundidade... – Continuou Jhonny.

Rey olhou para ele, um tanto confusa, e ele estava no mesmo barco; tão travado em suas conclusões quanto ela estava. Mas, na realidade, isso era mais uma curiosidade, em virtude da novidade, e não uma barreira.

- Deve ser, porque estamos juntos, Jhonny... – Disse Rey por fim, e ele concordou em silêncio.

Enquanto caminhavam pela noite, percorrendo aquelas ruas agora muito mais silenciosas do que antes (pois até as vozes sumiram a esse ponto) Jhonny e Rey se entre olharam, ainda fascinados, e Rey parecia observar de tempos em tempos a aliança em seu dedo, tinindo, um prata frio e reflexivo, no entanto, belo aos olhos dela, e significantes aos olhos de Jhonny.

- Você... – Disseram ambos, e então só Rey continuou – Você, quer voltar para casa? Dormir, não sei...

- Na verdade não, acho que mesmo que eu voltasse, eu não conseguiria.

E Se Pudéssemos Escolher a Felicidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora